Nicolly Guimarães Sapucci foi agredida pelo detento em Jundiaí (SP) e morreu no hospital. Michael Denis Freitas afirmou à Justiça que 'perdeu a cabeça' em discussão.
Por Carlos Dias, G1 Sorocaba e Jundiaí
14/01/2020 16h01
Polícia investigou redes sociais de vítima com suspeito Foto: Reprodução/Facebook |
A Justiça determinou que vai a júri o detento acusado de espancar e matar durante uma visita íntima a ex-namorada de 22 anos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Jundiaí (SP). Quase após um ano, o caso de Nicolly Guimarães Sapucci, de Bragança Paulista (SP), ainda não foi julgado.
No dia 27 de janeiro de 2019, a vítima sofreu vários ferimentos pelo corpo e teve afundamento de crânio. Na época, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou que, dias antes do crime, Michael Denis Freitas havia retirado o nome dos pais da lista de visitantes, deixando apenas o de Nicolly.
A pronúncia do juiz Jefferson Barbin Torelli, em 16 de dezembro de 2019, considerou que o réu vá a júri. No entanto, ainda cabe recurso da decisão. O defensor público Fábio Jacyntho Sorge afirmou ao G1 que irá recorrer.
À Justiça, o réu negou que tenha agredido a vítima e disse que o afundamento do crânio foi por conta da queda dela de cima da terceira cama, chamada pelos detentos por "terceirinha", durante uma discussão. Em um trecho do interrogatório Michael disse que "perdeu a cabeça".
Nicolly Guimarães Sapucci foi assassinada dentro do CDP de Jundiai, enquanto visitava seu companheiro Foto: Moniele Nogueira/TV TEM |
Crime
Anteriormente, a SAP informou que a ação só foi percebida pelos agentes penitenciários ao fim do período de visita, quando houve a contagem dos visitantes.Na busca, Nicolly foi encontrada desmaiada e com ferimentos graves, como os ouvidos perfurados. O ex-companheiro já cumpria pena por roubo e foi autuado em flagrante por feminicídio.
Uma parente contou ao G1 que Nicolly foi até a unidade para resolver um boato e que os dois não estavam mais juntos. Áudios obtidos com exclusividade pelo G1 mostram que a jovem estava com receio de visitá-lo
Polícia vasculhou rede social de detento e da companheira espancada em CDP Reprodução/Facebook |
O namoro
A vítima e o agressor estavam juntos havia dois anos. Michael foi preso em 2018 por roubo. A jovem nunca tinha registrado queixa contra o ex-namorado.Em um perfil do Facebook que os dois mantinham juntos, Nicolly publicava declarações de amor ao ex-companheiro preso e chegou a escrever um relato sobre a rotina deles, dizendo que tinha orgulho de cuidar do então namorado e fazer visitas regulares à cadeia. Depois de terminar o namoro, a jovem fez outro perfil, no qual publicou que estava solteira.
Ela estava cadastrada para visitas desde 23 de março de 2018 e comparecia ao CDP regularmente.
"Ela [Nicolly] falou que estava cansada, queria arrumar emprego e viver a vida dela com o filho, de 4 anos. Como pode ver no Facebook, ela fez outro perfil assim que os dois terminaram, mais ou menos duas semanas antes [do crime]", afirmou ao G1 Daiane Sapucci, tia da vítima.
O corpo da jovem foi enterrado no cemitério municipal de Bragança.
Fonte: G1