Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) anunciou em julho que detentos e servidores seriam testados em massa em prevenção ao coronavírus, mas até o momento não deu uma data para iniciar a ação e disse ser ‘em breve’.
Por Heloise Hamada, G1 - Presidente Prudente
30/09/2020 06h00
Dois detentos da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau morreram por causa da Covid-19 Foto: Reprodução/TV Fronteira |
Em julho, a SAP anunciou que levaria a testagem em massa para as unidades prisionais de Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Irapuru, e Pacaembu, juntamente com outras que formam um grupo de 23 presídios. Elas seriam "as próximas a passar pelos testes, após o bem-sucedido piloto que aconteceu na Penitenciária II de Sorocaba, em junho".
Por meio de nota, a SAP informou ao G1 que a "testagem em massa implementada pelo Governo do Estado às pessoas privadas de liberdade e aos servidores do sistema penitenciário paulista obedece a um cronograma técnico da área da saúde".
"As unidades da região Oeste que devem realizar a testagem em massa em breve são: Penitenciária de Andradina, Penitenciária e Penitenciária Feminina de Tupi Paulista, Penitenciária de Mirandópolis II, Penitenciária de Presidente Prudente, Penitenciária de Irapuru, CPP de Pacaembu e Penitenciária de Lavínia II", afirmou a SAP.
Testagem em massa já foi realizada em algumas unidades prisionais do Estado — Foto: Caio Daniel/Divulgação SAP |
Coronavírus nas unidades prisionais
O G1 solicitou dados sobre as 23 unidades prisionais instaladas na região de Presidente Prudente. Até o dia 21 de setembro, a população carcerária era de 28.154 detentos. Desse total, 63 foram diagnosticados com a doença e cinco morreram. Há quatro casos suspeitos.
As unidades com mais presos infectados são: Penitenciária de Irapuru (13), Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (10), CDP 2 de Pacaembu (14) e CPP de Pacaembu (13). As cinco mortes foram registradas na Penitenciária de Junqueirópolis (1), na Penitenciária de Lucélia (2) e na Penitenciária 2 de Venceslau (2).
Por "questão de segurança", números de funcionários por unidade não foram divulgados. Entre os servidores, 164 foram infectados pela Covid-19 e quatro morreram. Casos suspeitos estão em 24.
As unidades com mais trabalhadores contaminados são: Penitenciária de Pracinha (27), Penitenciária de Junqueirópolis (15), Penitenciária de Presidente Prudente (13), CPP de Pacaembu (12), Penitenciária de Presidente Bernardes (11), Penitenciária masculina de Tupi Paulista (11), Penitenciária de Lucélia (10), e Penitenciária de Marabá Paulista (10).
Unidades da Região Oeste estão superlotadas como as Penitenciária I e II de Mirandópolis cuja capacidade de ambas é de 2491 presos, mas que comportam em 28/09/20 a quantidade de 2.255 |
Confira na tabela abaixo os dados completos por unidade:
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Protocolos de segurança
De acordo com a SAP, nos casos suspeitos entre os presos, o paciente é isolado e a Vigilância Epidemiológica local é contatada. “Os servidores em contato com o paciente devem usar mecanismos de proteção padrão, como máscaras e luvas descartáveis. Se confirmado o diagnóstico, além de continuar seguindo os procedimentos indicados, o preso será mantido em isolamento na enfermaria durante todo o período de tratamento”, informou ao G1.
A SAP salientou que todo servidor com suspeita de diagnóstico do Covid-19 está “devidamente afastado sob medidas de isolamento em sua residência”, conforme orientações do Comitê de Contingência do coronavírus e a secretaria acompanha seu quadro clínico, “fornecendo todo o suporte necessário para sua recuperação”.
“A Secretaria da Administração Penitenciária tem realizado busca ativa para casos similares ao Covid-19 em toda a população prisional. Estamos seguindo ainda as determinações do Centro de Contingência do coronavírus e avaliamos permanentemente o direcionamento de ações para o enfrentamento do problema. Medidas de higiene e distanciamento preconizados pelos órgãos de saúde foram aplicadas, foram suspensas as atividades coletivas; a limpeza das áreas foi intensificada; a entrada de qualquer pessoa alheia ao corpo funcional foi restringida; foi determinada a quarentena para os presos que entram no sistema prisional; realizado o monitoramento dos grupos de risco; ampliação na distribuição de produtos de higiene, álcool em gel e sabonete e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual”, frisou ao G1.
Testagem em massa já foi realizada em algumas unidades prisionais do Estado — Foto: Caio Daniel/Divulgação SAP |
O que pensa a categoria
O presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), Valdir Branquinho, afirmou ao G1 que a SAP anunciou que faria essa testagem em massa, porém, sem passar um cronograma. "Não deram uma data para início na região de Presidente Prudente. Essa demora nos pegou de surpresa. Temos vários casos confirmados. Seguimos vivenciando a cada dia essa pandemia. Então, a preocupação continua. A SAP já deveria ter começado a testagem", pontuou ao G1.
Branquinho disse também que alguns servidores têm receio de trabalhar. "O que amenizou um pouco foi o afastamento de quem é do grupo de risco. Contudo, isso acabou sobrecarregando os que ficaram nas unidades, que está trabalhando na reposição dos funcionários", falou.
Ele explicou que, quando há suspeita de infecção pela Covid-19, os testes são feitos na rede pública de saúde ou de forma particular. "Essa testagem em massa dentro das unidades é necessária e bem-vinda para garantir a segurança dos servidores e detentos. Já deveriam ter começado", frisou o presidente do Sindasp.
Unidades da Região Oeste estão superlotadas como a Penitenciária de Junqueirópolis, cuja capacidade é de 873 sentenciados, mas que comporta 1795, segundo dados da SAP em 28/09/20 |
Ele também falou sobre os afastamentos e a sobrecarga de trabalho. "O Estado, que deveria cuidar, está sendo omisso. Com o afastamento de servidores devido à pandemia, os plantões nas penitenciárias estão sendo tocados com média de nove funcionário, onde eram feitos com 42, em dias normais. Os únicos funcionários que estão trabalhando na linha de frente vão sair de licença, pois estão vivendo sobre uma pressão ainda maior", disse ao G1.
Fonte: G1
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