06 fevereiro 2021

Sicário de policial penal do CRP de Presidente Bernardes, executado em 2009, ainda não foi julgado; vídeo

Ex-diretor da Gaviões da Fiel está preso há 10 anos aguardando julgamento, julgamento foi prejudicado no ano de 2020 por causa da pandemia.

Josmar Jozino

Colunista do UOL

05/02/2021

O ex-diretor da Gaviões da Fiel, Elvis Riola de Andrade, o Cantor não pagou por alguns dos crimes mais graves que teria cometido
O ex-diretor da Gaviões da Fiel Elvis Riola de Andrade, 43, o Cantor, acusado de matar um policial penal em maio de 2009 a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital), está preso há dez anos e oito meses aguardando julgamento.

Procurado pelo UOL, o advogado do preso, Eliseu Minichillo de Araújo, disse que assumiu a defesa de Cantor há alguns meses e ingressou com habeas corpus com pedido de liminar no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e em instâncias superiores, solicitando que o cliente aguarde o julgamento em liberdade por causa do excesso de prazo. Os recursos foram negados.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo informou que o júri foi marcado para o próximo dia 10 e que defensores do réu interpuseram vários recursos presentes no ordenamento jurídico e o processo foi desaforado para a comarca da capital em outubro de 2019. O TJ informou ainda que por alguns meses de 2020, os júris não puderam acontecer em razão da pandemia. 

Segundo o advogado, ainda há recursos pendentes. Um deles é a denúncia do caso feita à Corte Interamericana de Direitos Humanos. O defensor citou o Artigo 7º do Direito à Liberdade Pessoal e Artigo 9º do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos que dizem que toda pessoa presa deve ser julgada dentro de prazo razoável ou ser posta em liberdade.

Outro recurso pedindo o reconhecimento do constrangimento ilegal por excesso de prazo tramita no STF (Supremo Tribunal Federal). A liminar deve ser julgada nos próximos dias. 

No último dia 18, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) não apreciou um habeas corpus com pedido de liminar solicitando a liberdade do preso, sob a alegação de que o tribunal de origem (Tribunal de Justiça de São Paulo) ainda não havia examinado a matéria.

Testemunha protegida 

Em 5 de novembro de 2019, o STF havia determinado que o julgamento fosse marcado em 30 dias. Mas a sessão do júri só foi agendada para 26 de junho de 2020. Porém, não foi realizada por causa da pandemia de covid-19. 

Cantor foi acusado de ter matado com tiros de pistolas 380 o agente penitenciário Denilson Dantas Jerônimo, 36. O crime aconteceu na madrugada de 3 de maio de 2009, na cidade de Álvares Machado.

A vítima trabalhava no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes, um presídio inaugurado em 2002 para abrigar líderes de facções criminosas.

Uma testemunha protegida acusou Cantor de ter sido recrutado pelo PCC para matar o agente. Outros integrantes da alta cúpula da facção criminosa também foram acusados, mas o processo contra eles acabou arquivado. 

Preso em 27 de maio do ano de 2010, assassino do policial penal teria outros crimes para pagar

Funcionário da escola de samba

Cantor foi preso em 27 de maio de 2010. Meses antes ele havia desfilado na Gaviões da Fiel no Anhembi. Até hoje o preso tem esse apelido porque era também puxador de samba da escola.

Algum tempo depois da prisão de Cantor, a Gaviões da Fiel informou à Justiça, apresentando holerite, que o preso era funcionário da escola, exercia o cargo de diretor de compras e tinha salário de R$ 4 mil mensais desde abril de 2007. 

O preso negou à Justiça envolvimento no assassinato do policial penal. Eliseu Minichillo ressaltou que seu cliente é inocente, não integra facção criminosa e está preso há mais de dez anos "por causa do depoimento de uma testemunha que o reconheceu após ter visto a imagem de uma missa de revelação"

Beneficiado com sumiço de inquéritos

Sumiço de inquérito beneficia líder de facção criminosa e assassino do agente de Álvares Machado/SP

Elvis Riola de Andrade não pagou por alguns dos crimes mais graves que teria cometido durante os ataques que a facção cometeu em São Paulo em 2006.

O inquérito começou porque o líder era suspeito de ter organizado os atentados na zona Oeste da cidade.

Ele é o assassino do policial penal Denilson Dantas Gerônimo, de 27 anos,  que foi executado com 14 tiros de pistola calibre 380, no dia 03 de maio de 2009,  quando chegava em sua residência, no bairro Nossa Senhora da Penha, no município de Álvares Machado (576 km a oeste de São Paulo).

De acordo com a Polícia Civil, o policial penal havia ido com a namorada assistir a um show musical em Presidente Prudente e, no início da madrugada, retornava para sua residência quando foi assassinado.

Segundo declarações da namorada da vítima, assim que o agente estacionou o veículo na frente da casa, na rua Sete de Setembro, ele desceu do carro para abrir o portão e foi executado com 14 tiros.

Ainda de acordo com a testemunha, o autor dos disparos não disse palavra alguma. Ele deu 15 tiros e fugiu em um carro com placas de Campinas (SP). No local do crime, a polícia apreendeu 15 cápsulas deflagradas de pistola calibre 380 e alguns projéteis amassados.

Vídeo de  03/19 - Cantor não pagou por alguns dos crimes mais graves que teria cometido durante os ataques que a facção cometeu em São Paulo em 2006

Denilson Dantas Gerônimo trabalhava no sistema carcerário havia sete anos e, atualmente, era chefe de turno no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP), unidade de segurança máxima que fica em Presidente Bernardes (SP) e é destinada aos sentenciados de altíssima periculosidade e aqueles que cometem faltas graves, principalmente relacionadas ao comportamento.

O CRP de Presidente Bernardes possui 160 celas individuais, onde o sentenciado é vigiado 24 horas por dia, tem banho de sol em horário reduzido e monitorado, não tem acesso a rádio ou TV e recebe apenas duas visitas, sem contato físico. O preso vê a visita por meio de um vidro blindado e conversa por uma espécie de telefone. A unidade abrigou sentenciados como Fernandinho Beira-mar, Marcola, Andinho, Norambuena e outros presos de alta periculosidade.

Ele foi preso passado mais de um ano após ter cometido o assassinato. Desde a data do crime, a Polícia Civil prosseguiu nas investigações que culminaram com a localização e detenção do acusado, encontrado no Grajaú, bairro da zona sul de São Paulo.

Mantida prisão de acusado de matar policial penal a mando de facção criminosa

O citado assassino do policial penal recorreu de todas as formas no intuito de não ser culpabilizado pelo homicídio cometido, mas seu último recurso também foi negado pelo STF no ano de 2017.

Fonte: UOL

Complemento da matéria: Leandro Leandro/Rede Record

Vídeo: Rede Record

0 comments:

Postar um comentário

Deixe seu comentário e obrigado pela sua colaboração.