21 julho 2019

ISSO NÃO VAI PRESTAR, ALÉM DE SER MAIS CUSTOSO : Nova empresa de cogestão do Compaj terá agentes armados dentro da unidade

Reviver Administração Prisional Privada Ltda. começou a atuar no Estado no dia 10 de julho.








Por Rickardo Marques
21/07/2019 10h13 

Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus — Foto: Danilo Pousada/GloboNews


Vigilantes armados passarão a atuar nas guaritas e muralhas do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) - que foi palco dois massacres, em janeiro de 2017 e junho deste ano. A nova medida será aplicada pela empresa que assumiu a cogestão da unidade no dia 10 de julho, Reviver, que receberá cerca de R$ 4,8 mil por cada interno.

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) afirmou que a utilização de vigilantes privados nas muralhas do Compaj ocorre após um “entendimento de que a atividade não deveria ser necessariamente exercida pelo Estado”. Com isso, parte do efetivo de policiais militares que atuavam na unidade foi utilizada para compor o Grupo de Intervenção Penitenciária (GIP) e os demais foram recolocados nas ruas da capital.

De acordo com a Reviver, o contrato com o Governo do Estado prevê a utilização de 48 vigilantes nas guaritas e muralhas do Complexo. Eles devem ser contratados por meio de uma empresa de segurança privada.

A Reviver - que atua em outros nove presídios do país - informou que a utilização de vigilantes armados já ocorre em outras localidades, como Santa Catarina, devido à quantidade de policiais militares e agentes penitenciários disponíveis para a atividade.

Após as mortes ocorridas em presídios de Manaus entre os dias 26 e 27 de maio deste ano, o Ministério da Justiça enviou agentes da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) para o Amazonas. Segundo a Seap, eles devem permanecer no Estado até o dia 26 de agosto.

Complexo Penitenciário Anisio Jobim (Compaj), em Manaus — Foto: Sesip/AFP




O preço de cada interno

No Amazonas, a empresa Reviver deverá receber o valor de R$ 4.849 mensais por cada interno do Compaj. O valor é superior ao que era pago à Umanizzare - R$ 4,7 mil – e que deixou a administração da unidade após cinco anos de contrato.

Segundo o Ministério Público, um preso do Complexo custa praticamente o dobro da média aplicada em outras regiões do Brasil.

Questionada, a Reviver afirmou que o preço engloba “novos serviços”, como a utilização dos vigilantes armados e o fornecimento de cinco refeições diárias para cada interno.

A empresa foi contratada em caráter emergencial por mais de R$ 32 milhões, depois de uma dispensa de licitação por parte do Governo do Estado. Ela deve permanecer na cogestão do presídio até o dia 9 de janeiro de 2020, enquanto uma licitação será elaborada pelo Governo para contratar uma empresa de gestão compartilhada. A previsão é de que o processo licitatório seja lançado em agosto.

Diferenças contratuais

Desde o dia 10 de julho, a empresa à frente do Compaj executa exigências contratuais diferentes daquelas aplicadas ao Projeto Básico da Umanizzare. Ao todo, a Reviver disponibilizou 346 funcionários para a unidade, entre médicos, dentistas, psicólogos, entre outros.

As novas obrigações contratuais da empresa afetam diferentes áreas. Confira abaixo algumas das mudanças:

* Profissionais oferecidos pela empresa devem ter formação superior para executar alguns serviços, além de registro regular diante de Conselhos Regionais;

*Observar o piso salarial dos profissionais conforme convenção ou acordo coletivo de trabalho válidos no Estado;

*Realizar registros de atendimento psicológico para descrever os trabalhos prestados, promover atendimento psicossocial a familiares dos internos e apoiar a equipe de assistência educacional na concepção de atividades;

*Fornecer medicamentos básicos ou aqueles para tratamento de doenças crônicas e realizar a triagem dos novos internos em um prazo de até 15 dias após a entrada na unidade;

*Encaminhar o interno para o Serviço Único de Saúde (SUS) em caso de necessidade de consultas com especialistas e informar o Estado sobre escoltas de consultas médicas com dez dias de antecedência;

*Organizar, planejar e coordenar serviços de assistência de enfermagem, como solicitação de exames, cuidados referentes a traumas, políticas de vacinação, entre outras atividades;

*Manter um cadastro odontológico de cada interno para acompanhamento e realização de triagem odontológica em um prazo de 15 dias a contar do seu ingresso na unidade;

*Realizar consultas, entrevistas e avaliações com médicos psiquiatras, que devem ressaltar características que afetem a segurança do interno ou da unidade;

*Planejar, gerir e consultar projetos de assistência ocupacional, além de promover ações relacionadas à saúde individual e coletiva;

*Desenvolver semestralmente pelo menos um programa nas áreas de educação, capacitação profissional, assistência à saúde, entre outras, com relatórios mensais de atividades;

*Promover palestras, cursos profissionalizantes e reforço acadêmico para exames como ENEM e ENCEJA, assim como avaliar a escolaridade e cadastrar os internos nos canteiros de trabalho;

*Elaborar um calendário com uma programação de oficinas de artesanato, o qual demonstre um orçamento previsto para o material fornecido pela empresa.

Vigilantes armados passarão a atuar nas guaritas e muralhas do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) -
 que foi palco dois massacres em janeiro de 2017 e junho deste ano



Trabalho remunerado

Em relação ao trabalho que utiliza a mão de obra prisional, a Reviver deverá manter um número mínimo de postos ocupados, com jornadas de seis a oito horas diárias e descanso aos domingos e feriados. A remuneração dos internos não poderá ser inferior a um salário mínimo, que deve ser pago até o quinto dia útil de cada mês.

A impossibilidade de utilizar mão de obra prisional não poderá afetar o andamento das atividades previstas na unidade.





Fonte: G1

Contraponto:


Além dos explosivos usados contra um dos muros do solário do Pavilhão C, a quadrilha estava ainda com
 oito armas,sendo três fuzis, três pistolas, dois revólveres e cartuchos com munições para fuzis.



Sinceramente, retirar os Policiais Militares e colocar vigilantes patrimoniais armados para fazer a muralha e as torres será um risco demasiadamente alto. Pessoas despreparadas, sem o  armamento apropriado e sem saber ou conhecer o que terão pela frente é uma verdadeira bomba relógio, armada contra a U.P., seus servidores, os detentos, os próprios vigilantes e a população inconsciente do que está ocorrendo.

Não podemos nos esquecer que em 10 de abril de 2018 houve uma tentativa de resgate no Pará com grupo fortemente armado de fuzis e escopetas ocasionando uma verdadeira matança, porém os homens das muralhas eram agentes treinados e mesmo assim houve uma baixa entre eles e mais  21 pesssoas, dentre presos e integrantes do grupo criminoso de resgate.

Agora fica a dúvida, os vigilantes patrimoniais armados sabem o que poderão enfrentar de fato, eles estão avisados e estarão preparados para um possível combate?

O tempo dará as respostas, esperamos sinceramente que o pior não aconteça, mas existe um ditado antigo que afirma: " Se existe apenas uma possibilidade de dar merda, vai dar merda!".