02 novembro 2023

Câmara aprova aumento de penas para furto, roubo e latrocínio

Texto que aumenta punição a alguns crimes previstos no Código Penal seguirá para o Senado.

Victoria Azevedo

1º.nov.2023

Fachada do Congresso Nacional em Brasília - Leonardo Sá/Agência Senado
BRASÍLIA - O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira (31) um projeto de lei que endurece penas a crimes previstos no Código Penal brasileiro, apesar dos esforços de parlamentares governistas para adiar a apreciação da matéria. Agora, o texto será discutido pelos senadores.

O texto aumenta penas para quem comete furto, furto qualificado, roubo, roubo com lesão corporal grave, latrocínio (roubo seguido de morte) e receptação.

Entre as mudanças, por exemplo, estão o aumento das penas mínimas de furto (de um para dois anos de reclusão), de roubo com lesão corporal grave (de 7 anos para 16 anos de reclusão) e de latrocínio (de 20 para 24 anos de reclusão).

O texto ainda inclui no Código Penal penas para crimes como furto qualificado de animal doméstico e receptação de animal doméstico (que não estavam previstos na legislação até então).

Número de pessoas com monitoramento de tornozelerias eletrônicas aumentou, principalmente após
a pandemia de Covid-19 por recomendação do CNJ - Imagem: Bruno Santos/Folhapress
O projeto foi aprovado por 269 votos a favor e 87 contrários. As federações PT-PCdoB-PV e PSOL-Rede orientaram contra a matéria. O bloco que reúne partidos como MDB, PSD, Republicanos e Podemos liberou a sua bancada.

Na sessão de terça, parlamentares governistas apresentaram requerimentos que retirava o projeto da pauta, que adiava a discussão da matéria e que adiava a sua votação —mas foram derrotados.

De autoria dos deputados Delegado Da Cunha (PP-SP), Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e Marcos Pollon (PL-MS), o projeto foi relatado por Alfredo Gaspar (União Brasil-AL).

Inicialmente, Kataguiri propôs em seu texto um aumento ainda maior das penas para quem cometesse furtos e roubos, mas o relator da matéria alterou isso em seu parecer.

"Buscando uma correlação com a realidade do Código Penal e com outros tipos penais, com objetos jurídicos protegidos que tinham alguma semelhança, nós fizemos essa adequação", afirmou Gaspar à Folha.

Violência em escolas, onde menor de 14 anos esfaqueou uma funcionária em São Paulo, em 23 de novembro de 2021
Ele disse também que há um aumento de furtos no país, e que ninguém aguenta mais essa situação. "Na segurança pública, um dos principais temas é a mensagem que você passa. E a mensagem que a Câmara está passando com esse projeto é que o Brasil precisa combater a criminalidade."

O relator também acatou duas emendas apresentadas no texto final que foi votado. Uma delas endurece o crime de interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico para dois a quatro anos de reclusão, além de multa (antes era um a três anos).

A outra emenda define como crime fraude eletrônica caso ela seja cometida "com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos, envio de correio eletrônico fraudulento, duplicação de dispositivo eletrônico ou aplicação de internet". A pena será de quatro a oito anos de reclusão, além de multa.

Parlamentares da base aliada do governo federal criticaram o andamento do projeto na Câmara, afirmando, entre outras coisas, que ele servirá para aumentar a população carcerária do país.

"Está muito claro aqui quando apresentamos uma série de argumentos sobre não haver evidências, em nenhum lugar do mundo, de que o aumento da pena desestimula o crime. Fosse assim, lugares com pena de morte, lugares com prisão perpétua teriam índices baixíssimos de criminalidade. E não é o que acontece", afirmou Tarcísio Motta (PSOL-RJ).

"Vossas excelências querem botar gente na cadeia, querem encarcerar mais, querem manter violações de direitos humanos e não resolver os problemas reais do Brasil", disse Talíria Petrone (PSOL-RJ).

Cresce o armamento da popualção em razão da flexibilização das Leis, número de armas com
registro ativo no Sinarm chegou a 1,5 milhão em 2022, crescimento de 47.5% em relação a
2019 - Imagem: Carlos Macedo/Folhapress

ALTERAÇÕES COM A APROVAÇÃO DO PROJETO

Furto

Como é hoje: um a quatro anos de reclusão (e multa)

Como fica: dois a seis anos de reclusão (e multa)


Furto qualificado

Como é: dois a oito anos de reclusão (e multa)

Como fica: três a oito anos de reclusão (e multa)


Furto qualificado por fraude em dispositivos eletrônicos

Como é: quatro a oito anos de reclusão (e multa)

Como fica: quatro a dez anos de reclusão (e multa)


Furto qualificado de veículo transportado para fora do estado ou para o exterior

Como é: três a oito anos de reclusão

Como fica: quatro a dez anos de reclusão


Furto qualificado de animal de produção

Como é: dois a cinco anos de reclusão

Como fica: quatro a dez anos de reclusão


Furto qualificado de animal doméstico

Como é: -----

Como fica: quatro a dez anos de reclusão


Furto qualificado de dispositivos eletrônicos

Como é: -----

Como fica: quatro a dez anos de reclusão (e multa)


Roubo

Como é: quatro a dez anos de reclusão (e multa)

Como fica: seis a dez anos de reclusão (e multa)


Roubo com lesão corporal grave

Como é: 7 a 18 anos de reclusão (e multa)

Como fica: 16 a 24 anos de reclusão (e multa)


Latrocínio

Como é: 20 a 30 anos de reclusão (e multa)

Como fica: 24 a 30 anos de reclusão (e multa)


Receptação

Como é: um a quatro anos de reclusão (e multa)

Como fica: dois a seis anos de reclusão (e multa)


Receptação de animal de produção

Como é: dois a cinco anos de reclusão (e multa)

Como fica: três a oito anos de reclusão (e multa)


Receptação de animal doméstico

Como é: -----

Como fica: três a oito anos de reclusão (e multa)


Interromper serviço telefônico, telegráfico ou radiotelegráfico

Como é: um a três anos de detenção (e multa)

Como fica: dois a quatro anos de reclusão (e multa)

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

5 comentários:

  1. já que vai mexer, aumenta mais isto aí. tem que desencorajar vagabundo a cometer crimes maiores

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  2. Espero que coloquem isso em prática ainda esse ano que tá acabando

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  3. Kardilho vulgo guarda Juju, vc jamais será polícia!!!! Priiii piiiiiii piiiii priiii piiiiiii piiiii priiii piiiiiii piiiii priiii piiiiiii

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  4. Olha os argumentos da base do Governo querem aumentar o encarceramento, é só não furtar não roubar horas bolas eu acho que é só aumentando as penas para que esses vagabundos pensem antes cometer crimes, do jeito que está tá fácil na minha opinião tinha que aumentar mais isso aí, porque dependendo da pena. nem preso fica!!

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  5. O que deviam mudar é aplicação de benefício em pena mínima. Pena mínima devia ser o mínimo de tempo que o preso fica na cadeia, devia ser a base, digamos assim. Aí os benefícios deviam ser calculados sobre o total da pena, respeitando a mínima. Aí o latrocida não ia sair com 10 anos de pena cumprida.

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