Ex-integrante da cúpula do PCC é assassinado por presidiários no interior de SP
Luís Adorno Do UOL,
em São Paulo 05/12/2017 14h34
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Organograma de comando elaborado pelo Gaeco |
O detento Edilson Borges Nogueira, 44, identificado como "Birosca" e que já foi apontado por investigações do MP (Ministério Público) e da Polícia Civil como um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) foi assassinado na manhã desta terça-feira (5) dentro do presídio de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.
Nogueira já integrou a chamada "sintonia final geral", uma espécie de "diretoria" que, na hierarquia da facção criminosa, está situada logo abaixo de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pelas autoridades como o líder máximo da organização.
Uma fonte envolvida na investigação da facção criminosa afirmou ao UOL que Nogueira foi excluído da facção no início de 2017. Isso aconteceu porque sua mulher brigou com outros familiares de presos no ônibus que as famílias de detentos usam para ir de São Paulo até Presidente Venceslau para realizar visitas.
Mas a exclusão da facção não teria sido a motivação do assassinato de Nogueira, segundo a autoridade ouvida pela reportagem. Isso porque na mesma penitenciária há outros ex-integrantes da facção, que também foram excluídos, convivendo sem problemas com os integrantes do PCC.
Seu caso seria decidido por Marcola assim que ele deixasse o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), no próximo dia 8, onde foi internado no ano passado. Recentemente, a cúpula da facção soltou um comunicado em apoio a Marcola contra as revelações feitas pelo livro do procurador.
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Penitenciária II de Presidente Venceslau |
A polícia e o Ministério Público ainda não sabem qual foi o motivo do assassinato, mas uma investigação já foi iniciada. Uma das hipóteses é que o crime esteja relacionado à função que ele exerceu na facção criminosa.
De acordo com a Polícia Civil, o detento foi morto durante o banho de sol, por volta das 9h10. Agentes penitenciários afirmaram à polícia que a ação foi "rápida e fatal" e que teve a participação de ao menos três presos, no raio 2 da penitenciária 2 da cidade.
Danilo Antonio Cirino Felix, 29, e Gilberto Souza Barbosa Silva, 46, identificados como membros da facção, segundo investigações, vistos por agentes penitenciários na cena do crime. Silva, conhecido como "Caveirinha", teria golpeado Nogueira com um estilete, enquanto Felix, vulgo "Montanha", o segurava pelo pescoço e prendia suas mãos.
Nogueira foi golpeado diversas vezes na região do tórax e no pescoço. Ele morreu na hora. As defesas de Felix e Silva não foram localizadas pela reportagem. Segundo a Polícia Civil, ambos foram autuados pelos crimes de homicídio qualificado. A direção do presídio informou à polícia que iria transferi-los à penitenciária 1 de Presidente Venceslau, para que não haja risco de retaliações.
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Biroska foi fria e cruelmente assassinado |
Vida no crime
Para investigadores que acompanham o caso, Biroska jamais seria assassinado na P2 de Presidente Venceslau sem ordem de cima, da cúpula da facção. O bandido estava preso havia 12 anos. Depois de dominar o tráfico de drogas na região de Diadema e expandir seus negócios para a zona sul de São Paulo, Biroska passou a atuar no transporte de drogas para São Paulo. Acabou preso.
Na prisão, ele se uniu ao PCC, participando durante dez anos da chamada Sintonia Final Geral, a cúpula da organização criminosa. Por isso, foi denunciado pelo Ministério Público Estadual em 2013 por organização criminosa. Durante as investigações, 47 fuzis, 64 veículos, 4,7 toneladas de drogas e mais de R$ 1,1 milhão foram apreendidos.
"Esse colegiado de líderes que integram a cúpula da facção dita a 'palavra final' do PCC, ou seja, todos os setores da empresa criminosa são subordinados a eles, nada acontece na rua ou no sistema penitenciário, sem que os referidos líderes tenham avalizado", afirma a denúncia do promotoria.
Foi Biroska um dos traficantes que participaram em outubro de 2010 dos contatos entre a cúpula do PCC com a Amigos dos Amigos (ADA), a facção criminosa fluminense chefiada por Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, então líder do tráfico de drogas na Favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro.
Durante esses anos, o negócio das drogas na região dominada por Biroska era um negócio pessoal do traficante, que ao lado de Marco Paulo Nunes da Silva, o Vietnã, tornou-se um dos grandes financiadores da facção.
Em liberdade, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, outro integrante da cúpula, assumiu o comando da facção nas ruas. Gegê primeiro teria assumido o controle do tráfico na fronteira com o Paraguai e, agora, estaria refugiado na Bolívia, de onde comandaria os negócios.
Com a morte de Biroska, os investigadores consideram que Gegê deve assumir também o tráfico na zona sul e na região de Diadema, consolidando seu poder no grupo.
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A P2 é a unidade para onde são destinados chefes do grupo presos no Estado de São Paulo. |
Testemunha
Um agente penitenciário, que estava no mirante de observação do pavilhão, disse ter visto diversos presos fazendo exercícios de musculação na frente do banheiro coletivo, como de costume.
"Em dado momento, teve início uma luta corporal entre três presos, dos quais um deles é conhecido como 'Caveirinha', que estava sobre a vítima, fazendo movimentos como se estivesse o golpeando, enquanto outro detento segurava a vítima pelo pescoço", disse o agente à polícia.
Fonte: Uol
Contraponto: Enquanto a guerra deles estiver entre eles, que caiam as centenas, o que não pode é os efeitos colaterais atingir quem quer que seja, que não faça parte desta organização criminosa, como civis, familiares sem participação, servidores e demais funcionários, que estão de fora deste oba oba.
Eles que são parte desta atividade que se resolvam entre eles, pois estejam ou não presos e custodiados pelo estado, irá acontecer este acerto de contas, não seremos nós que iremos ou teremos o poder de impedir tais execuções. Isso está fora de nosso conhecimento e de nosso controle, pois não somos do clube.