Fuga é frustrada, policial penal é feito refém, e fato gera tumulto que quase vira a Penitenciária de Getulina/SP

Os fatos ocorreram na manhã desta terça feira, na Penitenciária  "Osiris Souza e Silva" de Getulina, no final não houve fugas. Houve também a intervenção com um tiro de de um policial penal que estava no passadiço da muralha para conter a violência com o refém.

Leandro Leandro
24/03/2020

Penitenciária "Osiris Souza e Silva" de Getulina, assim como quase todas as Unidades Prisionais de SP,
encontra-se com uma superpopulação, o que dificulta o trabalho dos policiais penais

A penitenciária de Getulina é uma planta de arquitetura em modelo X, considerada de segurança máxima, e é de fato, pois eu particularmente já estive lá e sei o que estou falando, ela é uma masmorra intransponível, e, a não ser que seja com um refém sob os braços, o preso não tem como escapar da U.P., e na data de ontem, apesar de sua capacidade ser de 857 presos, encontrava-se com uma população carcerária de 1871 homens ali custodiados, mais de 1. 000 homens acima de sua capacidade, e ai eu me pergunto onde está o Judiciário brasileiro e paulista neste momento?

Que permite uma calamidade destas? Que não fazem as Correições Ordinárias, e se fazem então são coniventes e cúmplices de uma tragédia anunciada, e não irá demorar para acontecer, pois para prever isso não é necessário nenhuma bola de cristal. Isso é uma tragédia escrita com sangue, evitada todos os dias por servidores abnegados, heroicos, desconhecidos e anônimos aos administradores, à própria SAP e ao falastrão governador João Doria, que nem mesmo faz ideia do que ele administra, barris de pólvora e sangue sob os cuidados de homens valentes e invisíveis.

Como se deram os fatos de fato. O servidor policial penal se encontrava com um grupo de presos de comportamento acima da média se encaminhando para o extramuro, horta, e foi quando dois outros presos, que estavam escondidos, e até o presente momento também não se sabe como eles conseguiram sair da cela, surgiram, eles iriam tentar se misturar aos demais presos para sair no meio deles, e assim alcançar o lado externo da muralha.

Penitenciária foi palco nesta manhã de uma situação atípica, apesar de ser uma Penitenciária de Segurança Máxima

Eles tinham consigo uma "tereza", corda feita de forma improvisada, com camisas, sacolas plásticas e demais materiais que podem ser amarrados e trançados.  Em ato contínuo o policial penal percebeu que eles não faziam parte do grupo que ele escoltava. Foi então que ele se dirigiu aos mesmos e perguntou: O que vocês estão fazendo aqui?

Neste momento os dois sentenciados se dirigiram em sua direção de forma rápida e tentaram furá-lo, pois tinham em seu poder espetos também improvisados, e ele se esquivou, e em continuidade foi então seguro pelos dois detentos, só que neste instante um Policial Penal do alto do passadiço da muralha observou que estava ocorrendo algo anormal, e deu um disparo.

Então eles pararam de agredir o policial penal, e o mesmo tiro serviu de alerta na Unidade Prisional, vindo então por quase duas horas seguidas o servidor ser usado como um refém, já que a tentativa de fuga estava frustrada. A negociação foi toda conduzida pela Diretoria da U.P. que conduziu a situação extrema de forma pacífica e com inteligência, tirando o refém das mãos dos presos e levando-os novamente ao cárcere. Sem a necessidade em momento algum da intervenção do GIR.

Neste tempo todo ele foi ameaçado pelos sentenciados, chamado de verme e inclusive colocaram uma lâmina de gilete em sua orelha e ameaçando cortá-lo, e exigindo advogados e imprensa  para não serem esculachados, senão iriam cortar o servidor.  Porém após este tempo todo eles acabaram liberando o policial penal e foram colocados em viatura e removidos para a P I e Avaré.

Na U.P., houve um certo nervosismo também decorrentes dos fatos ocorridos, pois o Raio 03 e o Raio 4 ficaram tumultuados, sendo que no Raio 04 os sentenciados não quiseram entrar para tranca, pois no momento dos fatos a população se encontrava no banho de sol.

Foram danificadas portas de celas e por muito pouco não houve uma rebelião, lideranças internas dos presos pediram calma e negociaram uma trégua com a população carcerária enfurecida. E quando da saída dos representantes sindicais da U.P., os funcionários da Coordenadoria já se encontravam consertando os estragos causados pela turbulência ocorrida na Unidade, que por pouco não virou de fato.

Gir esteve no local, porém não foi necessário sua atuação, mas está e permanece na U.P.

Fonte: Sindcop

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