24 outubro 2025

Suspeito de planejar mortes de Gakiya e Medina, "El Cid" enganou juízes e foi solto

A Polícia Civil de São Paulo e a Polícia Federal procuram Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, 43, o El Cid, apontado pelas duas instituições como um dos principais chefes da célula conhecida como "restrita final" do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Josmar Jozino

Colunista do UOL

24/10/2025

Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, o El Cid - Imagem: Reprodução / MP-SP
A célula "restrita final" é responsável por planejar e executar atentados contra agentes públicos. Na lista de alvos da restrita figuram nomes como o do promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya, e do coordenador dos presídios da região oeste de São Paulo, Roberto Medina.

A Polícia Civil de Presidente Prudente descobriu em julho deste ano um plano para matar Gakiya e Medina. Uma operação foi deflagrada hoje para desarticular os envolvidos no caso, conforme divulgado pelo UOL. Os agentes apuram se El Cid foi quem deu a ordem dos ataques.

El Cid também é caçado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Ele é investigado por suspeita de envolvimento no assassinato do delegado Ruy Ferraz Fontes, morto a tiros em 15 de setembro deste ano na Praia Grande, Baixada Santista.

Os agentes do departamento apuraram que El Cid é ligado ao assaltante e traficante de drogas Felipe Avelino da Silva, o Mascherano, 33, também integrante do PCC e um dos oito presos por suspeita de participação do assassinato do delegado.

Penitenciária "Dr. Geraldo de Andrade Vieira", conhecida como P1 de São Vicente - 
Imagem: Divulgação/Secretaria da Administração Penitenciária

Saiu da prisão pela porta da frente

El Cid foi processado por tráfico de drogas em 2010, mas saiu em liberdade em 11 de julho de 2011. Meses depois, acabou condenado a três anos e 10 meses. Mas ficou solto por 11 anos.

Ele é acusado de tentar matar cinco PMs na zona sul paulista em 28 de março de 2014. Em 2020, quando ainda estava livre, o Ministério Público o denunciou pelos ataques. A Polícia Federal de Santos o capturou e ele foi levado à P1 de São Vicente para cumprir o restante da pena por tráfico de drogas.

Em 22 de agosto de 2022, o Ministério Público pediu a preventiva dele pelos crimes de março de 2014. Mesmo assim, El Cid foi libertado quatro dias depois.

A libertação ocorreu porque o DEECRIM-7 (Departamento Estadual das Execuções Criminais da Região 7-Santos), deferiu a progressão para o regime aberto ao preso. Agentes penitenciários da P1 de São Vicente cumpriram o alvará de soltura.

Quando a Justiça percebeu pedido de prisão preventiva formulado pelo Ministério Público contra El Cid, já era tarde. Segundo investigações da PF, logo depois de sair em liberdade, o criminoso assumiu a célula restrita do PCC, criada para planejar atentados contra autoridades e agentes públicos.

Principais alvos da "Restrita" do PCC na época eram Moro e Gakiya, cujos integrantes do PCC 
foram assassinados na PII d  Presidente Venceslau- Imagem: Jefferson Rudy - 8.abr.2024/Agência Senado

Planejou sequestrar Moro e Gakiya

No início de 2023, El Cid teve interceptadas mensagens de WhatsApp mantidas com outros integrantes da facção cooptados para planejar o sequestro do senador Sérgio Moro. A PF o acusou de ser o chefe da célula terrorista e o responsável pela organização e financiamento do plano.

O delegado da PF responsável pelas investigações do caso Moro pediu a prisão temporária de El Cid, e a 9ª Vara Federal de Curitiba acolheu a solicitação em 24 de março de 2023. Mas o pedido acabou revogado porque o acusado não tinha sido localizado.

Quase um mês antes, El Cid induziu a Justiça a outro erro. O Ministério Público apurou que, em 14 de fevereiro de 2023, ele cadastrou um boletim de ocorrência falso nos autos do processo da tentativa de homicídio contra os policiais militares, para se livrar da acusação.

O documento falsificado diz que em 27 de março de 2014, mesma data dos atentados contra os PMs, ele estava na cidade de Castanhal, no Pará, onde havia se envolvido em um acidente de trânsito e comparecido à delegacia local, e portanto, não poderia estar em São Paulo ao mesmo tempo.

Líderes do PCC que estão em liberdade e foragidos, e quem continuam a ditar ordens e a organizarem
o tráfico internacional e da "restrita final", Cebola, Décio Português, Forjado e El Sid. | Foto: Divulgação

Procurado também pela Interpol

As autoridades judiciárias checaram a informação com a Delegacia de Castanhal e descobriram que o boletim de ocorrência, na realidade, tinha sido registrado de forma eletrônica (online) em 26 de outubro de 2022 e que em 27 de março de 2014 não houve nenhum acidente de trânsito.

Foi por causa desse documento falso que a 3ª Vara do Júri da Capital revogou novamente a prisão preventiva de El Cid, em 2 de junho de 2023. No mês seguinte, o DEECRIM-7, restabeleceu a progressão do regime aberto para o réu.

O Ministério Público recorreu da decisão e alertou o Poder Judiciário sobre o falso boletim de ocorrência. No dia 1º de dezembro de 2023, a 12ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça acolheu o recurso ministerial e decretou a prisão preventiva de El Cid.

Na sentença, o desembargador Amable Lopez Soto, relator do processo, escreveu que "o acusado [El Cid] e o ex-defensor dele ludibriaram os juízes e protagonizaram uma verdadeira afronta ao Poder Judiciário". O criminoso segue foragido até hoje.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver um posicionamento dos defensores dele.

Fonte: UOL

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