03 dezembro 2025

Ferrugem morto pela Rota não era líder do PCC; homônimo matou juiz e fugiu

O verdadeiro Ferrugem, conhecido pelas autoridades carcerárias de São Paulo e apontado como de altíssima periculosidade, chama-se Adilson da Daghia, 56.

Josmar Jozino

Colunista do UOL

03/12/2025

O verdadeiro "Ferrugem do PCC" tem o nome de Adilson da Daghia e tem 56 anos de idade, difrente
do "Ferrugem" morto que  tem o nome de Carlos Alves Vieira, e é bem mais jovem - Imagem: Reprodução
Há quem diga nos bastidores do sistema prisional que Carlos Alves Vieira, 48, o Ferrugem, foi morto por engano pela Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) na última sexta-feira (28), por ter o mesmo apelido de outro chefe da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), foragido da prisão.

O verdadeiro Ferrugem, conhecido pelas autoridades carcerárias de São Paulo e apontado como de altíssima periculosidade, chama-se Adilson da Daghia, 56. Ele tem pena total de 62 anos e foi condenado a 27 anos pelo assassinato do juiz Antônio Jose Machado Dias, o Machadinho.

Daghia, o Ferrugem do PCC, fugiu do CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Porto Feliz, de regime semiaberto, na saída temporária de dezembro de 2023. Contra ele há um mandado de prisão em aberto. O foragido é procurado até pelo serviço de inteligência da Rota.

Segundo o Ministério Público de São Paulo, o PCC paga uma mesada vitalícia de R$ 5 mil para o Ferrugem verdadeiro pela morte do juiz Machadinho. O magistrado era o corregedor dos presídios da região oeste do Estado e foi morto a tiros em 14 de março de 2003 em Presidente Prudente.

Segundo a Polícia, Ferrugem era o responsável por fazer a intermediação e fornecimento de
armas entre diferentes integrantes do PCC, mas o verdadeiro Ferrugem está livre  e vivo- Imagem: Reprodução


Em 10 de outubro de 2023, a Justiça deferiu o pedido de progressão ao regime semiaberto para Daghia, por ele ter completado o lapso temporal do cumprimento da pena. A diretoria da Penitenciária 1 de Avaré, onde o prisoneiro estava recolhido, manifestou-se favorável à concessão do benefício.

"O preso "possui requisitos necessários para o regime semiaberto. Esta diretoria manifesta-se favorável aos pedidos requeridos como incentivo de experimentar situações através do trabalho que possibilitem maior amadurecimento em suas atitudes e replanejamento de vida" dizia o parecer.

O Ferrugem do PCC foi removido para o CPP de Porto Feliz. Mas não ficou por lá muito tempo. Logo na primeira saidinha temporária, em dezembro de 2023, ele abandonou o semiaberto. Outros 41 presos da unidade também se evadiram. Se Daghia for recapturado voltará ao regime fechado.

Adilson Daghia, o Ferrugem, esteve preso na Penitenciária Paulo Luciano Campos, em
Avaré (SP), local que cumpriu pena e foi enviado para o CPP de Porto Feliz de onde
acabou abandonando na primeira saída temporária - Imagem: Arquivo Pessoal

Ferrugem desconhecido

Autoridades do sistema prisional disseram à reportagem que Carlos Alves Vieira, o outro Ferrugem, morto pela Rota, nunca foi integrante do alto escalão do PCC e muito menos da sintonia final da organização criminosa, como informaram os policiais militares no dia da morte dele.

O Ferrugem desconhecido virou manchete. A Polícia Militar afirmou que Vieira tinha histórico de envolvimento com lavagem de dinheiro, tráfico internacional de drogas e outros crimes violentos.

No boletim de ocorrência sobre a morte de Vieira conta que os PMs da Rota receberam do serviço de inteligência informações de que um indivíduo de facção criminosa de nome Carlos estaria transportando drogas e armas em um Toyota Corolla prata na região de Arujazinho, em Itaquaquecetuba.

