SOMOS A POLÍCIA PENAL

Profissionais invisíveis que garantes a segurança da sociedade.

QUREMOS QUE NOSSOS DIREITOS SEJAM RESPEITADOS

Arriscamos nossas vidas para garantir a segurança de todos.

SOMOS GUERREIROS E INCANSÁVEIS

Lutamos pelos direitos de todos os servidores públicos.

ACREDITAMOS NUM PAIS MENOS DESIGUAL

Não compactuamos com os demsandos dos governos.

QUEREMOS QUE HAJA JUSTIÇA SOCIAL

Somente assim haverá segurança pública real.

31 julho 2025

Presídio que abriga Zambelli na Itália tem superlotação e um terço de estrangeiras

Cadeia em Roma é uma das maiores da Europa destinadas a mulheres, com 369 presas.

Michele Oliveira

30.jul.2025 às 22h00

Prisão "Nuovo Complesso" em Rebibbia, em Roma, e envolve a expansão do complexo por meio
da construção de um novo pavilhão de detenção com capacidade para 400 pessoas, localizado dentro do muro circundante.
Milão - Desde que foi presa, na terça (29), a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) está no Presídio Feminino Germana Stefanini, parte do complexo penitenciário conhecido como Rebibbia, nome do bairro que ocupa na área nordeste de Roma. É um dos três presídios exclusivos para mulheres da Itália e um dos maiores da Europa.

Segundo dados do Departamento de Administração Penitenciária, no fim de junho estavam detidas ali 369 mulheres, quase cem a mais que a capacidade total. A Itália enfrenta uma crise carcerária nos últimos anos, com a terceira pior taxa de superlotação da União Europeia.


Instalações do presídio feminino para onde Zambelli foi mandada instalados dentro do
Complexo Prisional de Rebibia, em Roma - Imagem: Associazione Antigone no YouTube
Construída nos anos 1950, foi administrada por freiras até 1979, quando passou a ser controlada por vigias penitenciárias. Possui duas grandes alas e outras quatro menores, com um total de 171 celas. Há espaços verdes, campos esportivos, teatro, academia, biblioteca e área para cultos religiosos.

Recebe detentas de segurança máxima e média e tem espaço para mães com filhos pequenos. Do total de presas, 30,8% são estrangeiras.

Chamada de Camerotti, a maior seção do presídio, que ocupa três andares, recebe detentas de segurança média, recém-chegadas e mulheres à espera de julgamento. Cada andar tem 12 celas com dois beliches e banheiro. As duchas são em espaço compartilhado, sendo um por andar.


Instalações do presídio feminino para onde Zambelli foi mandada instalados dentro do
Complexo Prisional de Rebibia, em Roma - Imagem: Associazione Antigone no YouTube

Segundo o advogado Alexandro Maria Tirelli, detentas que esperam a conclusão de um processo de extradição, como Zambelli, são destinadas a celas comuns, sem um setor específico para esses casos.

Na próxima sexta (1º), a deputada licenciada será interrogada pela Justiça italiana, que vai decidir pela continuidade dela na cadeia, pela prisão domiciliar ou se ela poderá esperar o processo em liberdade.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

29 julho 2025

Derrite é apresentado como candidato ao governo em evento do mercado

Guilherme Derrite é pré-candidato ao Senado, mas é cotado ao governo de SP caso Tarcísio de Freitas decida disputar a Presidência em 2026.

Valentina Moreira

29/07/2025

Secretário da Segurança Pública Gulherme Muraro Derrite é apresentado como possível
candidato ao governo de São Paulo em evento para empresários 
Em meio a especulações sobre uma possível desistência da candidatura ao Senado, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), foi apresentado como um possível candidato ao governo do estado de São Paulo durante um evento para empresários nesta terça-feira (29/7).

Derrite foi o único representante do governo paulista que compareceu ao Fórum São Paulo Global, que previa a participação de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e da secretária de Infraestrutura e Meio Ambiente, Natália Rezende.

Em seu discurso, o secretário destacou o que considera bandeiras políticas, como o projeto de lei de sua autoria que prevê o fim das saídas temporárias para presos em progressão de regimes, e exaltou sua gestão à frente da Segurança Pública de São Paulo.

Ao final, o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), Jerônimo Goergen, disse: “Nós vamos assessorar, se Deus quiser, o senador Derrite, o governador Derrite, seja o que for, mandando para ele sugestões”.

Secretário Guilherme Derrite é apresentado a empresários como  possível  candidato ao
 governo do estado de São Paulo nesta terça-feira 29/07/2025
O nome do secretário como candidato ao Palácio dos Bandeirantes surgiu depois que ganhou força a possibilidade de Tarcísio abrir mão da reeleição para concorrer à Presidência da República. Ideia que foi reforçada no evento dos empresários, com a sugestão para que o governador lidere as discussões com os Estados Unidos a respeito do tarifaço anunciado por Donald Trump.

Caso Tarcísio dispute a Presidência, também entram na briga para sucedê-lo no governo de São Paulo o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), o presidente da Assembleia Legislativa (Alesp), André do Prado (PL), o secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD), além do vice-governador, Felício Ramuth (PSD).

Ao Metrópoles, Guilherme Derrite disse que reforça sua pré-candidatura ao Senado nas eleições de 2026 com o objetivo de expandir a nível nacional as políticas de segurança bem-sucedidas em São Paulo. O atual secretário da Segurança Pública reitera que não pretende disputar o cargo de governador, conforme afirmou publicamente em declarações recentes.

