Detentos serão levados em grupos, após uma triagem. Processo para remover 144 homens pode levar até três semanas.
Por Jonas Campos, RBS TV
29/09/2017 18h59
Presídio de Canoas não receberá presos envolvidos em facções criminais (Foto: Divulgação/SSP-RS) |
Na tentativa de amenizar o problema da superlotação nas delegacias da Região Metropolitana de Porto Alegre, mais de 100 presos vão ser levados para a Penitenciária Estadual de Canoas 2 (Pecan 2). A remoção teve início nesta sexta-feira (29).
Seis detentos que estavam na Cadeia Pública, antigo Presídio Central, foram levados para a galeria B. Ao todo, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SPP) do estado, 144 detentos vão ser transferidos.
Eles serão levados em grupos, após uma triagem. Os detentos a serem transferidos não podem ter ligação com facções ou grupos criminosos e devem ser exclusivamente da jurisdição da Vara das Execuções Criminais da capital. Por isso, o processo pode levar até três semanas.
"Nós temos 144 vagas na Pecan 2 que nós vamos ocupar a partir de hoje. Ocupando essas vagas, concomitantemente essas vagas abrem nas unidades prisionais de onde nós estaremos tirando presos", explica o diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), Angelo Carneiro.
Segundo a Susepe, faltam 12 mil vagas no sistema prisional. Além da Cadeia Pública, presos de Arroio dos Ratos e Charqueadas também devem ser transferidos para a Pecan 2.
Delegacias lotadas
Preso é levado para delegacia da Região Metropolitana (Foto: Reprodução/RBS TV) |
Enquanto o trabalho é realizado, a situação permanece crítica nas delegacias da capital e cidades vizinhas. Em Novo Hamburgo, a carceragem da Central de Polícia tinha 14 detentos aguardavam vaga na cadeia na tarde desta sexta.
Os presos estavam algemados uns nos outros ou na pilastra da cobertura da garagem. Todos eram vigiados por quatro PMs e dois guardas municipais. Os policiais também têm que levar o preso ao banheiro.
Para o presidente da entidade que representa os delegados, a situação é preocupante. "A segurança pública tem que ser colocada em primeiro lugar, mas nós temos que ter uma solução. O Poder Judiciário tem que nos dar essa solução, o Ministério Público tem que cobrar essa solução. É um problema de estado, essa bomba está prestes a estourar", afirma o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do estado (Asdep), Cleiton Silvestre Munhoz de Freitas.
A situação é ainda mais grave em Alvorada e Gravataí, onde os presos estão nos carros da Brigada Militar. Na segunda, há 30 suspeitos dentro de veículos. Alguns aguardam vaga há mais de 30 dias. Nesta sexta chegaram mais quatro presos que, sem lugar na carceragem, também tiveram de se acomodar nos veículos.
Fonte: G1