Os PMs da Rota acrescentaram que, com base nessas informações, em patrulhamento intensificaram as diligências na região e na tentativa de abordagem ao veículo, em Itaquaquecetuba, houve troca de tiros e eles dispararam nove vezes contra Vieira. Ele morreu no local.

Ainda segundo os PMs, com Vieira foram localizadas duas pistolas e dois telefones celulares e no porta-malas do veículo havia uma mochila com 10 tabletes de erva com aspecto de maconha. O caso foi registrado na delegacia de Itaquaquecetuba como "morte decorrente de intervenção policial".

Delegado Ruy Feraaz Fontes e suas equipes fizeram uma importante prisão na sexta-feira dia 03/11/2006 em São Miguel Paulista, onde foi capturado um dos integrantes do PCC de alcunha "Ferrugem" - Imagem: Reprodução

Verdadeiro "Ferrugem" foi preso pelo finado Delgado Dr. Ruy Fontes 

Policiais do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) prenderam o último integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) acusado de participar da morte do juiz-corregedor da Vara de Execuções Criminais de Presidente Prudente, José Antônio Machado Dias, assassinato ocorrido em março de 2003. O magistrado foi morto por ser considerado linha-dura pela facção.

Adilson Daghia, 37 anos, o Ferrugem, foi preso na última sexta-feira, 03/11/2006 em um conjunto habitacional localizado em São Miguel Paulista, na zona Leste da capital. Ele teria atirado contra o juiz.
Também foi preso o protetor de Ferrugem, José Wilson Tavares Lopes, o Tigrão, piloto (líder) da facção na zona Norte de São Paulo e que já participou de um seqüestro em Santo André em 2003. Tigrão foi incumbido pela cúpula do PCC a esconder de todas as maneiras possíveis Ferrugem, apelidado também de Relíquia pela organização criminosa por até agora não ter sido detido após o homicídio do juiz.

Segundo o delegado Rui Ferraz Fontes, Ferrugem era o quinto integrante do PCC que faltava para ser preso. Além do líder máximo da facção, Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, que ordenou a execução do juiz, também já estão no sistema prisional João Carlos Rangel Luisi, o Johny, Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, e Ronaldo Dias, o Chocolate.

“O Ferrugem vinha sendo tratado pelo apelido de Relíquia dentro da organização criminosa porque ganhou status por ainda não ter sido preso. A detenção dele abala o PCC pois mostra que nenhum crime cometido por eles será deixado de lado. Vamos prender todo mundo dessa facção que estiver envolvido com delitos”, afirmou o delegado Fontes.

Os policiais do Deic conseguiram localizar Ferrugem depois que passaram a investigar Tigrão, suspeito de dar ordens para atentados cometidos pela facção este ano contra bases policiais, ônibus e outros alvos civis e militares.

O conjunto habitacional onde a dupla foi presa está localizado na rua Papiro do Egito. No local, os investigadores encontraram um fuzil alemão de alto calibre, além de diversos documentos falsos que Ferrugem utilizava.

O juiz Dias, então responsável por conceder ou negar benefícios para os presos da região de Presidente Prudente, entre eles os chefes do PCC, foi assassinado pouco depois de deixar o fórum da cidade. Ele foi baleado após seu carro ser fechado por outros dois veículos.

O homicídio do magistrado foi o primeiro ataque direto da facção contra as autoridades. Depois do crime, os juízes das varas criminais do Estado passaram a andar com escolta.

Fonte: UOL

3 comentários:

  1. Turma da fake news inventando até bandido morto pra lacrar. Só os pedágios e os 45 novos cargos da primeira dama que são de verdade.

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  2. mas esse outro Ferrugem, o falso, era ou não bandido tb?

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    1. Os familiares juram que não, que era um pequeno empresário. Mas que não operava com ilitcos e nem com o crime.

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