21 julho 2020

Policial penal que atirou em vândalos e atingiu um menor é colocado em liberdade

Josué Nogueira, de 16 anos, foi morto no meio da rua com um tiro na cabeça e família está revoltada com decisão da Justiça; em redes sociais, garoto ainda foi vítima de racismo.


Luiz Ribeiro
21/07/2020 
Família de Josué recebeu comentários racistas após morte do garoto — Foto: Arquivo da Família
Foi solto nesta segunda-feira (20) o agente penitenciário V. A. T., de 40 anos, suspeito de matar o adolescente Josué Nogueira, de 16 anos, com um tiro na cabeça, na madrugada de domingo (19/7), na Vila Anália, em Montes Claros, no Norte de Minas. Ele estava de folga.

O corpo do adolescente foi sepultado na tarde desta segunda (20), no Cemitério Parque Jardim da Esperança, em Montes Claros. A família está revoltada com o crime e com a soltura do suspeito. Além de todo o sofrimento pela perda, uma tia de Josué alega que ele foi vítima de comentário racista em uma rede social depois da morte.  

O adolescente foi morto no meio da rua, com um tiro na cabeça. Apontado como autor do disparo, o policial penal foi preso pela Polícia Militar logo após o homicídio e arma do crime foi apreendida. 

Nesta segunda-feira, a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o assassinato. De acordo com o delegado de Homicídios, Bruno Rezende da Silveira, o policial penal disse que agiu em “legítima defesa”. O suspeito alegou que um grupo de pessoas lançou pedras e garrafas no telhado de sua casa e que, após reclamar pela quarta vez, atirou em direção ao grupo, atingindo o adolescente.

O servidor também argumentou que sofreu retaliação por parte dos frequentadores de um bar situado em frente à casa dele. Disse que o estabelecimento foi fechado pela Vigilância Sanitária, em função de descumprimento de medidas preventivas contra a transmissão do coronavírus, e que os frequentadores acham que ele foi responsável pela ida da equipe de fiscalização até o local. 

No entanto, a família do adolescente desmente a versão do suspeito e sustenta que o policial penal fez o disparo a sangue frio. “Foi covardia. Ele atirou no menino pelas costas”, afirma o operário Antonio José Nogueira, pai de Josué. 

O que diz a defesa do policial penal

Após prestar depoimento, o policial foi encaminhado para o presídio de Bocaiuva, determinado como porta de entrada de novos detentos por conta da pandemia. Warlen Freire Barbosa, responsável pela defesa dele, explica que pleitou a liberdade "considerando que ele não coloca em risco a sociedade". A decisão saiu no sábado e o policial foi solto nesta segunda (19).

“Eu me reuni com o juiz colocando o policial à disposição para esclarecimentos. Ele ficou extremamente desesperado quando viu o que aconteceu, pois agiu em legítima defesa. Era um grupo de cinco pessoas, sendo que dois teriam avançado na direção dele. O tiro foi como forma de se defender e acabou acertando um dos meninos que estava correndo”, frisa Warlen Freire Barbosa.

Revolta com a soltura do suspeito

Embora tenha sido autuado em flagrante, o policial penal foi solto nessa segunda-feira. Extraoficialmente, a defesa teria argumentado que ele tem endereço e trabalhos fixos e “não oferece perigo para sociedade”, devendo, por isso, ficar à disposição da Justiça e aguardar o julgamento em liberdade.

A manicure Ellen Teixeira, de 31, tia de Josué, disse que a família já estava inconformada com a morte do adolescente e ficou ainda mais revoltada com a liberação do suspeito do crime. 

“A gente fica muito revoltada em saber que antes do sepultamento do meu sobrinho, a pessoa que tirou a vida dele já está de volta à liberdade. Isso dói e provoca revolta em qualquer um”, lamentou Ellen. 

“A justiça do homem falha. Mas, creio que a justiça de Deus nunca falha”, completou. 
Na internet, família leu comentários racistas e desrespeitosos contra adolescente morto
Foto: Reprodução

Depois de tudo, racismo

Ellen também disse que seu sobrinho foi vitima de um comentário de cunho racista em uma rede social. “Uma pessoa comentou que, pelo aspecto do meu sobrinho, ele era drogado e vagabundo, deixando a entender que, por isso, o agente penitenciário deveria ter feito o que fez com ele. Mas então, se ele fosse branco, talvez, a mesma pessoa achava que o agente não deveria ter agido desta forma, ao tirar a vida de um inocente?”, questiona a tia a vítima.

Ela disse ainda que Josué, integrante de uma família de seis irmãos, sempre foi honesto e uma pessoa de bom comportamento, sem antecedentes criminais. Declarou ainda que o adolescente já trabalhou como menor aprendiz em um supermercado da cidade. 

Sejusp e Depen-MG manifestam pesar

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), por meio de nota, informaram que, “com profundo pesar” tomaram conhecimento de fato, envolvendo um policial penal”.

“No entanto, antecipadamente, caso comprovado em investigação competente já instaurada pela Polícia Civil de Minas Gerais, repudiam veementemente o possível comportamento inadequado com uso de arma de fogo por um policial penal, envolvido nessa ocorrência”, ressaltaram. 

A Sejusp destaca que, “de acordo com informações preliminares, o servidor estava fora do horário de serviço e fez uso inapropriado do seu instrumento de trabalho, cuja utilização se restringe à defesa pessoal, atrelada ao seu exercício funcional de custódia e ressocialização de detentos”.  

