O trabalho penitenciário é particularmente importante para a sociedade, pois é sua qualidade que vai possibilitar ou não as oportunidades de o cidadão voltar à sociedade de uma forma a ter melhores condições para não voltar ao crime.
Wilson Francisco Moreira*
Published on 17/11/2019
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Um profissional se esforça sobremaneira dentro das prisões para manter a ordem e, na medida de suas possibilidades, garantir a justa aplicação da Lei: O Policial Penal, que aos olhos da sociedade tem um papel menor ou até mesmo é invisível, vive pressionado entre presos, o Estado e a sociedade.
A Lei 12.342 de 24/9/1998 instituiu o dia 13 de novembro como o Dia do Agente Penitenciário do Paraná, que será transformado futuramente no dia do Policial Penal. A escolha da data foi em lembrança e homenagem ao agente(Policial Penal)Adalberto Gomes da Silva, morto na Penitenciária Central do Estado em Piraquara em 13/11/1989 numa das mais violentas rebeliões ocorridas no Estado até então.
O trabalho de resolução de crises e conflitos é uma constante nas prisões. Não raro os agentes precisam usar de habilidades que vão além das questões de segurança. Estes fatos tornam a profissão extremamente desgastante. O Policial Penal por sua função é obrigado a ter uma vida restrita, pelos riscos inerentes à profissão.
Não pode frequentar muitos lugares, pois pode ficar exposto a ataques ou, no mínimo, constrangimentos por parte de ex-presos ou mesmo grupo de criminosos organizados. No lazer, o agente se vê restrito a ocasiões íntimas, não sendo recomendado ir a lugares públicos. Por extensão, as famílias dos policiais penais também sofrem restrições sociais.
Novas possibilidades para os novos Policiais Penais, além da inserção no artº 144 da CF, garantia de função típica de estado ocasionando a impossibilidade de privatização e outras mais Imagem: #IMPOSSIVELSEMAGENTE |
A saúde física e mental dos agentes é prejudicada diretamente pela função que exercem. Durante o exercício da profissão são contraídos uma série de problemas como diabetes, hipertensão, ganho de peso, estresse e depressão. O quadro se agrava com o tempo e a qualidade de vida desses profissionais tende a piorar com o passar dos anos dentro das prisões.
Os problemas dos agentes em todo os estados do país têm se agravado com a falta de efetivo para o serviço. Com o tempo profissionais foram desviados para outras funções administrativas e operacionais, assim como vários se aposentaram ou deixaram a profissão, sem falar nos que se foram cedo, levados pela violência de criminosos.
Não existe a reposição dos profissionais necessários. Hoje se trabalha bem mais com menos policiais. Embora os gestores pouco façam para resolver os problemas graves de pessoal, os policiais penais continuam nessa missão difícil e ingrata, mas extremamente necessária, com empenho e profissionalismo, por vocação e esperança em dias melhores como o recente reconhecimento do Congresso Federal de sua atividade de Policial Penal.
*Wilson Francisco Moreira
Professor, Poeta e Sociólogo e Agente Penitenciário, Especialista em Tratamento Penal e Gestão Prisional.
Fonte: O Autor do texto Wilson Francisco Moreira