Fonte: METRÓPOLES

PF investiga doadora de campanha de Tarcísio por suspeita de lavagem de dinheiro do PCC

Assessoria diz que governador teve mais de 600 doadores e nega vínculo com pecuarista que deu R$ 500 mil em 2022.

Bruno Ribeiro

29.jul.2025  

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante evento para marcar um ano da privatização da Sabesp - Pablo Jacob/Governo de SP
São Paulo - Uma das principais doadoras da campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) na eleição de 2022 é investigada pela Polícia Federal no Paraná sob suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital).

A pecuarista Maribel Schmittz Golin, 59, que doou R$ 500 mil para a campanha eleitoral do atual governador de São Paulo, é citada pela PF em ao menos quatro transferências financeiras com Willian Barile Agati, apontado como integrante da facção criminosa paulista —e um dos principais alvos da Operação Mafiusi, deflagrada em dezembro do ano passado.

Em nota, a assessoria de Tarcísio diz que ele teve mais de 600 doadores na eleição e que não tem vínculo com Maribel nem conhecimento de possíveis condutas sem relação com a campanha. O valor doado por ela foi o sexto maior dentre todos os financiadores do governador.

Maribel disse à Folha que sua assessoria se manifestaria sobre o caso, mas ninguém retornou. Em uma breve troca de mensagens por WhatsApp, ela negou qualquer ligação com os crimes apurados pela PF. "Não tenho nenhum tipo de envolvimento com isso", escreveu.

Tarcísio de Freitas participa da cerimônia de abertura das negociações na Bolsa de Nova York
(NYSE) no dia 31 de janeiro, junto com a cúpula da Sabesp, empresa estadual recém privatizada por Tarcísio - Imagem: NYSE no X
O controle financeiro da campanha de Tarcísio foi feito pelo cunhado dele, Maurício Pozzobon Martins. Pouco após tomar posse, o governador tentou empregá-lo no Palácio dos Bandeirantes, mas recuou depois de críticas sobre nepotismo. Atualmente, ele trabalha no gabinete do deputado estadual Danilo Campetti (Republicanos), bolsonarista aliado do chefe do Executivo estadual.

Maribel fez dois repasses à campanha de Tarcísio. O primeiro foi em 26 de agosto de 2022, de R$ 100 mil, por Pix. O segundo, em 6 de outubro, já no segundo turno, de R$ 400 mil, por transferência eletrônica, segundo dados declarados à Justiça Eleitoral. Ela não repassou dinheiro a mais nenhum outro candidato.

A apuração da PF que cita a pecuarista mirou o envio de cocaína do PCC pelo porto de Paranaguá (PR) para a Europa, em parceria da facção com a ’Ndrangheta, máfia italiana originária da Calábria. O relatório policial cita Maribel oficialmente na lista de "investigados".

Preso em janeiro em São Paulo, Barile foi denunciado à Justiça Federal paranaense em fevereiro deste ano, com outras 13 pessoas, sob acusação de tráfico de drogas, associação para o tráfico, obstrução à Justiça e organização criminosa.

Ele foi identificado a partir da apreensão de dois contêineres, em 2020, no porto paranaense, que levariam 554 kg de cocaína para o porto de Valência, na Espanha.

Reprodução de trecho de relatório da PF que traz informações gerais sobre Maribel Golin - Reprodução/Polícia Federal
Ao rastrear as informações do carregamento, a PF seguiu as transações financeiras da quadrilha, mapeando um amplo esquema de lavagem de dinheiro do PCC, cujo detalhamento foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A PF chegou à doadora da campanha de Tarcísio a partir desse rastreamento, verificando a origem e o destino do dinheiro que passou pelas contas de Barile.

Uma das transações suspeitas entre os dois foi a venda de um apartamento de R$ 3 milhões, em Santo André (SP), cujo valor venal era de R$ 881 mil. Em outra, também em Santo André, em 2021, um imóvel com valor venal de R$ 106 mil foi registrado como vendido por R$ 250 mil — mais do que o dobro.

A investigação rastreou ainda três transferências entre quatro empresas de Maribel e Barile, que somam R$ 3,5 milhões.

"Em conclusão, a fim de não se estender sobre as comunicações do RIF [Relatório de Inteligência Financeira], é crucial enfatizar que Maribel Schmittz Golin mantém uma relação próxima com Willian Barile Agati", diz o relatório da PF.

"As transações comunicadas no RIF sugerem fortemente a ocorrência de lavagem de dinheiro clássica, relacionada a imóveis. Por exemplo, as diferenças significativas entre os valores de avaliação fiscal e os valores declarados nas transações envolvendo esses indivíduos levantam suspeitas de atividades ilegais."

Diante da pista de que a pecuarista pudesse estar atuando para lavar dinheiro do tráfico de drogas, a PF ampliou o rastreamento das transações financeiras de Maribel.

Os policiais descobriram que ela possuía quatro empresas, todas sem nenhum funcionário registrado, mas que movimentaram mais de R$ 1,4 bilhão entre 2020 e 2022, chamando a atenção dos investigadores.

Nenhuma das duas doações à campanha eleitoral é mencionada na investigação, e não há nenhuma citação nem ao nome de Tarcísio nem à campanha dele no relatório policial.

As investigações continuam em andamento na PF do Paraná, em fase de inquérito. A Justiça analisa a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra Barile e outros envolvidos no tráfico de drogas e na lavagem de dinheiro.

