O governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) assumiu de vez o traje de pré-candidato à Presidência.
Por Jovem Pan 29/09/2017 17h00
Em entrevista especial ao programa de aniversário do 3 em 1, Alckmin falou sobre a disputa interna no PSDB com seu afilhado político João Doria, prefeito da capital paulista, a postura da sigla em relação a Michel Temer além de antecipar diversas propostas de sua pré-campanha: economia de mercado, privatizações, segurança pública, reformas econômicas e política.
Confira os principais temas abordados:
Crise política
Alckmin afirmou que os partidos políticos no Brasil estão em “frangalhos”, inclusive o seu. Questionado por que o brasileiro votaria no PSDB em 2018, o governador disse: “Ninguém vai votar no PSDB, vai votar no Geraldo Alckmin”. “Você acha que alguém vota em partido no Brasil? Os partidos estão em frangalhos. Não tem um partido que não esteja em frangalhos. Quando você tem 35 partidos, está tudo aniquilado. Não tem nenhum que esteja de pé. Cheio de contradivisões”, disse o governador.
No final da entrevista, questionado sobre a fala, Alckmin reiterou, citando o também pré-candidato deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). “Os partidos estão enfraquecidos e vai preponderar as pessoas também. Qual é o partido do Bolsonaro? Eu nem sei qual é”.
Briga no PSDB por 2018
Alckmin segue defendendo as prévias “com muito entusiasmo” para definir um candidato tucano na corrida pelo Palácio do Planalto. Ele pede: “nós temos que começar o ano da eleição com candidatura definida”.
“Aquele que for escolhido precisa percorrer o Brasil. Não é fazendo discurso, é ouvindo a população, vendo os problemas, ouvindo as várias realidades, preparar projeto”, discursou Alckmin. “Acho que até dezembro teremos um candidato só. Mas caso tenhamos mais de um, o que deve fazer um partido? Ampliar a ausculta. Ao invés de decidir numa convenção, ele deve ouvir o partido”, disse.
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Colocando-se como um dos fundadores do partido e sem citar o nome de seu pupilo João Doria (algo que evitou fazer durante toda a entrevista de uma hora), Alckmin cogitou a possibilidade de o prefeito buscar outra sigla para concorrer em 2018.
“Hoje você tem 35 partidos. Então se alguém não consegue legenda, não é o meu caso, eu sou fundador do PSDB, sou a sétima assinatura… mas se alguém não consegue legenda ele pula para outro partido. Qual partido não quer ter alguém que seja candidato a presidente? No mínimo elege deputado, ajuda em voto de legenda”, projetou.
Doria é sondado por outros partidos como o DEM, aliado histórico do PSDB.
Ao final da entrevista, Alckmin colocou também a possibilidade de perder a prévia no PSDB e disse que o derrotado terá a “obrigação moral” de ajudar quem venceu. “Eu vou trabalhar para eu ser candidato. Se não for, não tem problema, eu vou ajudar quem for candidato”, disse. “Quem ganhar está legitimado para ser o candidato. Quem perder tem o dever moral de apoiar quem ganhou”, cobrou.
“Novo”
Alckmin voltou a rebater o discurso de que a população quer novidade na política e questionou:
“O que é o novo? O novo é idade? É nunca ter disputado uma eleição? Não. O novo é defender o interesse coletivo. O problema do Brasil é que ele foi dominado pelas corporações”, disse.
“O sujeito pode ser jovem e ter ideias muito atrasadas, ou nunca ter disputado eleição e ser muito mal intencionado. Vai ser a eleição da experiência. Experiência do povo brasileiro”, afirmou.
“PSDB não é governo (Temer)”
Alckmin disse que o PSDB entrou em uma “sinuca de bico” com o impeachment de Dilma Rousseff, apoiado pela sigla.
O governador disse que a sigla “não é governo”, apesar de ter quatro ministérios com o presidente Michel Temer e apoiar as reformas propostas pelo peemedebista. Alckmin lembou apenas de uma das pastas.
