Gatuno assombrou São Paulo por décadas e era conhecido por correr em telhados, o maior ladrão da história de São Paulo (assumido) era anarquista e acrobático
Vicente Vilardaga
23.nov.2024 às 13h13
O assaltante Gino Meneghetti se notabilizou por fugir da polícia correndo pelos telhados das casas, na imagem acima a face original de Gino Meneghetti (esquerda) e um de seus disfarces (direita). |
Nunca deixou vítimas ou qualquer rastro de violência. Passava pelos lugares como um fantasma e tirava especialmente dos mais abonados, mas não dava para os pobres.
Não só as fugas impressionam, como os disfarces também,ele era considerado um mestre neste oficio, de dia andava com terno e chapéu no meio da multidão, e com seu bigode expressivo, que na verdade era postiço pois o original havia sido raspado na intenção de se esconder com maior facilidade.
Gino Meneghetti pulando residências por algum telhado espalhado na capital paulistana. Foto: Domínio Público |
Outro acontecimento que singulariza Meneghetti é ter sido um bandido agraciado pelo governo por difusos serviços prestados.
Gino Meneghetti passeando por algum telhado espalhado na capital paulistana. Foto: Domínio Público |
Enquanto viveu, o lendário Meneghetti realizou inúmeros roubos e trapaças. Sua carreira desviante começa na Itália, na infância. Foi preso pela primeira vez aos onze de idade e a partir daí as internações em reformatórios viraram rotina.
Meneghetti já com mais de 75 anos de idade prova aos jornalistas que ainda tem saúde e agilidade, quando em liberdade - Imagem: Domínio Público |
Chamava-se Concetta Tavani, a quem Meneghetti raptou e com quem acabou se casando. O casal teve cinco filhos, dos quais dois sobreviveram.
Meneghetti só entrou no Brasil por uma falha de controle. Além de ver sua longa ficha na Interpol, a polícia local já havia recebido um dossiê dos italianos que o definia "como um elemento perigoso, condenado numerosas vezes por crime contra a propriedade e por violência contra agentes da força pública".
Gino Amleto Meneghetti, o "Gato dos Telhados" em sua última passagem pelo cárcere, quase no fim dos anos 70, já com mais de 90 anos de idade- Imagem: Memória da Polícia Civil de São Paulo |
Sua vida no país foi de idas e vindas na prisão. Sempre que era solto, reincidia no crime. Ficou na cadeia entre 1945 e 1952 e entre 1954 e 1959, por tentar roubar uma casa na Vila Mariana.
Nos anos seguintes foi para a cadeia mais três ou quatro vezes, inclusive por estar carregando joias avaliadas em R$ 150 mil cruzeiros. Foi preso pela última vez em 1970, aos 92 anos, tentando arrombar um casarão na rua Fradique Coutinho, na Vila Madalena.
Na data de 23 de maio de 1976, São Paulo, São Paulo, o então jornal Notícias Populares, um dos vários jornais da empresa Diarios Associados publica em sua manchete a morte do "Rei dos Ladrões" |
Fonte: Jornal Folha de São Paulo
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