19 março 2019

Agentes penitenciários recebem ameaças pelas redes sociais na Penitenciária de Sao Mateus/ES

Supostos familiares de presos chamam os servidores públicos de "corja de bandidos" e sugerem juntar dinheiro para "matar um por um desses canalhas". 







GAZETA ONLINE
Publicado em 19/03/2019 às 15h12

Ameaças são dirigidas a agentes da Penitenciária Regional de São Mateus  (Foto: Divulgação / Sejus)


Ameaças foram feitas na internet após parentes de detentos realizarem protesto contra supostas torturas em presídio de São Mateus.

“Vamos criar um grupo de WhatsApp de parentes de presos para ficarmos mais fortes contra essa corja de bandidos e juntos fazermos uma parceria e arrecadar dinheiro para matar um por um desses canalhas”. O comentário com ameaça de morte contra inspetores penitenciários está circulando nas redes sociais e foi feitona tarde desta segunda-feira (18), horas depois de um protesto organizado por parentes de detentos da Penitenciária Regional de São Mateus contra supostas torturas a presos praticadas pelos servidores.

Quem escreveu o comentário se identifica como familiar de um interno e diz que é “lamentável” a denúncia que o detento faz. “Tenho um parente lá e é lamentável o que a gente escuta dele que acontece lá dentro, é de se revoltar contra uns imundos que estão lá defendendo seu miserável salário de R$ 2 mil para cuidar, não judiar”, diz outro comentário do mesmo homem.

O suposto parente de preso ainda ameaça as famílias dos inspetores penitenciários, que são chamados de “vermes imundos”. “Esses vermes imundos estão com os dias contados para começarem a pagar pelo que fazem. Logo, logo vocês vão ver o que vai acontecer com esses vermes ou com a família deles, para que eles comecem a refletir o sofrimento que estão causando a famílias de detentos.

Eles não são juízes nem policiais para estarem fazendo Justiça com as próprias mãos a pessoas que estão algemadas e sendo espancadas feitos cachorros nas mãos desses vagabundos que se acham o tal e se acham os donos da verdade”, argumenta o homem.

Além disso, a mesma pessoa sugere a organização de uma nova manifestação para a fechar a BR 101 durante um dia inteiro. Uma mulher, que se identifica como esposa de um preso, responde: “Estamos juntos, então. Se continuar isso mesmo a gente faz outro protesto. Preso também tem família, não está abandonado”. No protesto desta segunda-feira, os manifestantes interditaram a rodovia federal, no quilômetro 71, em São Mateus, por uma hora.


PROCESSO


O diretor de Comunicação do Sindicato dos Inspetores do Sistema Penitenciário do Espírito Santo (Sindaspes), Jonathan Furlani, contou que o órgão está ciente das ameaças e um advogado já foi acionado para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

“É inadmissível esse tipo de comentário. Há poucos dias já denunciamos uma advogada e faremos quantas vezes for necessário para que as pessoas entendam que insinuações levianas, desrespeitosas e até ameaças não serão aceitas”, destacou Furlani.

Ele também contou que o suposto familiar de detento, que fez os comentários ameaçadores, nas redes sociais foi identificado e será processado pelo sindicato. “Os advogados já estão trabalhando neste caso. São ameaças graves e que precisam de respostas nas vias judiciais”, afirmou.

Furlani ressaltou que denúncias de tortura são atendidas pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) e que os inspetores penitenciários atuam de forma humana. “Nossos servidores trabalham exaustivamente, carregam o sistema prisional no braço, temos o pior salário da federação, muitas das nossas reivindicações não são atendidas e ainda assim fazemos nosso trabalho de forma legalista e humana”, defendeu.

SEJUS


Procurada, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou, por nota, que tem conhecimento das ameaças contra os inspetores penitenciários feitas pelas redes sociais. Além disso, ressaltou que a Diretoria de Inteligência Prisional trabalha em conjunto com os demais órgãos de segurança pública a fim de averiguar as informações sobre os envolvidos nas ameaças para o devido encaminhamento ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES).





Fonte: GAZETA ONLINE