Um dos integrantes da investigação, ouvido pela Folha, destacou que o montante bilionário movimentado pela pecuarista segue sob análise, mas que a PF, por questão de competência, buscou focar as movimentações que podem ter relação com o tráfico de drogas.

Há movimentações entre Maribel e o pastor Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, que também são suspeitas de ocultar crimes de lavagem de dinheiro.

Um colaborador da PF disse, em depoimento, que Barile atuava com Joselito Golin, marido de Maribel, e que ele "esquentava dinheiro dentro da igreja do pastor Valdemiro", segundo trecho do relatório policial.

Tarcísio gravou vídeo de apoio ao presidente recém empossado dos EuA, Donald Trump.
Na publicação, o governador usa um boné com o slogan de Trump, make américa great again
("faça a América grandiosa novamente") - Imagem: Tarcísio de Freitas no X
A reportagem procurou o pastor, por meio de sua igreja, para ouvi-lo sobre o caso. Um dos advogados da Mundial disse que, caso quisessem comentar, retornariam —o que não ocorreu até a publicação deste texto.

Joselito e Maribel fazem parte do Grupo Golin, conglomerado pecuarista presente nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. A organização ganhou destaque há duas décadas por ter adquirido as Fazendas Reunidas Boi Gordo pouco antes de a empresa falir, revelando um esquema de pirâmide financeira que lesou milhares de investidores. O caso teve repercussão porque a Boi Gordo fazia propaganda no intervalo da novela "Rei do Gado", da Globo.

A reportagem perguntou ao Palácio dos Bandeirantes se Tarcísio conhece ou já esteve com Maribel, se sabe da origem dos recursos destinados à campanha e se sabe por que ela trabalhou por sua eleição.

Como resposta, recebeu a seguinte nota: "a campanha de Tarcísio de Freitas contou com mais de 600 doadores e foi conduzida com total respeito às leis eleitorais. O governador não possui qualquer vínculo com a doadora citada, bem como conhecimento prévio sobre possíveis condutas que não dizem respeito à campanha. A prestação de contas foi analisada e aprovada pela Justiça Eleitoral sem nenhuma pendência neste sentido".

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

26 julho 2025

Juiz que dirigia bêbado, com mulher nua no colo e atropelou e matou ciclista em Araçatuba/SP; tem salário de R$130 mil

Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, de 61 anos, aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo, foi preso em flagrante por ‘lesão corporal culposa’ na quarta, 23; dados do Portal da Transparência da Corte indicam que ele recebeu subsídio acumulado de R$ 781 mil líquidos entre janeiro e junho; Estadão busca contato com defesa.

Nino Guimarães, Lucas Keske e Fausto Macedo

26/07/2025

Juiz aposentado foi levado para a Seccional de Araçatuba, onde teve a prisão
em flagrante convertida para a preventiva. Foto: Google Maps/Reprodução
O juiz aposentado Fernando Augusto Fontes Rodrigues Junior, de 61 anos, preso na manhã de quarta-feira, 23, após atropelar uma ciclista com uma mulher nua no colo, em Araçatuba, interior paulista, ganha em média salário de R$ 130 mil mensais, em valores líquidos, ou seja, com os descontos.

A reportagem do Estadão busca contato com a defesa. O espaço está aberto para Fernando Fontes.

Segundo dados do Tribunal de Justiça de São Paulo, disponíveis no Portal da Transparência da Corte, entre janeiro e junho, o magistrado teve rendimento bruto somado de R$ 917 mil. Com os descontos, seu contracheque líquido bateu em R$ 781 mil acumulados no período.

Em janeiro, seu holerite foi de R$ 133.271,89, em valores líquidos. Em fevereiro, R$ 119.707,71; março, R$ 129.707,71; abril, R$ 150.102,95; maio, R$ 139.323,96; e junho, R$ 109.323,96.

Em dezembro do ano passado, Fernando Fontes recebeu quantia bruta de R$ 246.389,38, ou R$ 184.204,11 com descontos de praxe.

Fernando Junior fez sua carreira como juiz da 1ª Vara Cível de Araçatuba, a 530 quilômetros da capital São Paulo, até se aposentar em 15 de agosto de 2019.

Fernando Augusto Fontes Rodrigues Junior teve ganho bruto de R$240 mil em dezembro
de 2024 Imagem: Reprodução via Portal da Transparência do TJSP

NO COLO

As informações da Polícia Civil indicam que o juiz estava alcoolizado quando atropelou a ciclista Thais Bonatti, de 30 anos. A vítima está hospitalizada em estado grave.

O acidente aconteceu na Avenida Waldemar Alves, no bairro Jardim Presidente, quando Fernando dirigia uma caminhonete Ford Ranger e parou o veículo próximo a um supermercado.

A Polícia aponta que uma mulher que acompanhava o magistrado tentou sentar em seu colo. Neste momento, Fernando acelerou o carro e acabou atingindo a ciclista.

O juiz foi preso em flagrante. Sua prisão foi convertida em preventiva - sem prazo para terminar.

Fernando foi indiciado por lesão corporal culposa e encaminhado a uma cela especial da Cadeia Pública de Penápolis, interior do Estado.

