14 dezembro 2017

Diretor de presídio de RO e agentes penitenciários são presos em operação que investiga regalias a presos

Presos cumpriam pena em suíte e, segundo delegado, saíam para ir a mercados. Cinco mandados de prisão e dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos.



Por Jeferson Carlos, G1 Ariquemes e Vale do Jamari
14/12/2017 13h22  

Detentos tinham regalias no presídio de Buritis (Foto: Polícia Civil/Divulgação)


A Polícia Civil de Buritis (RO), no Vale do Jamari, com o auxílio do Ministério Público do Estado de Rondônia (MP-RO), deflagrou nesta quinta-feira (14) a Operação Sentinela para combater um esquema criminoso na concessão ilegal de benefícios e regalias para detentos do presídio do município. Conforme a Polícia Civil, o diretor do Centro de Ressocialização Jonas Ferreti, dois agentes penitenciários e dois detentos foram presos na ação.

Segundo o Diretor de Polícia do Interior (DPI), delegado Arismar Araújo, as investigações da operação iniciaram há cerca de quatro meses e, desde o início desta manhã, os policiais cumpriram cinco mandados de prisão e dois mandados de busca e apreensão. Um sexto mandado de prisão foi expedido contra a esposa de um dos detentos, mas não foi cumprido, pois a mulher não foi localizada.

As investigações da Polícia Civil apontam que os servidores públicos são suspeitos de integrarem um esquema de corrupção para oferecer benefícios e regalias aos dois detentos da unidade prisional, onde as irregularidades foram constatadas pelos policiais.

Presos cumpriam pena em suíte em presídio de RO (Foto: Polícia Civil/Divulgação)


Os detentos teriam encomendado a construção de uma cela especial fora do pavilhão das outras celas. A obra teria sido autorizada pelo diretor da unidade prisional. No interior da cela, foi encontrado mobília diferente das demais celas.


“Há filmagens que mostram os apenados desfrutando regalias[...] e eles saíam constantemente da unidade para serem levados até mercados do município pelos próprios agentes penitenciários”, relata Arismar.

As investigações apuraram que os dois presos tinham saídas autorizadas com o pretexto de consultas médicas, inclusive em outras cidades, mas elas nunca foram realizadas. Em uma ocasião, um detento foi escoltado até Ariquemes (RO), onde se confraternizou com familiares durante o dia e era assistido pelos agentes penitenciários.

Em um efetivo de 54 policiais, os dois agentes penitenciários e o diretor do presídio foram presos nas residências onde moram. Já os dois detentos receberam voz de prisão na unidade prisional do município.

Outros dois mandados de buscas e apreensão foram cumpridos em Ariquemes (RO), nas residências de familiares dos presos, mas a Polícia Civil informou que nenhum conteúdo relevante foi apreendido.

Irregularidades foram constatadas pelos policiais durante a operação Sentinela (Foto: Polícia Civil/Divulgação)


Ainda segundo Arismar Araújo, os dois detentos beneficiados com as regalias cumprem sentença no Centro de Ressocialização por tráfico internacional de drogas e foram condenados no Paraná (PR), pelo juiz federal Sérgio Moro, e depois trazidos para Rondônia.

Segundo a Polícia Civil, o diretor do presídio e os dois agentes penitenciários prestarão depoimentos e posteriormente serão encaminhados até o Centro de Correição da Polícia Militar em Porto Velho, onde devem aguardar o andamento das investigações. Já os dois detentos foram transferidos da unidade, mas o presídio para onde eles foram não foi informado.


A Polícia Civil divulgou que possui o prazo de dez dias para concluir o inquérito e entregá-lo ao MP-RO, para dar início ao procedimento judicial.

O G1 tentou contato com a advogada que representará o diretor e os dois agentes da unidade no caso, mas as ligações foram encaminhadas para a caixa postal.

O G1 procurou o Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) para um posicionamento sobre o caso, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.


Fonte: G1