Joias e relógios são apreendidos na cadeia que abriga chefes da maior facção criminosa do estado.
Carolina Heringer
14/07/2019 - 04:30
De acordo com a Seap, joias, cravejadas de diamantes, custam dezenas de milhares de reais: plano da secretaria é levá-las a leilão Foto: BRENNO CARVALHO / Agência O Globo |
RIO - Uma operação da Secretaria estadual de Administração Penitenciária ( Seap ) mostrou não faltar ostentação dentro das celas nas quais se encontram chefes da maior facção criminosa do Rio. Alianças de ouro cravejadas de pedras preciosas e relógios de grife foram encontrados por agentes durante uma varredura na galeria B7 do Presídio Gabriel Ferreira Castilho , conhecido como Bangu 3 , no Complexo de Gericinó. O valor de uma das joias, produzida sob encomenda para um traficante, foi estimado em R$ 100 mil. A quantia seria suficiente para custear os gastos de um detento por quase dois anos.
Algumas alianças trazem o nome das mulheres dos presos Foto: BRENNO CARVALHO / Agência O Globo |
Agentes penitenciários afirmam que, na cadeia, chefes do tráfico fazem uma verdadeira competição de ostentação. Todos querem ter a joia mais cara do cárcere, e exibem relógios cujos preços chegam a ser maiores que os de vários modelos de carro zero quilômetro. Entre tantos símbolos de riqueza, um anel apreendido chamou a atenção de servidores da Seap pela “simplicidade” (apesar do grande tamanho): nele, foi gravado o Pai-Nosso, e não há qualquer pedra cravejada. Dentro dos presídios, é permitido o uso de alianças, mas somente finas.
Um dos anéis apreendidos com os detentos. Há joias avaliadas em R$ 100 mil Foto: Brenno Carvalho |
Além de anéis e alianças, agentes também recolheram 169 relógios, que são proibidos nas cadeias do Rio. A maioria, de acordo com a Seap, é de marcas de luxo, e pelo menos dois custariam dezenas de milhares de reais. O setor de inteligência da secretaria tenta descobrir como foram adquiridos e levados para a penitenciária.
Ouro, diamantes e outras pedras preciosas aparecem com fartura nas joias Foto: Brenno Carvalho |
Originais da Suíça
Um dos relógios, da grife Rolex , é feito de ouro. Um outro, da marca Hublot, tem brilhantes cravejados na pulseira. De acordo com a Seap, as duas peças já foram analisadas, e peritos constataram que não se tratam de réplicas. Ambos estavam com traficantes que, mesmo presos, comandam o tráfico de drogas em comunidades da Baixada Fluminense, segundo investigadores da Polícia Civil .
O Rolex de ouro com diamantes encontrado com um dos detentos, avaliado em R$ 100 mil Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo |
A operação em Bangu 3 foi realizada no início da gestão do atual secretário de Administração Penitenciária, coronel Alexandre Azevedo de Jesus, e contou com a participação de 250 agentes. Sem citar nomes, ele criticou antecessores ao comentar a apreensão:
— A ação revelou que, nos últimos anos, havia uma inércia no combate à entrada de materiais ilícitos e na fiscalização das unidades.
O relógio da marca Hublot apreendido no presídio é avaliado em R$ 70 mil Foto: BRENNO CARVALHO / Agência O Globo |
Azevedo de Jesus disse que intensificou a repressão à entrada de objetos não permitidos no sistema penitenciário, principalmente celulares e drogas:
— Vamos adquirir novos equipamentos e utilizar a tecnologia para proporcionar maior controle e segurança às penitenciárias.
Um dos relógios apreendidos. O material já foi avaliado e, segundo a Seap, não são réplicas Foto: Brenno Carvalho |
Fonte: O GLOBO