26 novembro 2025

Presos no HC trazem à tona lembrança do resgate e morte de "Du Cara Gorda", líder do PCC no ano 2.000

Caso envolveu fuga armada do Hospital das Clínicas, morte de policial e cerco que durou 56 horas, com prisões e mortes.

POR RODRIGO VIUDES

26/11/2025

Registro de Wander Ferreira, o Du Cara Gorda ou General como era conhecido, morto em
Marília aos 33 anos em 2000 - Reprodução: Alexandre Lourenção/Jornal da Manhã
O atendimento aos presos feridos no ocorrido no fim da tarde desta terça-feira (25) na Penitenciária de Marília colocou o Hospital das Clínicas (HC) em máximo, com forte presença policial e suspensão da visita noturna.

A situação reabriu um trauma no histórico de atendimento a detentos pelo HC: o resgate armado de um dos fundadores do Primeiro Comando da Capital (PCC), que terminou em mortes e prisões entre outubro e novembro de 2000.

Os oito primeiros fundadores do PCC e ao lado os dois primeiros batizados na Facção - Imagem: Reprodução
Naquele ano, Wander Eduardo Ferreira, o Du Cara Gorda ou General, apontado como um dos oito fundadores do PCC, cumpria pena de 61 anos na Penitenciária de Marília por dois homicídios e diversos assaltos a bancos.
Penitenciária "José Luiz Mansur" de Marília, que tem capacidade para 622 detentos
mas que tem atualmente uma população carcerária de 1.076 custodiados
Em 30 de outubro de 2000, ele reclamou de fortes dores e foi levado ao HC — remoção que fazia parte de um plano de fuga previamente articulado. Horas depois da internação, um grupo com cerca de 10 homens, fortemente armados, com fuzis,  metralhadoras e escopetas, invadiram o hospital, renderam a escolta policial e resgataram Du Cara Gorda.

O bando fugiu em direção à região do Córrego do Pombo, na zona oeste da cidade. Uma viatura da Polícia Militar que fazia ronda notou um veículo com as características do utilizado pelo grupo e iniciou o acompanhamento.

Munições de armas de grosso calibre que seriam do PCC, segundo PM apresentou à época -
Imagem: Reprodução Alexandre Lourenção/Jornal da Manhã

Morte de policial e perseguição

Os criminosos se esconderam mais à frente, aguardaram a aproximação da viatura e surpreenderam os policiais com tiros. A viatura foi alvejada várias vezes. O cabo Waldir Antonio Marques foi baleado na cabeça e morreu no local, aos 37 anos. O outro policial sobreviveu e conseguiu pedir socorro.

A morte do militar mobilizou todo o efetivo da PM em Marília, com reforço de batalhões da região, numa operação que se estendeu por 56 horas. O grupo foi localizado e cercado por cerca de 100 policiais em uma área rural do município.

Penitenciária "José Luiz Mansur" de Marília, que tem capacidade para 622 detentos
mas que tem atualmente uma população carcerária de 1.076 custodiados
Du Cara Gorda foi atingido por sete disparos, resgatado com vida e levado novamente ao HC, onde teve a morte declarada às 6h de 2 de novembro de 2000. Ele tinha 33 anos. Outros cinco integrantes da quadrilha foram presos.

Além do líder do PCC, outros dois membros do bando foram mortos durante a perseguição: um nas proximidades de uma escola estadual, na Vila Coimbra, e outro na Vila dos Comerciários, ambas na zona oeste.

Cabo Waldir Antonio Marques foi sepultado com honras militares - Imagem:Reprodução Edio Junior/Jornal da Manhã

Rebeliões

Menos de três meses depois, em fevereiro de 2001, a Penitenciária de Marília seria uma das Unidades envolvidas na megarrebelião coordenada pelo PCC em todo o Estado. À época, pelo menos 40 integrantes da facção cumpriam pena no local.

Inaugurada em 29 de março de 1989, a Penitenciária José Luiz Mansur – em Marília – registra poucas rebeliões em sua história — entre elas a de 2001 e outra em julho de 1997, que durou 15 horas. Em 2017, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) descobriu e conteve um plano de motim.

A unidade tem capacidade para 622 presos, mas abrigava 1.076 detentos, segundo atualização da SAP na última terça-feira (25).

Alta Hospitalar

Nesta quarta-feira, a pasta explicou que dois presos receberam alta médica ainda durante a madrugada e retornaram à Penitenciária de Marília. "Outros cinco internos permanecem hospitalizados em instituições da cidade", afirmou. 

"Cinco policiais penais que atuaram no combate ao incêndio também foram encaminhados ao hospital para atendimento, mas já receberam alta".

Fonte: Marília Noticia 

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