O juiz aposentado Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior foi preso após atropelar
uma ciclista em Araçatuba (SP). Foto: Divulgação / Disposti Advogados

Vítima morre

Internada desde que foi atropelada por um juiz aposentado na última quinta-feira (24), a ciclista Thais Bonatti, de 33 anos, morreu hoje na Santa Casa de Araçatuba, cidade a 530 quilômetros da capital paulista.

A ciclista morreu na madrugada de hoje. Ela não resistiu ao traumatismo craniano e sofreu uma parada cardiorespiratória, confirmou o hospital ao UOL. A mulher foi internada em estado grave também com um trauma na bacia.

No momento do acidente, o juiz estava bêbado acompanhado de uma mulher nua. Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, 61, parou sua caminhonete Ford Ranger perto de um ponto de descarga de um supermercado no bairro Jardim Presidente. Quando a mulher sentou em seu colo, diz o boletim de ocorrência, o juiz aposentado acelerou o veículo, atropelando a ciclista.

Thais Bonatti, 33, foi atropelada pela caminhonete conduzida por um juiz aposentado - Imagem: Reprodução/Redes Social
Auxiliar de cozinha, Thais estava a caminho do trabalho quando foi atingida. Ela já havia sido socorrida quando a Polícia Militar chegou ao local.

O juiz foi levado à Delegacia Seccional, onde passou por exame clínico de embriaguez. O médico legista atestou que o juiz estava "alcoolizado/embriagado". A polícia, então, deu voz de prisão ao magistrado e, na sequência, a sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva, sem prazo pré-definido.

Auxiliar de cozinha, Thais estava a caminho do trabalho quando foi atingida. Ela já havia sido socorrida quando a Polícia Militar chegou ao local.

O juiz foi levado à Delegacia Seccional, onde passou por exame clínico de embriaguez. O médico legista atestou que o juiz estava "alcoolizado/embriagado". A polícia, então, deu voz de prisão ao magistrado e, na sequência, a sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva, sem prazo pré-definido.

Thais Bonatti estava indo para o trabalho de bicicleta, quando foi atingida pelo carro na contramão Imagem: Reprodução

Responderá em liberdade

Depois de pagar R$ 40 mil de fiança, o juiz responderá ao crime em liberdade. Após a confirmação da morte, ele foi indiciado por homicídio culposo, sem intenção de matar. Se condenado à pena máxima, o juiz pode cumprir detenção de até três anos. A pena pode ser aumentada quando o crime é cometido na condução de veículo e há agravantes, como embriaguez.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa. À Rede Globo, a família informou que lamenta o ocorrido e está prestando auxíliando os familiares de Thais.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - Estadão

24 julho 2025

'Achei que fosse morrer na prisão', diz eletricista preso por engano no CDP de Pinheiros /SP

Confundido com um homônimo quase idêntico, um eletricista de 56 anos passou oito dias preso em um presídio de São Paulo após ser confundido com um suspeito de estupro.

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

24/07/2025

Jabson antes da prisão (esq.); e reencontrando a família ao ser libertado (dir.) -
Imagem: Reprodução/Redes Sociais/Arquivo Pessoal 
Durante esse período, ele conviveu com bandidos perigosos e sofreu maus-tratos. Apenas uma letra no primeiro nome o diferenciava do verdadeiro suspeito.

Jabson Andrade da Silva foi preso no dia 7 de julho, após ser confundido com um foragido por estupro de vulnerável na Bahia. Ele foi abordado por policiais civis na zona sul de São Paulo e levado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, onde permaneceu detido até que o erro fosse reconhecido pela Justiça.

O mandado de prisão que levou à prisão de Jabson foi expedido contra outro homem, de nome quase idêntico: Jabison Andrade da Silva, com "i". Réu por estupro de vulnerável, ele responde a um processo que tramita desde 2015 na Vara Criminal de Ubatã, na Bahia. O mandado constava no BNMP (Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões), mas sem dados suficientes para distinguir entre os dois nomes.

A família de Jabson reuniu provas de que ele não esteve na Bahia na data do crime. Morador do Grajaú, na zona sul de São Paulo, desde 1991, ele é casado, tem duas filhas, quatro netos e atua como eletricista informal após ter atuado como zelador entre 2008 e 2015. Segundo os familiares, ele já havia sido confundido com outra pessoa de nome igual — um homônimo — em um caso de falso testemunho registrado em Suzano.

O MP-BA (Ministério Público da Bahia) reconheceu o erro em 11 de julho, e a Justiça autorizou a revogação da prisão três dias depois. Jabson deixou o CDP de Pinheiros em 15 de julho, debilitado e emocionalmente abalado, segundo relato da família. Em casa, onde tenta se recuperar do trauma, ele relatou ao UOL como enfrentou os dias de medo e humilhação que viveu no cárcere.

Complexo Penitenciário de Pinheiros esta localizado na Marginal Pinheiros, às margens do
Rio Pinheiros e é composto por 04 Centros de Detenção Provisória - Imagem: Reprodução/Arquivo
Abordagem e prisão

Jabson foi preso enquanto varria a calçada de casa. Era uma segunda-feira, 7 de julho. Os policiais chegaram e perguntaram seu nome completo. Quando ele respondeu, disseram haver um mandado por estupro de vulnerável contra ele. "Minha mulher começou a tremer, passou mal. Me levaram algemado, sem explicar nada", comentou.

A esposa desabou ao presenciar a cena. "Ela ficou em pânico, me abraçou, gritava. Eu só dizia: 'Mas que estupro? Eu nunca fui na Bahia'. Ninguém respondeu", relembra.