“Governo (o PSDB) não é. Temos só o acessório. Temos o Aloysio (Nunes), que é um bom quadro no Itamaraty, onde estava o (José) Serra isolado. Não tem mais nada”, disse. Questionado sobre Antonio Imbassahy, ministro da Secretaria de Governo, Alckmin criticou. “Temos o Imbassahy, que está onde não deveria estar porque está no núcleo político”.
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O governador ignorou os tucanos Bruno Araújo, ministro das Cidades, e Luislinda Valois, ministra dos Direitos Humanos.
“O PSDB não é governo porque não apita na área econômica, não apita na área social, e também não é oposição, porque tem responsabilidade com o impeachment”, disse. “Temos que fazer a transição. A solução vai vir com a eleição. A eleição é que vai trazer legitimidade”.
O governador voltou a defender o parlamentarismo: “O presidencialismo é um sistema complicado, porque é ditadura de mandato. Não tem substituição por quebra de confiança. No parlamentarismo é natural. Você dá estabilidade ao chefe do Estado e instabilidade para o chefe de governo”.
“É claro que o impeachment tem trauma”, assumiu Alckmin.
Reforma da Previdência
Alckmin disse que vai ajudar “no que puder” em 2018 a favor das mudanças na aposentadoria propostas por Temer, mas defende um “regime geral”.
O governador disse que, se fosse ele, “unificaria tudo” e proporia um regime previdenciário único para todos os servidores. Para Alckmin, ao abrir mão das novas regras para militares, PMs, policiais civis, agentes penitenciários, etc, o governo Temer “perdeu a narrativa”.
“A narrativa tem que ser contra o privilégio”, disse. “Não pode ser um Robin Hood às avessas, onde o trabalhador de baixa renda, de um salário, está pagando os altos salários do setor público”. O tucano diz que, se candidato, vai defender o regime único nas eleições e já o faz como governador paulista. “(Em São Paulo), todo mundo que entrou no serviço público vai aposentar pelo teto do INSS”, diz.
Austeridade e privatizações
Alckmin disse que sua prioridade de futura campanha será “emprego e renda”. Para que isso aconteça, entende o governador, é necessário ter uma “política fiscal duríssima” e estimular o crescimento do País por meio de concessões “bem reguladas”.
“O Brasil ficou caro, perdeu competitividade”, disse, culpando a “política fiscal frouxa”. “O governo gasta além do que arrecada 159 bilhões, não paga um centavo da dívida”, criticou, citando números do governo Temer.
“O Estado hoje não é para servir a população que mais necessita. É para se servir”, criticou também Alckmin, citando aumentos consecutivos e antecipados de mais de 10% nos salários de servidores do Tribunal de Contas da União (TCU).
“A reforma do Estado que eu defendo é para valer. Se conservadorismo é manter as coisas como estão, eu sou reacionário…sou revolucionário, revolucionário”, confundiu-se Alckmin e logo corrigiu. “A reforma do Estado tem que ser muito mais profunda do que se imagina. E não é fácil porque as corporações são muito fortes”, ponderou.
“Defendo política fiscal dura, política monetária com juro baixíssimo, como tem o mundo, e política cambial de não deixar a moeda apreciar”, propôs o pré-candidato. “Tem que ter cuidado para a moeda não apreciar demais, porque você perde o mercado externo. Quem cresce tem comércio exterior. O Brasil perdeu competitividade e só vende para o mercado interno”, disse.
Alckmin tergiversou sobre propostas de privatização da Petrobras, disse que sabe que “tem estudos sobre isso” e que “você precisa estudar quais são os prós e contras”. O governador comparou a estatal petroleira com a empresa de saneamento de São Paulo, a Sabesp, para a qual Alckmin criou uma holding.
“Defendo regulações bem feitas nas concessões”, disse Alckmin em outro momento da entrevista. “Concessão de 30 anos malfeita é pior que ser estatal”, disse, citando o porto de Santos. “O governo não deve provedor de tudo porque ele não tem dinheiro e o governo não deve ser executor de tudo porque ele é muito grande”.
Fonte: Jovem Pan