11 setembro 2018

ENTREVISTA NO JORNAL DA CIDADE DE BAURU: Leandro defende educação e segurança

O candidato do PDT atua como agente penitenciário e afirma que municípios com presídios precisam receber mais contrapartidas.








11/09/2018 07:00 - Política
Thiago Navarro

Leandro é candidato a deputado estadual pelo PDT




O agente penitenciário Aparecido Carlos Leandro (PDT), de 55 anos, concorre a deputado estadual, na primeira vez em que está em uma disputa por cargo eletivo. Com mais de 28 anos de trabalho, ele pretende atuar em áreas como segurança pública e educação, pois afirma que o número de unidades prisionais em São Paulo mostra como o Estado falhou na educação nos últimos anos.

Além de fazer campanha em Bauru, Leandro tem o apoio de colegas de profissão de outras regiões, e afirma que a categoria precisa de um deputado estadual, para que o assunto seja discutido por quem vive de perto os problemas da segurança pública no estado.

O candidato ainda é atuante na internet, e mantém um blog desde o ano passado falando sobre o sistema prisional e colocando notícias que envolvem a categoria. Na campanha, ele usa o nome de Leandro Leandro. "As pessoas me conhecem assim, e o nome está duas vezes porque vou trabalhar em dobro", afirma.

JC - O que levou o senhor a ser candidato?

Leandro - Eu nunca tinha sido candidato a nada, e nem mesmo filiado a partido. Decidi entrar na política porque o povo nos últimos anos terceirizou a política a pessoas que não estão aí para fazer as coisas para a população, é somente política visando a benefícios próprios, e por isso o País chegou nessa situação. Por isso, mais pessoas devem se politizar e entrar para a vida pública, em benefício da sociedade e não de si próprio.

Quais serão as suas principais áreas de atuação caso seja eleito deputado?

Leandro - Como sou agente penitenciário, nós devemos lutar na área prisional. Há uma grande demanda de contrapartida do Estado em cidades que estão arcando em ser sede de penitenciárias, que é algo gerado pelo próprio Estado. Houve uma massificação do sistema prisional. Eu entrei no sistema em 1990, com 42 unidades prisionais, hoje são 173 e mais 15 em construção, devendo inaugurar seis delas ainda neste ano.

É um número absurdo, e qual a contrapartida do Estado para as pequenas e médias cidades, até hoje é pouco. Em Bauru temos milhares de presos, e isso impacta na área social, na saúde e educação, e não vemos o investimento do Estado no município. Na região, temos ainda unidades prisionais em Reginópolis, Getulina, Pirajuí, Balbinos, e impacta diretamente em Bauru, e ainda haverá unidades em Gália. Há o impacto habitacional, pois boa parte dos reeducandos vem de outras regiões, e as famílias acabam vindo morar nas cidades perto das unidades.

E na educação, saúde e segurança, o que é prioridade para o senhor?

Leandro - Se for deputado, vou lutar para que o Estado faça escola em tempo integral, pois os nossos jovens infelizmente estão vendo os bandidos como heróis. A segurança está intrinsecamente ligada à educação que as crianças recebiam.

Quando eu era criança, ficava em uma creche em tempo integral, e tinha atividade o dia todo, em escola pública. Quando eu era jovem, assisti a uma palestra do Paulo Freire, em Bauru, era aluno de magistério, e ele afirmou que demoraria 25 anos para ter uma geração bem educada, e para mudar a sociedade, seriam 50 anos, na segunda geração.

Mas isso não aconteceu, porque os governos do PSDB vieram em seguida e foi como um rolo compressor na educação do Estado. O Darcy Ribeiro falava a mesma coisa, que se não investíssemos em educação, teríamos que construir presídios, e foi o que aconteceu. Na saúde, hoje há uma terceirização da saúde, inclusive a Assembleia Legislativa está investigando as Organizações Sociais (OS), o Estado não deveria fazer isso, pois tem competência para administrar a saúde.

Na região de Bauru, quais as prioridades?

Leandro - Para a região, essa contrapartida do Estado para as cidades que estão com unidades prisionais, pedindo um investimento do governo em saúde e educação para esses municípios, que hoje acabam ficando sem recursos para dar conta de tudo o que é necessário.

Vou ainda buscar recursos de emendas parlamentares para ajudar entidades que fazem um trabalho social, e ainda trabalhar com a prefeitura para que a gente encontre soluções para atrair empresas, pois muita gente está sem emprego e esta é uma das maiores necessidades que encontramos no momento.




Fonte: JCNET