Na delegacia, Jabson passou horas sem informações. Ele conta que chegou a implorar para ligar para a filha. "Eles diziam: 'Espera a audiência'. Quando deixaram, pedi para a Caterine descobrir o que estava acontecendo".

No CDP, ele foi colocado em uma cela superlotada e virou alvo de desconfiança. "Perguntaram se eu era o cara do estupro. Disse que não, mas ninguém acreditava. Um me empurrou. Falaram que, se fosse verdade, eu ia morrer ali. Achei que fosse morrer lá dentro", contou.

'Achei que ia morrer na prisão', diz eletricista preso por engano e acusado injustamente de estupro - Imagem: Reprodução

Noites de vigília

Jabson não dormia, ela passava as madrugadas em vigília, temendo ser atacado. "Dormi sentado, encostado na parede. Um preso me encarava. De madrugada, andava de um lado para o outro. Achei que iam me enforcar com um lençol".

O clima era de medo e ameaça constante. "Lá dentro, se fala, apanha. Se olha errado, apanha. Fiquei mudo. Um preso me deu um pedaço de pão, mas ninguém falava comigo. Era como se eu fosse culpado".

Jabson passou oito dias com a mesma roupa, sem conseguir se lavar. "Me mandaram para o chuveiro coletivo. Um agente batia na grade e mandava correr. Era água fria, um empurrando o outro. Não deu tempo nem de tirar a cueca".

Sem conseguir engolir a comida servida, ele parou de comer. "No primeiro dia me deram arroz com feijão estragado. Depois só pão duro e água da torneira", disse.

Um dia, já debilitado, desmaiou na cela e foi ignorado pelos agentes. "Comecei a vomitar, tremia muito, fiquei fraco. Apaguei no chão. Quando acordei, estava sujo, deitado no cimento. O carcereiro só falou: 'vai morrer aí mesmo?'"

Provando inocência

Enquanto Jabson sofria na cadeia, a defesa provava que ele nunca pisou na Bahia. Os advogados Alberto Carvalho Silva e Rubens Gonçalves Santos Castro, contratados pela família, reuniram documentos, apresentaram certidões e recorreram à Defensoria Pública para demonstrar que se tratava de um erro.

A Justiça da Bahia reconheceu que a prisão foi baseada em reconhecimento fotográfico falho e determinou sua soltura. Segundo o juiz Carlos Eduardo da Silva Camillo, o procedimento "afronta diretamente" a lei, pois não trouxe garantias mínimas de que a vítima reconheceu a pessoa certa. Os indícios foram classificados como "notoriamente frágeis", e manter Jabson preso seria "inversão da lógica processual penal".

O juiz criticou a investigação por falhas básicas e mandou identificar corretamente o verdadeiro suspeito. A Polícia Civil da Bahia foi intimada a regularizar o termo de reconhecimento e fornecer dados completos, como nome da mãe, RG, CPF, naturalidade e data de nascimento —  justamente para evitar confusões como essa. A investigação foi criticada por não adotar "diligências mínimas".

A Polícia Civil de São Paulo informou que a prisão foi feita com base em mandado expedido pelo TJ da Bahia e registrado no BNMP. "Após a detenção, o mesmo permaneceu à disposição da Justiça", afirmou em nota.

O UOL procurou a Polícia Civil da Bahia, mas não houve resposta até a publicação. A reportagem perguntou se o verdadeiro Jabison, com "i", foi localizado ou preso.

Video da soltura de Jabson

Espera pela liberdade

Mesmo com a decisão de soltura, Jabson ficou mais dois dias esperando. "Falaram que eu ia sair, mas não diziam quando. Achei que iam me mandar para outro lugar pior. Quando disseram 'pode ir embora', fiquei parado na porta. Achei que iam atirar em mim pelas costas".

Ao sair, o eletricista reencontrou a filha e a esposa. "Minha filha olhou para mim e disse: 'Pai, você está acabado, com o olho fundo'. Ela chorava. Eu me senti um lixo".

Em casa, descobriu ter perdido datas de exames médicos e serviços que estavam agendados. "Tinha consulta marcada. Serviço para fazer. Perdi tudo. Os clientes contrataram outro".

Mesmo em liberdade, Jabson diz que continua sendo punido fora da prisão. "Tem vizinho que ainda me olha torto. Gente que se afastou. Tenho netos. Sou trabalhador. Nunca fui na Bahia. Mas agora, mesmo solto, parece que ainda estou preso", desabafou.

Jabson quer justiça e promete processar o Estado pela prisão injusta. A defesa informou que pretende acionar o poder público, incluindo pedido de indenização por danos morais, constrangimentos e prejuízos profissionais. "Minha filha falou que vai correr atrás disso. A advogada também falou que vamos processar. Eu quero justiça. Não quero que ninguém passe por isso"

Fonte: UOL

23 julho 2025

'Doutor' do PCC, condenado duas vezes, teve dois pedidos de prisão negados pela Justiça

Advogado Anderson dos Santos Domingues já recebeu sentenças que o vincularam à facção paulista; OUTRO LADO: procurado, ele não quis se manifestar.

Tulio Kruse

23.jul.2025 

O advogado Anderson dos Santos Domingues, 44, foi alvo de dois pedidos de prisão no último ano e meio -Arte/Metrópoles
São Paulo - O advogado Anderson dos Santos Domingues, 44, foi alvo de dois pedidos de prisão no último ano e meio. No primeiro, sob a acusação de repassar ordens do traficante internacional Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, a companheiros do PCC (Primeiro Comando da Capital). No segundo pedido, feito há cerca de um mês, sob a acusação de integrar um esquema de corrupção de policiais civis em São Paulo.

