20 agosto 2020

VÍDEO: Major Olímpio rebate e desmente o homem que colocou granada o bolso dos servidores públicos

O ministro mente ao afirmar que o item fazia parte do projeto de socorro de R$ 60 bilhões aos Estados e municípios. Governo Federal não gastou 1/3 do dinheiro que estava destinado a saúde.


Leandro Leandro
20/08/2020  

O Senado Federal derrubou o veto do que impede reajuste salarial a servidores públicos até o fim do ano que vem. O item fazia parte do projeto de socorro de R$ 60 bilhões aos Estados e municípios. Caso isso se confirme, governos locais ganham autorização para reajustar os vencimentos dos serviços da saúde da segurança pública.

O veto é considerado como essencial pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Após a votação dessa quarta-feira, 19, ele disse que os senadores “deram um sinal muito ruim” ao usar dinheiro destinado à saúde para o aumento de salários e classificou o resultado como um “crime contra o país”.

Para que a derrubada se concretize, no entanto, ela precisa ser chancelada pela Câmara dos Deputados, em sessão prevista para esta quinta-feira, 20. A senadora Eliziane Gama comemorou o resultado. “Esses profissionais que estão na linha de frente precisam ser resguardadosEles, ao contrário dos demais que estão em isolamento, estão lá em nome da ética e em nome da vida. É fundamental a manutenção e a necessidade do reajustes dos salários desses profissionais”, explica.

Vídeo em que Guedes se vangloria de ter colocado granada no bolso de servidores


Ministério só gastou 27,2% do dinheiro para combater pandemia até 20/07/20, admite Pazuello

O Ministério da Saúde gastou menos de um terço dos R$ 39,3 bilhões liberados para o combate ao coronavírus por meio de medidas provisórias. A informação é do interino da pasta, general Eduardo Pazuello, que participou de uma audiência pública remota da comissão mista criada para acompanhar as ações do governo federal no enfrentamento à covid-19. De acordo com o ministro interino, a pasta pagou até agora R$ 10,9 bilhões — o equivalente a 27,2% do total.

Desde o início da crise provocada pelo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro editou oito medidas provisórias com recursos específicos para o Ministério da Saúde. Nenhuma delas teve os recursos integralmente aplicados, segundo a apresentação de Eduardo Pazuello.

Ministro interino da Saúde admitiu que o governo gatsou menos de 1/3 do dinheiro destinado ao combate a pandemia
A situação mais crítica é da MP 969/2020, que autoriza a liberação de R$ 10 bilhões para estados e municípios enfrentarem a covid-19. De acordo com o ministro interino, nenhum real foi pago. Apesar disso, Pazuello considera que o ritmo das despesas “está bom”.

— O percentual de saldo que temos considero que está bom. É bom que tenha algum saldo para que a gente possa manobrar. Tirando a MP 969/2020, que ainda está praticamente em elaboração, com o saldo das demais, estamos trabalhando na aquisição de EPIs [equipamentos de proteção individual] e na contratação de leitos. Isso é um processo lento e técnico. Não pode apenas pegar um oficio, carimbar e mandar — disse.

As MPs preveem ações como compra de EPIs, testes, monitores e ventiladores pulmonares; aluguel de leitos de UTI; produção de medicamentos; remuneração e contratação temporária de profissionais de saúde; e auxilio financeiro emergencial a santas casas e hospitais filantrópicos.
Além de reajustes aos trabalhadores na linha de frente, o trecho a ser acrescentado à legislação inclui
a contagem de tempo de serviço Imagem: Paula Fróes/GOV BA
Pazuello apontou as “principais razões” para o fato de R$ 28,4 bilhões — o equivalente a 72,8% do total — ainda não terem sido pagos. Entre elas, a dificuldade para aquisição de EPIs, ventiladores e outros equipamentos para terapia intensiva, assim como para a contratação de UTIs. Além disso, segundo o ministro, a liberação do dinheiro em alguns casos depende da elaboração de portarias e da adesão de municípios. Em outras situações, o dinheiro não foi pago porque se trata de uma provisão para pagamentos futuros.

Durante a audiência pública, o ministro destacou as principais ações no enfrentamento da pandemia. Segundo ele, a pasta aplicou R$ 1,2 bilhão na habilitação de 8,6 mil leitos de UTIs. Foram distribuídas 12,9 milhões de doses de medicamentos: 4,4 milhões de comprimidos de cloroquina e 8,5 milhões de cápsulas de oseltamivir. O governo federal distribuiu também 115,7 milhões de EPIs e enviou 11,3 milhões de testes para todos os estados do país.

Major Olímpio rebate e desmente a fala de Paulo Guedes 

Senado derruba o veto presidencial

Esses profissionais estão entre as exceções à proibição de reajustes e contagem de tempo no serviço público, que foi estabelecida pela Lei Complementar 173, de 2020 como contrapartida ao auxílio federal de R$ 125 bilhões para estados e municípios durante a crise sanitária. Também são beneficiados os militares, os trabalhadores de limpeza urbana, os agentes penitenciários, os assistentes sociais e os trabalhadores de serviços funerários.

Apenas os trabalhadores dessas categorias que atuem diretamente no combate à pandemia estão livres da restrição. Os demais servidores públicos federais, estaduais e municipais continuam enquadrados na proibição, que vai até o fim de 2021.

A contagem do tempo de serviço serve para progressão de carreira, concessão de aposentadoria e acúmulo de licenças e gratificações.

Com a derrubada do veto, os estados e municípios também poderão usar o dinheiro recebido do auxílio federal para concederem os reajustes salariais.
de reajustes aos trabalhadores na linha de frente, o trecho a ser acrescentado à legislação inclui a contagem de tempo de serviço Imagem: Paula Fróes/GOV BA

Debate

O senador Major Olimpio (PSL-SP) foi o primeiro a defender a derrubada do veto durante a sessão. Para ele, o “congelamento” de salário como contrapartida para o auxílio federativo é desnecessário, pois o setor público já terá dificuldades naturais para conceder reajustes. Além disso, a regra é “desumana” com os trabalhadores mais importantes neste momento, disse o senador

Em todos os países do mundo quem está na guerra é condecorado. Nós estamos tirando [direitos] — afirmou Major Olimpio.

A senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) observou que os servidores das categorias destacadas estão mais vulneráveis ao novo coronavírus, pela natureza das suas atividades.

Esses profissionais não podem trabalhar remotamente, eles têm que se expor. Têm que ter as suas proteções garantidas — disse Daniella Ribeiro.

Os senadores Alvaro Dias (Podemos-PR), Izalci Lucas (PSDB-DF) e Rogério Carvalho (PT-SE) defenderam que o dispositivo não representa uma obrigação de aumento de salários, mas apenas deixa essa decisão a cargo dos prefeitos e governadores no caso dos trabalhadores da linha de frente. Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) alertou que profissionais da segurança e da saúde estão entre os mais vitimados pela pandemia, e seus esforços estão “salvando os brasileiros”.

Fonte: Jovem Pan/Agência Senado

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