Segundo o delegado César Antonio Saad, da 6ª Delegacia de Delitos de Intolerância Esportiva, a versão de 'legítima defesa' apresentada pelo policial penal José Ribeiro Apóstolo Junior encontra respaldo em imagens e depoimentos colhidos no local do homicídio.
Por Bruno Tavares, TV Globo — São Paulo
03/03/2022
O agente penitenciário José Ribeiro Apostolo Junior (esquerda), acusado de atirar contra o torcedor Dante Luiz Oliveira Rosa, em 12 de fevereiro. — Foto: Montagem/g1 |
O delegado César Antonio Saad, da 6ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), concluiu que a versão dada pelo agente José Ribeiro Apóstolo Junior encontra respaldo nas imagens e nos depoimentos colhidos no local do homicídio.
O crime aconteceu em 12 de fevereiro. Ao ser preso, José Ribeiro Apóstolo Jr. disse na delegacia que estava de folga e resolveu assistir ao jogo em um bar nas imediações do estádio Allianz Park.
Segundo o delegado que preside o Inquérito Policial as imagens são claras e corroboram a versão do agente |
“Há alguns metros foi derrubado, e novamente foi agredido por vários indivíduos da torcida organizada, sendo agredido a pontapés na cabeça, no rosto, no nariz, e nesse momento caiu. (...) Foi alcançado por vários indivíduos, e foi encurralado e novamente foi agredido e tentaram tomar a arma de sua mão, e diante da situação não sabe informar se o disparo efetuado pela arma foi sua ação ou dos indivíduos que tentavam subtrair sua arma”, declarou o documento.
Delegado fala sobre depoimento de policia penal
Após o disparo, o policial penal disse que conseguiu chegar até os policiais militares que faziam a segurança do local e entregou a arma dele, se identificando como agente.
Até então, não se sabia do estado do torcedor Dante Luiz Oliveira Rosa, que foi levado para ser atendido no Hospital das Clínicas, onde morreu.
Outro torcedor envolvido na confusão, Rodrigo Diego Bachmann, foi atingido na mão pelo mesmo disparo que matou Dante. Bachmann passou por cirurgia para a retirada do projétil no Hospital da Lapa, na Zona Oeste.
Ao ouvir os policiais militares que estavam no local e testemunhas que presenciaram a briga entre torcedores da Mancha Verde, o delegado César Antonio Saad concluiu que a versão de legítima defesa apresentada pelo atirador está correta e encaminhou o inquérito para que a Justiça tome providências.
Ainda, segundo o delegado César Antonio Saad, o agente agiu em Legítima Defesa da própria vida |
“Analisando minuciosamente as imagens do fato, expostas pela mídia televisiva observamos que há coerência entre a narrativa de José Ribeiro Apóstolo Junior, o depoimento dos policiais militares, e as imagens”, afirmou o delegado.
José Ribeiro Apóstolo Junior foi preso em flagrante pelo disparo e permanece detido até nova decisão judicial.
No inquérito encaminhado à Justiça, o delegado criticou a forma violenta como as torcidas organizadas agem nos estádios de futebol.
“Constatamos que entre os verdadeiros torcedores, existem indivíduos que na verdade não são torcedores, são agressores com histórico de violência, os quais saem de suas casas já com a finalidade de promover tumultos e confusões, e premeditadamente se armam com bombas caseiras, rojões, barras de ferro, paus, pedras, planejando e organizando ataques contra integrantes de outras torcidas. Esses indivíduos nada temem e enfrentam até a Polícia Militar quando ela surge para conter os tumultos”, disse o delegado.
Homenagem do ex-jogador Marcos Assunção a Dante Luiz, torcedor do Palmeiras que foi baleado e morreu após confusão na Rua Palestra Itália - Foto: Reprodução/Redes Sociais |
Quem é a vítima
Pai de cinco filhos, Dante Luiz Oliveira Rosa tinha 42 anos, era membro da torcida organizada Mancha Alvi Verde e também fazia parte da bateria da escola de samba Mancha Verde, onde tocava cuíca.
A viúva de Dante Luiz, Thamires de Oliveira, diz em vídeo gravado durante o velório que o marido deixou uma menina de 2 anos e 6 meses entre os cinco filhos.
"Ele amava o time dele, mas não era violento", afirmou ela.
O sepultamento de Dante aconteceu no Cemitério da Paz, em Caieiras, na Grande São Paulo, onde ele morava com a família.
"Lamentamos o falecimento do nosso amigo Dante Luiz, ou Dante da Cuíca, como ele gostava de ser chamado por fazer parte da nossa bateria, tocando o instrumento", escreveu a escola de samba, em nota.
Os perfis da torcida organizada também lamentaram a morte do rapaz. "É com tristeza que comunicamos o falecimento do nosso amigo Dante, que era membro da nossa torcida e apaixonado pelo Palmeiras. Nossas condolências aos familiares."
Imagens dos vídeos mostram quem é a vítima, concluiu delegado
Fonte: G1
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