19 julho 2018

ACABOU A PIRRAÇA : Ex-senador Luiz Estevão e ex-ministro Geddel são transferidos para ala de segurança máxima da Papuda

Ex-deputado Márcio Junqueira também foi isolado; os três ficarão em celas individuais. Decisão foi tomada após denúncias de regalias dentro do presídio.













Por Mara Puljiz, TV Globo
19/07/2018 13h33

Geddel Vieira Lima e Luiz Estevão, em montagem (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
 e Ueslei Marcelino/Agif/AE)





O ex-senador Luiz Estevão (ex-PMDB-DF), o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) e o ex-deputado Márcio Junqueira (PROS-RR), presos no Complexo da Papuda, em Brasília, foram transferidos nesta quinta-feira (19) para a ala de segurança máxima da penitenciária. A decisão da Vara de Execuções Penais do DF foi tomada após denúncias de que os políticos eram privilegiados com regalias na cadeia.

Estevão, Geddel e Junqueira estão agora em celas individuais de aproximadamente seis metros quadrados. O banho de sol também passa a ser individual – ou seja, eles não deverão ter contato com outros detentos.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do DF, os presos deixaram as celas coletivas, no Bloco 5, do Centro de Detenção Provisória (CDP) durante a manhã. As celas individuais ficam no Pavilhão de Segurança Máxima da Penitenciária do DF I (PDF I).

"Elas possuem água morna e vaso sanitário comum", explica a pasta. Conforme o comunicado, o local não serve como isolamento, são celas comuns, porém, individuais. Os presos continuam recebendo, diariamente, quatro refeições e três horas de banho de sol. Também têm direito a visitas de familiares e advogados, diz a secretaria.

O advogado de Luiz Estevão, Marcelo Bessa, afirmou ao G1 no início da tarde que ainda aguardava "acesso à integralidade do procedimento que levou a essa decisão" e, por isso, não tinha nada a declarar sobre a transferência.

O G1 tenta contato com os advogados de Geddel Vieira Lima e Márcio Junqueira.

O ex-deputado Márcio Junqueira em sessão de comissão na Câmara dos Deputados em 2013
(Foto: Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados)



Buscas nas celas

No dia 17 de junho passado, a Polícia Civil do Distrito Federal fez buscas nas celas onde estavam o ex-senador Luiz Estevão e o ex-ministro da Articulação Política do governo Michel Temer, Geddel Vieira Lima. As buscas, deflagradas pela Coordenação de Combate ao Crime Organizado (Cecor) da Polícia Civil do DF e autorizadas pela Justiça, foram feitas a partir da denúncia de um preso.

Diretores da Papuda são afastados após denúncia de regalias

Nas celas foram encontradas barras de chocolate, anotações que seriam de Geddel e pelo menos cinco pendrives – supostamente, de Luiz Estevão.

Esta não é a primeira vez que Justiça do Distrito Federal determina que o ex-senador Luiz Estevão fique isolado no Complexo da Papuda por “falta disciplinar”. Em janeiro de 2017, uma revista na cela do empresário e na cantina do bloco encontrou “diversos itens proibidos, tais como cafeteira, cápsulas de café, chocolate, massa importada, dentre outros”.

Caderno sugere que José Dirceu pediu autorização a Luiz Estevão para receber visita fora do horário na Papuda

Pendrive apreendido pela Polícia Civil na cela de Luiz Estevão na Papuda
(Foto: Letícia Carvalho/G1)




Condenações

Condenado a 26 anos de prisão, Luiz Estevão também é acusado pelo Ministério Público de ter financiado a reforma do bloco onde cumpre pena. Ex-diretores do sistema penitenciário também são acusados de serem coniventes. Segundo o MP, a reforma foi paga por meio de uma empresa de fachada.

Luiz Estevão cumpre pena desde março de 2016. A condenação a 31 anos de prisão foi imposta pela Justiça de São Paulo. Eles responde pelos crimes de corrupção ativa, estelionato, peculato, formação de quadrilha e uso de documento falso nas obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Como dois dos crimes – quadrilha e uso de documento falso – prescreveram, a pena final caiu para 26 anos.

Promotores comparam ala reformada onde Luiz Estevão cumpre pena e outro ambiente da mesma unidade
 (Foto: Reprodução)




Geddel Vieira Lima foi denunciado na operação Cui Bono e está preso em Brasília desde setembro – antes, ele passou três meses em prisão domiciliar na Bahia. Durante a investigação, a Polícia Federal descobriu R$ 51 milhões em malas e caixas em um apartamento atribuído a ele, em Salvador (BA).

Geddel foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de investigação. Ele está em prisão preventiva e ainda aguarda julgamento.

Márcio Junqueira é suspeito de comprar o silêncio de um ex-assessor que denunciou esquema de pagamento de propina a parlamentares do Progressistas (PP). O ex-deputado foi do PP e hoje é filiado ao PROS.

Ele foi preso no final de abril, em operação deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Procuradoria Geral da República para investigar a suspeita de obstrução de Justiça.






Fonte: G1