07 agosto 2024

Operação contra PCC prende advogado sócio da UPBus; Justiça bloqueia R$ 8 bilhões em bens

Polícia Civil diz ainda que facção tem planos de lançar candidatos e financiar campanhas nas eleições municipais.

Francisco Lima Neto

Rogério Pagnan

07.ago.2024 

Viatura do GOE (Grupo de Operações Especiais) em Mogi das Cruzes - Divulgação/Polícia Civil
SÃO PAULO - A Polícia Civil prendeu nesta terça-feira (6) em Mogi das Cruzes (SP) o advogado Ahmed Hassan Saleh, sócio da UPBus, em operação contra membros do PCC (Primeiro Comando da Capital). Ao todo, foram expedidos mandados de prisão contra 20 pessoas investigadas sob suspeita de integrar a facção criminosa. A Justiça bloqueou R$ 8 bilhões em bens dos suspeitos.

A UPBus foi alvo, em abril, da operação Fim da Linha, do Ministério Público, por suspeita de ligação com o PCC. Ubiratan Antônio da Cunha, presidente da empresa de ônibus, é réu pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa e foi preso em 16 de julho.

A Folha não conseguiu contato com a defesa de Saleh. A UPBus também foi procurada, mas não quis se manifestar.

Além de Saleh, outras 12 pessoas foram presas até a manhã desta quarta (7) na operação, batizada de Decurio. Foram apreendidos 20 celulares, sete veículos, três armas de fogo, R$ 25 mil e US$ 4.600 mil, bem como diversos relógios de luxo. As equipes continuam nas ruas para cumprir demais mandados.

O promotor Lincoln Gakiya, do MP-SP, responsável pelas investigações de infiltração do
PCC em empresas de ônibus da cidade de SP - Imagem: Montagem/g1/Divulgação
Mandados de prisão preventiva (30 dias) e de busca e apreensão foram expedidos em outras 14 cidades do estado para prender suspeitos de integrar o PCC e de atuar com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e outros crimes, como infiltração de membros da facção em cargos públicos.

A delegacia Seccional de Mogi das Cruzes é a responsável pela operação, realizada também em São Paulo, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Guarulhos, Santo André, São Caetano do Sul, Mauá, Santos, Praia Grande, Mongaguá, Ubatuba, São José dos Campos, Sorocaba e Campinas.

Os investigadores dizem ter identificado membros do grupo por meio da apreensão de cartas, documentos e aparelhos eletrônicos, e os mandados foram expedidos pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Direitos da Capital.

Os agentes afirmam ainda que descobriram um projeto do PCC para infiltrar integrantes da facção nas eleições municipais, lançando candidatos e financiando campanhas. Os nomes e as cidades não serão revelados para não influenciar o pleito, mas eles não poderão tomar posse caso sejam eleitos, segundo a polícia.

Movimentacao de onibus no Terminal Itaquera onde supostamente empresas ligadas
ao PCC operam empresas de transporte, na foto, um ônibus da UPBus - Imagem: Estado
Ao menos uma servidora municipal foi identificada como integrante do alto escalão do PCC. O nome dela, a cidade ou o órgão em que atua, porém, não foram divulgados.

OPERAÇÃO FIM DA LINHA

A ação liderada pelo Ministério Público de São Paulo teva como alvos a UPBus e a Transwolff. Responsáveis pelo transporte de ao menos 700 mil passageiros diariamente, essas empresas receberam cerca de R$ 800 milhões da Prefeitura de São Paulo em 2023, em subsídios.

Segundo promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), as empresas seriam usadas em suposta lavagem de dinheiro do PCC.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

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