Quatro suspeitos foram presos e um morto durante confronto com PMs; alvos são suspeitos de comandar envio de R$ 100 milhões ao Paraguai
Rogério Pagnan
14.set.2020 às 10h33
Policiais militares da Rota se preparam para participação de operação contra PCC em operação Sharks - Divulgação |
SÃO PAULO - O Ministério Público de São Paulo realiza na manhã desta segunda-feira (14) uma operação para tentar prender um grupo de criminosos ligados PCC, entre eles Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, apontado pelos serviços de inteligência do governo paulista como o número 1 da facção, ainda em liberdade.
Marcos Roberto de Almeida, conhecido por Africano ou por Tuta, é o principal alvo da operação de hoje do MP (Ministério Público), que mira suspeitos de assumirem a liderança da facção. Segundo as investigações, ele é a maior liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital) nas ruas atualmente.
Almeida é apontado como integrante da célula "restrita", responsável pelo levantamento de endereços de autoridades e de policiais alvos de possíveis atentados da organização criminosa.
Marcos Roberto de Almeida, o "Tuta", acusado de rastrear autoridades para o PCC - Imagem: Arquivo Pessoal |
Ao todo, a PM cumpre 12 mandados de prisão e 40 mandados de busca a apreensão em endereços de suspeitos de participar do bando. Esses nomes são, segundo a Promotoria, de criminosos indicados por Marco Camacho, o Marcola, chefão do PCC, para assumirem o comando da facção enquanto a cúpula permanece confinada em presídios do sistema federal.
Matéria jornalística
A Promotoria paulista investiga esse núcleo da facção desde 2018, quando foi realizada a prisão de um criminoso responsável pela finança da quadrilha e foram apreendidos agendas, celulares, notebook e uma contabilidade que indicava envio de recursos para o Paraguai na ordem de R$ 100 milhões.
Documentos apreendidos com ele levaram os investigadores a Eduardo Aparecido de Almeida, conhecido como Pisca, preso também em 2018, em uma luxuosa mansão em Assunção, no Paraguai.
Pisca era apontado como um dos principais membros da facção no exterior.
Um dos líderes da facção "Piska", foi preso no Paraguai no ano de 2018
A operação foi batizada de Sharks em razão do apelido do criminoso preso em 2018 e quem deu a origem à investigação: Tubarão.
Integrantes do Ministério Público devem falar com a imprensa para passar detalhes dessa operação às 14h desta segunda (14). O responsável pela investigação é o promotor Lincoln Gakya.
MP e policiais da Rota fazem operação para prender integrantes de facção criminosa |
Investigação aponta esquema de lavagem de dinheiro
Além das prisões, a operação visa desarticular um suposto esquema de lavagem de dinheiro feito por operação de câmbio informal no Paraguai e na Bolívia. Os investigadores estimam que a facção já movimenta cerca de R$ 100 milhões por ano.Entre os alvos da operação, estaria o encarregado por Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal líder da facção, de matar o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que foi o responsável por pedir a saída da cúpula do grupo do estado.
Na semana passada, o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) encaminhou ao MP paulista um relatório de inteligência dizendo que Marcola insiste no plano de matar Gakyia. Marcola teria ameaçado matar os criminosos que não conseguissem cumprir essa ordem.
Comandada por oito promotores de Justiça de diferentes regiões do estado, entre eles Gakiya, a operação tem apoio de policiais militares da Rota.
Grupo de Ações Táticas Especiais foi acionado após explosivos serem encontrados em endereço no litoral paulista Foto: Nina Barbosa/TV Globo |
Por ordem judicial, imagens da operação em andamento estão proibidas de serem divulgadas às imprensa. O MP pretende conceder uma coletiva de imprensa para dar mais detalhes, hoje à tarde.
Em 31 de agosto, as polícias Civil e Federal de Minas Gerais também fizeram uma megaoperação contra o PCC. A investigação mostrou, pela primeira vez, que o PCC se aproxima do modelo de atuação de máfias italianas.
Fonte: G1/UOL
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