28 fevereiro 2018

HOMEM DE FIBRA : Judiciário tem que 'expurgar' Temer da vida pública, diz general Mourão

Agora na reserva, general se despediu do Exército nesta quarta-feira

 


POR MATEUS COUTINHO
28/02/2018 14:27

Despedida do General-de-Exército Antônio Hamilton Martins Mourão em Brasília -
(Michel Filho / Agência O Globo)



BRASÍLIA - O general Hamilton Mourão afirmou na tarde desta quarta-feira que é necessário que o Judiciário “expurgue da vida pública” o presidente Michel Temer (PMDB) e todas as pessoas que, segundo ele, “não tem condições” de participar da vida pública.

A fala do general foi logo após a sua cerimônia de despedida do Exército, realizada nesta manhã no Salão de Honras do Comando Militar do Exército e na qual ele exaltou em seu discurso o coronel Brilhante Ustra como “herói” e citou Aristóteles para criticar os “vícios” da política.

À imprensa ele disse que somente com o voto e com a atuação do poder Judiciário o país pode superar a crise do sistema político.

— As pessoas hoje entram na política não para servir, mas para ser servido, esse é o recado — disse, em referência ao seu discurso.

— Se nós não mudarmos a moral do nosso regime, nosso país não vai ter futuro — seguiu o general agora na reserva.

Ele disse ainda que a solução para o regime político passa pelo voto da população e pelo Judiciário que, na visão dele “tem que fazer o papel dele e expurgar da vida pública aquelas pessoas que não tem condições dela participar”.

Questionado se o recado incluía o presidente Temer, Mourão foi categórico:

— Inclui sim senhor.

Temer enxovalha o País


Perguntado se o recado incluía também outros nomes, ele desconversou e disse não precisava citar nomes.

TROPA DE ELITE

O general da reserva aproveitou ainda para fazer uma referência ao diretor do filme “Tropa de Elite” para afirmar que o sistema político brasileiro está contaminado.

— O José Padilha foi muito feliz ao definir que existe um mecanismo nesse país, esse mecanismo precisa ser desmontado — afirmou.

O presidente Temer já foi alvo de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) e é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de beneficiar empresas portuárias. Como é presidente, as denúncias contra ele precisam passar pelo crivo do Congresso para que ele possa ser julgado pelo STF. As duas acusações já foram apresentadas, porém, derrubadas pelo Congresso.

Como deixou a ativa, o general não tem mais impedimento para se manifestar e até se candidatar politicamente. Mourão, que criou polêmica no ano passado ao sugerir uma intervenção militar para garantir a estabilidade do país, mudou o discurso nesta tarde e disse que a solução para a crise do sistema político tem que ser pelo voto da população.

— A população tem que saber escolher seus representantes — disse à imprensa.

Adicionar legendaO José Padilha foi muito feliz ao definir que existe um mecanismo nesse país, esse mecanismo
precisa ser desmontado



Em seu discurso de despedida aos oficiais, ele foi menos explicito e citou o filósofo grego Aristóteles para afirmar que “sem atenção à virtude, sem cuidados com a base moral de um regime, os homens mais selvagens governarão e nós seremos transformados de animais políticos em bestas políticas”.


— Acredito firmemente que exércitos existem para lutar e vencer as guerras que a nação tiver que travar e ela sabe que nossos objetivos nacionais permanentes de integridade do território, integridade do patrimônio, democracia e paz social, quando ameaçados, terão seus soldados atuando como escudo e espada — seguiu o discurso.

Indagado depois, ele afirmou que sua fala foi uma referência à crise atual do sistema político.

— A moral e as virtudes foram enxovalhadas — afirmou.

Sobre uma eventual candidatura neste ano, ele disse que só será candidato à Presidência do Clube Militar do Rio de Janeiro e que não vai se filiar a nenhum partido político. Sobre o pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSC-RJ), porém, ele afirmou que vai apoiá-lo e que “se tiver que subir no palanque, a gente sobe”, mas que sua atuação em favor dele será no planejamento de campanha e do programa de governo.



Fonte: O Globo