Instituição terá acesso a recursos apreendidos do crime organizado enquanto pagamentos acima do teto a seus membros têm crescido.
Bruno Ribeiro
13.jun.2025
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O governador Tarcísio de Freitas, o procurador-geral de Justiça e demais autoridades durante evento no palácio dos bandeirantes - Reprodução/MP-SP |
Esses recursos eram destinados, até agora, a subcontas do Fundo de Interesses Difusos (FID), da Secretaria da Justiça, e eram repassados à Secretaria da Segurança Pública para investimento na aquisição de equipamentos e infraestrutura para as polícias.
Já no fundo especial do MP-SP o dinheiro será usado para "assegurar recursos para expansão e aperfeiçoamento das atividades da instituição", segundo a lei que o criou, em 1999.
Nem o governo do estado nem o MP-SP informaram qual é a previsão de recursos que irão à instituição. No ano passado, a Secretaria da Segurança Pública publicou um balanço mostrando que, em quatro anos, a polícia recuperou R$ 14 bilhões do crime organizado.
Em vídeo divulgado no canal do MP-SP no YouTube, o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, afirmou que a mudança é "uma notícia de enorme alcance para a nossa instituição", o que o motivou a gravar o agradecimento.
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Sede do Ministério Público do Estado de São Paulo, na capital paulista - Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress |
O reforço de caixa ocorre em um momento de forte crescimento das despesas do MP-SP com penduricalhos, os pagamentos acima do teto constitucional a servidores da magistratura.
Em janeiro, conforme a Folha publicou, Oliveira e Costa reconheceu passivos trabalhistas que somaram mais de R$ 1 milhão a receber para 1.900 promotores e procuradores paulistas, referentes ao equivalente a uma semana de salário extra por mês, em um período que vai de janeiro de 2015 a agosto de 2023.
A decisão, de caráter administrativo, reconheceu que os promotores tinham carga excessiva de trabalho e tinham direito aos pagamentos na forma de indenização. No fim de maio, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) proibiu práticas similares no Poder Judiciário.
Quando autorizou o pagamento dos penduricalhos, o MP-SP afirmou que os repasses seriam feitos em parcelas, de acordo com a disponibilidade de caixa da instituição. Em comparação ao ano passado, a remuneração média dos membros da instituição já subiu 27%, segundo dados do Portal da Transparência.
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O MInistéio Público pode tanto realizar investigações, quanto propor ações juciais - Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress |
"São Paulo é um estado diferente, onde as instituições conversam e constroem soluções. O estado é exemplo para o Brasil em termos de harmonia entre os Poderes, que pensam juntos no bem do cidadão", disse Tarcísio no encontro, segundo nota publicada pelo MP-SP —a imprensa não foi convidada para o evento.
A justificativa para destinar ao fundo especial do MP-SP parte dos recursos obtidos no combate à lavagem de dinheiro é incrementar a capacidade da instituição de enfrentar esses delitos, de acordo com o governo.
Embora o uso do fundo para pagar diretamente os penduricalhos seja vedado por lei, a medida cria folga de caixa à instituição, que tem autonomia orçamentária.
"Trata-se de uma política pública voltada ao enfraquecimento financeiro de organizações criminosas e à destinação mais eficaz dos ativos recuperados pelo estado", informou a Secretaria da Segurança Pública, em nota, ao justificar a medida.
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A sede do MP-SP fica no distrito da Sé, no centro histórico da capital paulista - Imagem: Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress |
"O Fundo Especial de Despesa do MP-SP apresenta fragilidades relevantes de transparência e controle externo, pois sua administração, diretrizes e planos de aplicação são definidos unilateralmente pelo próprio órgão", diz Rafael Rodrigues Viegas, professor da FGV e pesquisador do INCT Qualigov e da Enap (Escola Nacional de Administração Pública).
"A amplitude das receitas, incluindo doações privadas, venda de serviços e multas, somada à baixa publicidade sobre critérios de alocação, abre margem para usos voltados a interesses corporativos, sem adequada prestação de contas à sociedade", completa.
Viegas também faz ressalvas à forma como a medida foi divulgada. "A presença destacada de autoridades do MP-SP no evento indica uma relação de cooperação que pode comprometer a percepção de autonomia do órgão, especialmente ao associar sua atuação a uma política governamental específica, como a recuperação de ativos, com contrapartidas financeiras diretas para a própria instituição."
Fonte: Jornal Folha de São Paulo
Contraponto:
O problema ao meu ver é que estes valores deveriam ser canalizados para as familias das vítimas dos criminosos em todo o Estado de São Paulo, pois quem sofre na verdade são elas, as vítimas que não tem realmente quem os defendam.
Já os membros do MP-SP são pagos, e muito bem pagos para realizarem o trabalho para qual são efetivado mediante concurso público, já ai incluido os penduricalhos e todas as demais benesses que lhes são concedidas.
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