Ele já foi condenado duas vezes e cumpriu pena por suas conexões com a facção criminosa paulista. Nos casos mais recentes, escapou da medida cautelar mais grave: os dois últimos pedidos de prisão preventiva contra ele foram recusados pela Justiça.

Domingues, vulgo Doutor, chegou a ficar preso cerca de um ano em regime fechado. Saiu da cadeia sem passar pelo semiaberto —quando o preso pode sair durante o dia e dorme numa unidade penitenciária— pois havia cumprido mais de um terço da pena e apresentava bom comportamento. Em 2017, foi beneficiado por um indulto natalino assinado pelo então presidente Michel Temer (MDB) que anulou parte da pena de sua primeira condenação.

Seis anos depois teve aprovada uma reabilitação criminal, recurso que garante o sigilo da sentença e a suspensão de alguns efeitos da condenação, como a perda de cargo ou função. Nessa época, já havia sido condenado novamente em primeira instância pelo crime de organização criminosa.

O advogado Anderson dos Santos Domingues, condenado por organização criminosa e
alvo de operações por envolvimento com o PCC - Anderson Domingues no Instagram
A Folha conversou por telefone com Domingues. Ele afirmou que não deseja se manifestar sobre as acusações.

Domingues tornou-se alvo da Polícia Federal pela primeira vez em 2014, numa operação que investigou o tráfico de drogas na região de Bauru, no interior paulista. Chegou a ficar preso preventivamente na penitenciária de Tremembé naquele ano, mas logo passou para a prisão domiciliar.

O inquérito teve início em setembro do ano anterior, quando um agente da PF foi morto durante uma operação para interceptar um carregamento de drogas no município de Bocaina, a 70 km de Bauru.

Matéria jornalística da época

Equipes policiais aguardavam escondidas pelo pouso de um pequeno avião com drogas numa pista na área rural, normalmente usada por aeronaves agrícolas. Criminosos que estavam em um carro na pista, para receber o carregamento, fugiram quando ouviram as sirenes e atiraram contra uma viatura. O agente Fábio Ricardo Paiva Luciano morreu após ser atingido no tórax por um tiro de fuzil.

Cinco pessoas acabaram presas na noite da operação, entre elas o piloto da aeronave —que chegou a levantar voo novamente, mas caiu num canavial próximo à pista de pouso e pegou fogo. Outros suspeitos foram detidos num carro interceptado pela polícia.

O agente da Polícia FederalFábio Ricardo Paiva Luciano morreu após ser atingido no tórax
por um tiro de fuzil - Imagem: 
Monize Poiani/TV TEM/Arquivo e Arquivo pessoal
Da apreensão dos celulares naquela noite e da quebra de sigilo telemático, veio a conexão do caso com o advogado. Surgiram mensagens em que ele pedia dinheiro e recebia informações sobre carregamentos de drogas que viriam do Paraguai, segundo a investigação.

"Observou-se durante as investigações que [o advogado] também tinha sua partilha nas remessas de drogas que vinham do Paraguai. Ele, inclusive, teve diálogos interceptados em que tratavam dessas negociações", diz um trecho do inquérito, transcrito na sentença que o condenou.

Em juízo, Domingues afirmou que emprestava seu celular a clientes e que não sabia que as mensagens tratavam de tráfico de drogas, pois elas eram apagadas em seguida. A Justiça considerou que havia prova de sua participação na maioria dos diálogos. Ele foi condenado a sete anos e quatro meses de prisão.

Organograma do PCC - Arte/ Metrópoles
Na mesma época, o advogado também era monitorado por interceptações telefônicas na Operação Gaiola, da PF em Limeira (SP). Elas mostraram principalmente mensagens que Domingues trocava com Rodrigo Felício, o Tiquinho, responsável pelo tráfico de drogas do PCC no interior de São Paulo.

A denúncia do Ministério Público Federal, à época, o acusou de ser "integrante da ‘Sintonia dos Gravatas’", setor do PCC que, além de defender integrantes da facção, envolvia-se "diretamente nas negociações de compra e venda de drogas da facção, tendo ainda destaque na intermediação de conflitos internos do grupo". Em 2019, foi condenado a cinco anos e três meses de prisão.

Depois, o advogado tornou-se alvo da Operação Mafiusi, que desmontou um esquema de tráfico de drogas entre a América do Sul e a Europa.

Relatório da PF mostra troca de mensagens entre o advogado Anderson Domingues (vulgo "DR")
no aplicativo SkyECC que tratam do contato com o traficante Fuminho enquanto ele estava
detido em Moçambique, na África - Reprodução
"Concomitantemente ao esquema de tráfico internacional que esse grupo estava operando no porto de Paranaguá [PR], através dessas remessas de cocaína, com conexões na Espanha, eles também começaram a se articular para tentar o resgate de um traficante preso em Moçambique", diz o delegado Eduardo Verza, da PF do Paraná, responsável pela investigação da Mafiusi. "Isso seria feito através de corrupção de agentes públicos, para impedir que ele fosse extraditado ao Brasil."