Informou que, além da investigação criminal por parte da Polícia Civil, o caso será alvo de “rigorosa apuração dos fatos no âmbito administrativo” pelo Depen-MG.

A pasta destaca que classifica a atitude do policial penal em questão como um ato isolado, que “não representa o comportamento dos mais de 17 mil servidores do sistema prisional, responsáveis pela custódia de cerca de 60 mil presos, em todo território mineiro”.

A Sejusp ressaltou ainda que nos próximos dias “a secretaria vai ampliar a reciclagem de profissionais do sistema prisional sobre o tema, para que fatos dessa natureza não voltem a acontecer e para reforçar o seu papel institucional primordial de proteção da sociedade mineira”

Fonte: G1/ESTADO DE MINAS

8 comentários:

  1. Problema de não ter todos os fatos que possibilitariam uma visão mais precisa do que aconteceu. Em outra postagem um colega disse que o Policial Penal teve tempo de chamar a polícia (se é q não o fez). Verdade. Segundo a própria postagem agora ele teria reclamado "pela quarta vez com o grupo" (demonstra q provavelmente teve tempo pra pedir apoio da polícia). Segundo a postagem o pai do rapaz morto alega que o Policial "atirou no menino pelas costas'. O proprio advogado do policial alega que ele acertou o menino que "ESTAVA CORRENDO". Oras, se estava correndo, provavelmente a exibição da arma, ou o que quer que disse o Policial, já tinha conseguido parar o ataque que vinha sofrendo. Enfim, a situação do policial não é nada confortável! Péssima mesma é a situação do rapaz: está morto. emanuel- assis

    ResponderExcluir
  2. Portar arma não é para qualquer um...Atirar só em legítima defesa,deixe o ego de lado.

    ResponderExcluir
  3. Só uma perícia pra dizer se ele estava correndo pra continuar o ataque ao Policial (acertou o tiro na cabeça, pela frente) ou se estava correndo do Policial (acertou o tiro na cabeça, por trás). Lamentável ver o estrago feito tanto na vida do polícia qto na família do rapaz. emanuel-assis

    ResponderExcluir
  4. Bar em frente de casa já é uma tragédia por si só. Enquanto 1 precisa dormir cedo pra acordar cedo e trabalhar, parece que 10.000 estão à toa na vida e quanto mais incomodam, melhor. Esse povo de beira de balcão e mesa de boteco de vila não se importa com a visinhança muito menos com as obrigações de pais de família.De gente de bem. Impossível cobrar consciência dessa trup de sem futuro. Olha aí a confusão, um policial penal encrencado. E se tivessem tomado a arma dele como fizeram com um PM de São Paulo, atiraram no pobre por que ele pensou em não utilizar a arma da corporação. Esta de cama até hoje. O que fazer senhores???

    ResponderExcluir
  5. Pelo noticiado aparenta uma clara legitima defesa do Policial Penal,com a arma do estado ou particular,o PP agiu certo.A toda ação uma reação,com arma ou sem arma certamente haveria uma tragédia considerando estar um grupo de pessoas atacando o PP.

    ResponderExcluir
  6. Pelo noticiado aparenta uma clara legitima defesa do Policial Penal,com a arma do estado ou particular,o PP agiu certo.A toda ação uma reação,com arma ou sem arma certamente haveria uma tragédia considerando estar um grupo de pessoas atacando o PP.

    ResponderExcluir
  7. Guerreiro concurseiro vc tá coberto de razão! O diacho é q cada caso é um caso. Lembra daquele colega q ouviu um barulho de madrugada no telhado e meteu bala? Num é q a desgrama do vizinho tava "acertando"a antena! Imagina se o colega "acerta" tbm, só q o tiro! Tava ferrado! Há alguns anos um preso veio reclamar comigo! Ele estava cumprindo pena por sequestrar e matar um vizinho. Volta e meia o programa do Marcelo Rezende falava sobre o caso dele. As pessoas se lembravam e a família dele era hostilizada na rua. Eu disse pra ele q no Brasil não existe prisão perpétua. Que mais cedo ou mais tarde ele iria sair da prisão e voltar pra vida "normal". Que a mãe e o pai do rapaz q ele matou nunca mais iriam abraçar, beijar, falar... com o rapaz q ele tinha matado. Quem estava pior? Ele, preso, ou o rapaz morto? O policial fez merda? Fez. PROVAVELMENTE será absolvido se for réu primário, bons antecedentes... Se condenado, provavelmente, poderá recorrer em liberdade... O filha da mãe do "menor" tinha que atacar sua casa? Não, não tinha. Mas o cara tá morto. Vale a pena matar alguém porque jogou pedra e garrafa no telhado? Talvez valha. Talvez não. A história é uma colcha de retalhos! Duas postagens, com detalhes diferentes! Como bem disse o Johnny santos ao comentar a primeira postagem "(...) Não sabemos o que de fato aconteceu (...)". Talvez ninguém q esteja lendo este blog saiba. Eu mesmo errei ao comentar sem conhecer todos os fatos. emanuel-assis

    ResponderExcluir
  8. O CARA É O TÍPICO BOLSONARISTA RAIZ , CARA DE SORDADO BRABÃO, JUSBRASIL,REAÇA, NEW PENTEC, QUE ACHA QUE VAI PRO CÉU,

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário e obrigado pela sua colaboração.