29 julho 2017

AUTÔNOMA LUCRA ATÉ R$ 1,2 MIL POR MÊS COM ALUGUEL DE ROUPAS PARA MULHERES BARRADAS EM PRESÍDIO NO ACRE

Peças são alugadas por R$ 3. Deuza Cândido também guarda volumes e vende camisinhas para visitantes do presídio Francisco d'Oliveira Conde, em Rio Branco.


Por Aline Nascimento, G1 AC, Rio Branco
28/07/2017



Deuza montou um pequeno comércio em frente de um presídio de Rio Branco (Foto: Aline Nascimento/G1)









Quem passa em frente ao complexo prisional Francisco d’Oliveira Conde (FOC), em Rio Branco, quase não consegue enxergar a autônoma Deuzina Cândido, de 59 anos, que fica sentada em uma cadeira dentro do pequeno comércio montado na frente do presídio.

 Deuza, como é conhecida, aluga roupas há 19 anos para mulheres que são barradas na unidade, por se vestirem de modo 'inapropriado', no dia da visita íntima. Para ajudar a clientela, Deuza improvisou até um provador com um lençol.

“Não pode entrar com roupa preta, curta ou que tenha algum metal. Tem uns plantões que não deixam entrar de camiseta, outros já deixam. Jeans também não entra, tem que ser de legging. Alugo sandálias, bermudas, vestidos, saias, blusas. Qualquer peça sai por R$ 3”, explica Deuza.

Mas nem só do aluguel das roupas vive Deusa. No espaço, ela também guarda volumes, vende camisinhas, bebidas e alimentos para as visitantes. A comerciante conta que guarda bolsas por R$ 2 e quando tem capacete o valor sobe para R$ 3. Ela diz faturar R$ 300 por semana nos três dias que vai para o comércio.

Lençol é utilizado como provador para mulheres trocarem de roupa (Foto: Aline Nascimento/G1)













"No começo entravam de roupa de banho, aqueles tops. Mas, quando começou a tirar a carteira [de visitação] não podia mais entrar com o shortinho curto aparecendo a polpa da bunda. Como eu moro aqui perto, mandava meu menino ir em casa de bicicleta trazer roupas", comenta.

Por mês, Deuza diz ganhar até R$ 1,2 mil com a atividade. Ela conta que conseguiu pagar o terreno e iniciar construção a casa, que fica perto do presídio. "Consegui pagar a terra que moro hoje, estamos fazendo uma casinha, mas está melhor que antes. As roupas são minhas, lavo toda semana e trago em uma sacola fechada para não pegar poeira", diz.

Procurado pela reportagem, o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) informou que não existe uma norma que proíba a entrada de visitantes com roupas curtas. Mas, ressaltou que é recomendável que as mulheres evitem visitar os companheiros com roupas pretas, curtas e jeans.


Fonte: G1-Acre


Contraponto: Estes são tipos de cenas muito corriqueiras na frente das Unidades Prisionais aqui de São Paulo, e imagino na verdade, em todo o país também, mas jamais imaginei que fossem fazer uma reportagem com uma personagem autônoma que vive deste comércio, achei interessante, por este motivo repliquei a matéria.

 Até a alguns dias atrás trabalhava em uma Subportaria, e sei o sofrimento destas pessoas, tanto de quem vive do comércio, quanto os dos visitantes, que paralelamente aos presos, sofrem junto com eles. Lamentável.
.

0 comentários:

Postar um comentário

Deixe seu comentário e obrigado pela sua colaboração.