09 dezembro 2017

O RESULTADO DO ESTADO MINIMO DO HOMEM QUE QUER SER PRESIDENTE DA REPÚBLICA, HILÁRIO, O CARA É UM COMÉDIA....CORAJOSO ESTE JUIZ

Juiz faz 'pente-fino' em DPs de Campinas e indica déficit de pessoal e precariedade: 'Não têm mínimo do mínimo'

Nelson Augusto Bernardes diz que Polícia Civil na cidade 'está num limbo institucional' e dados serão relatados para TJ-SP e MP. Estado alega que 'não faltam e não faltarão recursos para as atividades'.

Por Fernando Pacífico, G1 Campinas e região
09/12/2017 09h47  Atualizado há 1 hora


O juiz corregedor da Polícia Civil em Campinas, Nelson Augusto Bernardes (Foto: Fernando Pacífico / G1)



O juiz corregedor da Polícia Civil em Campinas (SP), Nelson Augusto Bernardes, deve relatar em janeiro dados que, segundo ele, comprovam déficit de pessoal e precariedade nas estruturas da corporação ao Tribunal de Justiça (TJ-SP), Secretaria da Segurança Pública (SSP) e Ministério Público.

Em entrevista ao G1, após fazer um 'pente-fino' nas delegacias da cidade, ele disse que as unidades "não têm mínimo do mínimo" e houve piora do cenário desde que assumiu a função. De janeiro a outubro, o município teve 131 vítimas de homicídio, maior número em sete anos para este período.

"Eu estou na Corregedoria há seis anos e o que eu vejo nesse período é um estado falimentar, a Polícia Civil está num limbo institucional", ressalta o magistrado.

Durante a correição realizada entre a última semana de novembro e a primeira de dezembro, explica Bernardes, foi constatado que há na metrópole delegacia sem delegado, unidade em que o profissional precisa cobrir até três estruturas, e distrito que conta com somente um investigador.

"As delegacias estão sem estrutura, sem pessoal. O último concurso para você ter uma ideia, de delegado de polícia, ocorreu em 2013. Quatro anos, de lá para cá mais nada, e alguns só foram nomeados agora recentemente, quatro, cinco, seis meses atrás. Estou dizendo o que ouvi dos policiais lá, então isso é preocupante porque as pessoas vão se aposentando, vão deixando a polícia, e o quadro não vai suprir. Como que vai atender a população? É uma situação gravíssima."

A SSP, por outro lado, diz que não foi notificada sobre o cenário constatado pelo juiz, mas defende que não 'não faltam e não faltarão recursos para atividades'. Veja íntegra da resposta abaixo(RIDÍCULO).

Reflexos

O magistrado, que atua na 3ª Vara Criminal de Campinas, ressalta que não vê culpa dos servidores na qualidade do serviço prestado à população. "Há muitos bons policiais civis, eles querem fazer o seu trabalho, mas não conseguem, não dão conta [...]

Oficiamos a Secretaria de Segurança Pública várias vezes, enfim, fazendo o papel que nos cabe. Constatar a péssima situação em Campinas e passando para frente porque não é o Poder Judiciário que corrige isso", destaca Bernardes.

Sem mencionar detalhes sobre cada delegacia da cidade, o juiz destacou que os dados das visitas serão relatados em janeiro e adiantou que também verificou problemas em espaços físicos. "Estive em uma delegacia, choveu, o teto estava ruim e inundou um monte de documentos importantes", explica.

O único ponto "positivo", diz, está ligado ao atendimento às mulheres vítimas de violência.

"Eu fiquei com breve sensação de que as delegacias de defesa da mulher deram uma melhorada. O cenário como um todo vem só se agravando, não vi solução."

A 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas foi aberta em novembro de 2016, no Jardim Londres, após quatro anos de atraso. No primeiro ano de funcionamento, ela concentrou 119% mais inquéritos que a primeira unidade - que foi do bairro Bonfim para o Jardim Proença.

Fonte Secretaria de Segurança Pública




Insegurança

Bernardes avalia que os problemas na corporação afetam as soluções de crimes em Campinas.
"A população não pode viver da sensação de segurança por conta de ter viatura da Polícia Militar na rua [...] Ela tem que estar na rua, claro, todos nós queremos, mas a Polícia Civil é quem dá continuidade no trabalho investigativo, instaura inquérito e vai solucionar o crime. É preocupante demais o estado que ela se encontra em Campinas", destaca o juiz.

As delegacias de Campinas abriram, de janeiro a outubro deste ano, alta na quantidade de homicídios (incluindo três chacinas) e latrocínios, enquanto houve redução de estupros.

Uma das chacinas ocorreu no distrito de Sousas (Foto: Fernando Pacífico/G1)




O que diz o estado?

Em nota, a SSP diz que não foi notificada e alega que há investimentos do estado na Polícia Civil.

"A Polícia Civil de Campinas informa que até o momento não foi notificada oficialmente acerca do que foi constatado pelo juiz corregedor e por isso não irá tecer qualquer comentário sobre o caso até que isso ocorra.

Ao contrário do que sugere a reportagem, não faltam e não faltarão recursos para as atividades das polícias da região. Desde o início do ano, mais de R$ 18 milhões foram repassados aos cofres da Polícia Civil só para o custeio das unidades.

 O Governo do estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Segurança, segue investindo no reforço e na modernização do efetivo policial da região. Desde 2011, o estado de São Paulo recebeu o reforço de 4.807 policiais civis.

Em igual período, 378 novos policiais civis foram destacados para atuar na região do Deinter 2. Além disso, foi autorizada a abertura de 2.750 vagas, os concursos selecionarão 250 delegados, 800 escrivães, 600 investigadores, 200 papiloscopistas, 300 agentes de telecomunicação, 400 agentes policiais e 200 auxiliares de papiloscopistas."

Sobre a maior quantidade de vítimas de homicídio registrada em sete anos e mostrada pelo G1 em novembro, a pasta havia informado que está atenta aos índices e combate crimes contra a vida.

"Na cidade de Campinas, por exemplo, o índice é de 7,22 casos de homicídios por 100 mil habitantes, abaixo da média estadual", diz texto. Além disso, a assessoria da secretaria mencionou que 75 casos foram esclarecidos no primeiro semestre deste ano e no período avaliado foram contabilizadas prisões ou apreensões de 3 mil pessoas, além da apreensão de 391 armas.




Fonte: G1