CAÇADOS: Ataques a policiais penais deixam 3 mortos e 3 feridos em 5 dias no Pará

O último ataque foi ontem à noite no município de Ananindeua, na região metropolitana, e terminou com a morte de Rafael Garcia, motorista da secretaria.

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém

15/07/2021 21h17

Rafael Farias foi morto na noite de quarta em Ananindeua. É a sétima morte de servidor penitenciário no estado este ano

Três servidores da Secretaria de Administração Penitenciária do Pará morreram e mais três ficaram feridos em ataques nos últimos cinco dias em Belém. Outro policial penal teve a casa atingida por tiros, mas não se feriu. As forças de segurança investigam se há ligação entre os crimes.

O último ataque foi ontem à noite no município de Ananindeua, na região metropolitana, e terminou com a morte de Rafael Garcia, motorista da secretaria.

O corpo de Rafael Farias, motorista da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), será enterrado na manhã desta sexta, segundo familiares. Ele é o sétimo profissional do sistema penitenciário executado este ano no Pará.

O policial penal Wellington Claudio Lima foi executado a tiros dentro de casa, no bairro
Icuí-Guajará, em Ananindeua, região metropolitana de Belém

Um parente da vítima disse que, em vida, ele era muito preocupado com os amigos e reclamava muito sobre a falta de cursos para os policiais penais e da falta de carteira funcional. "Ele só queria mais atenção para os policiais penais", afirma parente, que preferiu não ser identificado.

Segundo testemunhas, ele estava assistindo a um jogo de futebol em um bar localizado na rua We 79, no conjunto Cidade Nova 6, quando um homem chegou ao local, pediu uma cerveja e, após alguns instantes, disparou vários tiros na direção da vítima, que foi atingida na cabeça. Rafael chegou a ser levado para um hospital no bairro, mas não resistiu.

Com este caso, aumentou para sete o número de ataques contra agentes de segurança, em uma onda de violência registrada desde o último sábado (10). Três ataques resultaram em mortes.

Quatro ataques ocorreram em Belém, nos bairros do Tapanã, Fátima e Telégrafo. Os outros dois casos foram em Marituba, em Ananindeua, onde as vítimas foram assassinadas. Em nota emitida na na quarta (14), a Seap disse informou que os casos podem ter relação com o crime organizado.

Mortes de policiais têm assustado paraenses. — Foto: Reprodução / TV Liberal

Sobre os ataques, a Seap disse que implementou a portaria 637/2021, estabelecendo estratégias que reforcem a ordem, controle e disciplina no sistema prisional. Segundo a nota, "a Coordenadoria de Assistência e Valorização ao Servidor (CAVS) está dando suporte às famílias dos servidores vitimados".

Em nota, a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) informou que está dando suporte às famílias das vítimas dos ataques.

Por conta das características da função, o órgão ressaltou que realiza ações de orientação e proteção aos policiais penais, com o porte de arma, programa de auxílio-moradia para servidores ameaçados, cursos e orientações de comportamento defensivo com estratégias de autoproteção.

A Seap disse, ainda que, por conta das características da função, "ressalta que executa ações de orientação e proteção aos policiais penais, programa de auxílio-moradia para servidores ameaçados, cursos e orientações de comportamento defensivo com estratégias de auto-proteção".

A Polícia Civil informa que investiga a série de ataques. Inquéritos policiais foram instaurados para apurar os crimes.

Informações que possam ajudar na identificação e localização dos autores dos crimes podem ser repassadas pelo Disque Denúncia, 181; ou para o Centro Integrado de Operações (Ciop) pelo 190; ou pelo número (91) 98115-9181.

Suspensão de visitas foi anunciada diante da retomada dos atentados contra a vida de policiais
penais por parte de organização criminosa, ordens são emanadas das prisões

Suspensão de visitas

Como resposta à onda de violência, a Seap resolveu suspender por trinta dias o direito de visitas aos detentos e o direito de entrevista com os advogados.

Apontando críticas à medida, a Ordem de Advogados do Brasil - Seção Pará (OAB-PA) impetrou um mandado de segurança na Justiça Federal contra a portaria da Seap, e disse que iria acionar o Conselho Federal da OAB sobre o assunto.

O advogado Eduardo Imbiriba, da Comissão de Defesa de Direitos e Prerrogativas da OAB-PA, critica a suspensão das visitas de advogados nas casas penais e cobra resposta do sistema penitenciário sobre a onda de crimes.

"Nós queremos saber da instituição o que está ocorrendo e por que todo esse estado de caos que vem aterrorizando a cidade. Uma coisa é estabelecer parâmetros de atuação no sentido de organizar o sistema penal, outra coisa é enrijecer e prejudicar o trabalho do profissional da advocacia, pressupondo que esses profissionais têm algo a ver com a eclosão desses fatos dentro de um sistema penitenciário, o que não é verdade", afirma.

Prints de supostas conversas foram publicados-Crédito: Reprodução/ Redes Sociais

Organização criminosa compartilha fotos e endereços de policiais penais em grupos de mensagens; veja!

Após a morte do sétimo servidor da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), durante a noite da última quarta-feira, 14, na Grande Belém, o nível de alerta para agentes e policiais penais ficou ainda mais elevado. 

A reportagem teve acesso a prints de supostos grupos com integrantes de organizações criminosas divulgando fotos e endereços de agentes penais, em um aplicativo de mensagens instantâneas “Tá liberado meus amigos vamos correr pra cima do problema", diz um dos integrantes. 

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária foi procurada para esclarecer quais medidas estão sendo tomadas para assegurar a vida dos servidores e aguardamos retorno da entidade.

Criminosos estão caçando nas ruas servidores penitenciários e profissionais da Segurança Pública
Crédito: Reprodução/ Redes Sociais

Fonte: UOL/G1/Roma News

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