Domingues foi incluído num grupo de mensagens do aplicativo SkyECC logo após a prisão de Fuminho em Moçambique, na costa oriental da África, em 2020. O fato de já ter sido advogado de pessoas conhecidas do grupo —o chefe do PCC André de Oliveira Macedo, o André do Rap, e dos italianos Patrick e Nicola Assisi, da máfia 'Ndranghetta— teria servido como credencial de confiabilidade.

Segundo a investigação, com a intermediação do advogado e a ajuda de um cônsul honorário de Moçambique no Brasil, o grupo conseguiu que um celular fosse levado para a cela ao lado de onde estava preso Fuminho. Ele teria ditado as ordens que foram repassadas com o aparelho.

As mensagens de Fuminho chegaram aos integrantes do grupo por meio de Domingues, com cinco capturas de tela. Após enviá-las, também de acordo com a apuração, o advogado pediu aos comparsas que não ficasse desamparado caso se tornasse alvo de alguma investigação. Relatou que estava preocupado pois o cônsul moçambicano que havia ajudado no contato com Fuminho seria descuidado ao falar ao telefone.

Investigador Marcelo Marques de Souza, o Bombom, que era ligado a Gritzbach, e elo entre bandidos
e “banda podre” da polícia, é investigado também em ligação com o advogado - Imagem: Reprodução
"Não confio em inviolabilidade", ele disse, após um dos integrantes ponderar que linhas telefônicas consulares não poderiam ser monitoradas. Pouco depois, informou aos colegas que o cônsul estava cobrando pagamento pela ajuda. A denúncia contra ele na Justiça Federal do Paraná ainda não foi julgada.

Na última sexta-feira (18), Domingues tornou-se alvo de uma denúncia criminal pela quarta vez. Promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo afirmam que ele intermediou um pagamento de propina a policiais civis para que o helicóptero de um cliente seu fosse liberado. A aeronave havia sido apreendida numa operação de combate ao tráfico de drogas.

Esse último inquérito, que resultou na Operação Agusta, teve início após a apreensão do celular do policial Marcelo Marques de Souza, o Bombom, preso em fevereiro sob acusação de integrar o grupo de policiais civis que extorquia dinheiro do empresário e delator Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto no aeroporto de Guarulhos.

Relatório da PF mostra mensagens trocadas entre o policial Marcelo Bombom e
o advogado Anderson Domingues sobre pagamentos - Reprodução
A análise do celular de Bombom mostrou que ele e o advogado eram próximos e se comunicavam com frequência. O filho do policial trabalhava no escritório do advogado. Há ao menos uma troca de mensagens em que Bombom fala em um pagamento que é devido ao advogado.

É após ser acionado pelo advogado que Bombom, segundo a investigação, toma a iniciativa de procurar outro policial civil que estava responsável pelo caso em que o helicóptero havia sido apreendido. A aeronave, um modelo Agusta AW109 avaliado em R$ 10 milhões, acabou liberado após as tratativas.

Segundo a acusação, Domingues teria recebido parte do dinheiro pago para obter a liberação do helicóptero. Procurada, a defesa do policial afirmou que vai comprovar sua inocência e se manifestará nos autos do processo.

Policiais são presos por liberar helicóptero ligado ao PCC após pagamento de propina - Imagem: Divulgação – Polícia Federal
No caso da Mafiusi, a Justiça Federal considerou que não havia indícios da participação do advogado no esquema de tráfico internacional de drogas, que era o objeto da investigação, e por isso negou medidas contra ele. Na operação Agusta, a Justiça estadual considerou que as mensagens apontavam uma participação apenas indireta na intermediação de propina.

Questionada, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) informou que Domingues responde a um processo no Tribunal de Ética e Disciplina da instituição. Todos os processos desse tipo são sigilosos. "O Órgão apura toda e qualquer infração que chegue a seu conhecimento por intermédio de representação ou diante de fato divulgado em canais de comunicação", informou a seção paulista da Ordem, em nota.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

Reforma administrativa terá bônus de resultado para servidor, ministro e juiz, com até 15º salário

Grupo de trabalho da Câmara apresentará texto em agosto para estimular produtividade.

Raphael Di Cunto

23.jul.2025 

Mais uma Reforma Administrativa, e como sempre todos àqueles que ralam de verdade na ponta
 da linha, e que fazem a "Maquina Pública" de fato girar serão lesados de uma forma ou outra
Brasília - A reforma administrativa que será proposta pela Câmara dos Deputados criará um bônus por resultado para os servidores da União, estados e municípios dos três Poderes, afirma o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), coordenador do grupo de trabalho sobre o tema. O funcionário público que atingir as metas poderá ganhar um 14º e até 15º salários, a depender do desempenho.

Esse bônus financeiro será calculado com base em metas institucionais e individuais, segundo o parlamentar. O projeto estimulará, por exemplo, que cada área de uma secretaria de saúde tenha objetivos próprios a serem batidos, como reduzir a fila de espera para consultas. Mas também metas individuais para cada servidor, como o número de atendimentos feitos.

"A meta individual será uma pequena parte do bônus, 20% ou 30%, porque se refere mais a uma tarefa. O que melhora o serviço para a população é a meta institucional ser batida", diz.

A ideia, afirma o parlamentar, é evitar o que ocorre hoje em dia com o bônus de eficiência dos auditores e analistas da Receita Federal, que está desvinculado de resultados individuais e é pago até para os aposentados.

"Será completamente diferente desse modelo em que todo mundo recebe, sem avaliação individual, tudo incorporado ao vencimento e com paridade com os aposentados", diz o deputado.

O bônus proposto na reforma administrativa poderá alcançar até dois salários por ano, mas, para isso, outras áreas ficarão sem receber. "O gestor poderá disponibilizar uma folha de salário a mais para esse 'prêmio' e a distribuição não poderá ser igualitária", afirma. Os objetivos constarão de um plano feito a cada quatro anos, com metas anuais e um contrato de gestão assinado com cada órgão.

Apresentação do relatório da reforma administrativa para o presidente da Câmara, Hugo Motta,
e líderes dos partidos. - Marina Ramos - 15.jul.2025/Câmara dos Deputados
A proposta é que o pagamento possa superar o teto salarial do funcionalismo público e substitua parte das verbas indenizatórias que compõem os supersalários de juízes, promotores e outras carreiras —que, com penduricalhos, ganham mais do que esse limite, equivalente aos rendimentos dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), de R$ 46.366,19 mensais.

A reforma pode conter modificações nessas verbas, mas o coordenador diz que ainda precisará se reunir com as bancadas partidárias para verificar se há apoio suficiente para que constem do parecer final.

O texto legislativo só será apresentado em agosto, após consultas aos partidos políticos, mas o arcabouço legal do bônus constará em uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), que autorizará a sua criação, e em um projeto de lei complementar, que regulamentará o funcionamento.

Após isso, cada estado e município ainda precisará estabelecer uma regulação própria. O grupo da Câmara também vai propor um projeto de lei ordinária com outros temas da reforma.

De acordo com Pedro Paulo, o bônus fará parte do que ele batizou de Lei de Responsabilidade de Resultados e poderá ser recebido por ministros de Estado, secretários estaduais e municipais, juízes e promotores. Mas não será autorizado o pagamento para agentes políticos, como deputados, senadores, governadores e o presidente da República.

O professor Humberto Falcão, da Fundação Dom Cabral, diz que a ideia do bônus "é ótima, semelhante às melhores práticas das democracias avançadas", mas é preciso que o valor financeiro seja módico.

O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) coordena o grupo de trabalho da reforma administrativa na Câmara - Pedro Ladeira - 17.jun.2025/Folhapress
"Não deve superar 15%, 20% da remuneração. Em alguns países ela não chega a 10%. Se for um valor alto, pode gerar dependência e frustração. O agente público começa a querer sempre mais, fica com ressentimento e o efeito de melhoria no trabalho vai embora", alerta.

Falcão defende que a avaliação de desempenho seja por equipe, mas com metas robustas. "No passado, houve a edição de um decreto que permitia um bônus de desempenho, e vários órgãos e entidades fizeram simulacros de planejamento estratégico para justificarem o pagamento. Não pode ser assim", critica.

A Prefeitura de Santos (SP) foi pioneira e há dez anos estabeleceu um modelo em que todos os funcionários da secretaria são bonificados de acordo com o percentual de objetivos cumpridos pela equipe. O projeto-piloto começou com três áreas e hoje engloba todos os servidores.

"O trabalho conjunto acaba sendo natural dentro do processo. Há uma cobrança saudável para que cada servidor cumpra sua meta, para que todos possam receber a bonificação", diz o ex-prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), atualmente deputado federal.

O pagamento de diferenciais por produtividade é importante para estimular o serviço público, afirma o professor Gustavo Fernandes, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), mas o bônus atrelado ao desempenho individual traz risco de hierarquizar a estrutura, sem necessariamente aumentar a eficiência do serviço.

"Quais são os efeitos colaterais que a gente tem? Desenvolver uma cultura em que o chefe passa a ser cultuado. Aniversário do chefe, todo mundo compra um presente bem legal para ele, porque no final das contas ele vai dar umas notas legais e nos avaliar positivamente", diz. "Precisa de um sistema moderno, que avalie o esforço e o resultado", argumenta.

Outro desafio para a criação do bônus é a falta de espaço orçamentário para novas despesas. Embora seja uma espécie de prêmio, o mecanismo terá que se enquadrar nos limites máximos de gasto com pessoal por estados e municípios. E, no caso da União, ser acomodado no já apertado orçamento.

Ex-secretária de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Renata Vilhena conta que a experiência no estado "deu muito certo", mas que a crise fiscal levou à suspensão dessa política. "Isso gerou uma frustração muito grande nas equipes, eu diria que quase uma revolta", afirma.

Atualmente na presidência do Conselho da República.org, ela destaca que o bônus acelerou a entrega de políticas públicas e diminuiu significativamente o número de licenças médicas e o absenteísmo dos servidores porque o pagamento era proporcional ao número de dias efetivamente trabalhados.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

Contraponto: 

Como sempre ocorre, duvido muito que estas benesses venha a atingir o servidor da ponta da linha, aquele que realmente faz girar as engrenagens da "Máquina Pública", mesmo porque sempre alegam que tais atos irão ocasionar trabalho excessivo para beneficiar os trabalhadores que são milhares e milhares.

Ou seja, iremos novamente ver apenas os servidores dos primeiros escalões do executivo, do judiciário e do legislativo, sendo beneficados, e são justamente os já beneficiados com altos salários, jetons, cargos em comissões de empresas estatais, com pró labore por presença unica e mensal, auxilios de todas as nomenclaturas possíveis, também denominados penduricalhos, já para os que trabalham de verdade e ralam para que tudo de certo, apenas mais migalhas, migalhas e mais migalhas!