Era de dentro das celas que um grupo de presos administrava o tráfico interno de K4, a maconha sintética, nas dependências da Penitenciária de Presidente Bernardes, distante 578 km da capital paulista.
Josmar Jozino
Colunista do UOL
25/09/2020
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K4 escondidos nas palmilhas de um par de tênis. O tênis teria sido encaminhado pela mãe de um recluso do CDP com outros itens - Imagem-SAP |
O K4 já é considerado uma das maiores preocupações das autoridades do sistema prisional paulista e Ministério Público de São Paulo. A nova droga sintética se espalhou por quase todas as penitenciárias e CDPs (Centros de Detenção Provisória) do estado.
Segundo o toxicologista Anthony Wong, do Hospital das Clínicas, o K4 é até 80 vezes mais potente do que a maconha natural e funciona como estimulante, deixando o usuário mais agitado e agressivo, diferentemente da canabis sativa, cujo efeito está mais para sedativo.
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586 micropontos supostamente da droga sintética K4 escondidos nas palmilhas de um par de tênis Imagem: SAP |
"A maconha sintética ocupa o mesmo local que a canabis no neurônio, mas causa inibição cerebral bem mais intensa, mais forte, e provoca não só dependência psíquica, mas também física, assim como as anfetaminas", explicou o médico.
Procurada pelo UOL, a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) informou que houve aumento de 488,83% no número de apreensões de K4 em correspondências e na área externa dos presídios paulistas no comparativo entre janeiro a julho de 2019 a igual período de 2020.
A pasta informou ainda que o número de ocorrências que resultaram nas apreensões também quintuplicou, passando de 86 no mesmo período de 2019 para 472 em 2020.
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Foram encontrados oito pedaços da suposta droga sintética K4 no interior de lavar louça enviada pela mãe de um sentenciado Imagem: SAP/Divulgação |
Dose custa R$ 30 nas prisões, aponta investigação
Impedir a entrada de K4 nos presídios não é fácil. A droga é produzida em laboratório de forma líquida e depois borrifada em papéis, fotos, cartões e até selos. A detecção é extremamente difícil. Por conta disso, parentes de presos estão proibidos de enviar papel higiênico para os detentos.
O tráfico de K4 nas penitenciárias estaduais paulistas tornou-se uma atividade ilícita rentável para os presos traficantes. Planilhas de contabilidade apreendidas por agentes penitenciários com detentos mostram que cada microponto (dose) da droga é vendido por até R$ 30.
A primeira apreensão de K4 no sistema prisional paulista aconteceu em dezembro de 2017. E foi justamente na Penitenciária de Presidente Bernardes. Quatro meses depois, em 6 de abril de 2018, a Polícia Civil foi informada sobre o tráfico de drogas dentro da unidade.
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Micropontos de maconha sintética conhecida como K4 apreendidas na Penitenciária III de Franco da Rocha - Imagem: SAP/Divulgação |
Grupo foi preso e ligado ao PCC
Tudo começou com uma denúncia anônima, dando conta de que em uma casa em Presidente Bernardes moravam mulheres e parentes de presidiários que atuavam na inclusão de drogas, especialmente K4, na penitenciária local.
Um inquérito foi instaurado para apurar o caso. Policiais civis cumpriram mandado de busca e apreensão no local e apreenderam um telefone celular. No aparelho periciado havia troca de mensagens das mulheres com os presos de Presidente Bernardes.
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Maconha sintética foi apreendida dentro de maços de cigarros enviados por familiares a detentos da U.P Imagem: SAP/Divulgação |
O preso Maurício Fernando Gandelini, 42, o Pira, apontado como chefe do grupo, foi condenado a 19 anos. Ericson Gregório, 37, recebeu a pena de 17 anos e sete meses. Outros quatro prisioneiros tiveram condenação de 16 anos e três meses.
As mulheres também foram condenadas a penas que variam de 6 anos a 13 anos de reclusão. O grupo foi acusado de integrar o PCC.
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K4 apreendidos na Penitenciária III de Franco da Rocha dentro de maços de cigarros enviados por familiares de detentos - Imagem: SAP/Divulgação |
Segundo a secretaria, todos os CDPs, penitenciárias e Centros de Progressão Penitenciária contam com escâner corporal, aparelhos de raio-X e detectores de metais de alta sensibilidade.
"Esses equipamentos ajudam a coibir a entrada de equipamentos e drogas, atrelados a uma vigilância constantes dos agentes de segurança, treinados para evitar a entrada de ilícitos nas unidades, além de revistas periódicas nas dependências dos presídios", finaliza a nota.
Fonte: UOL
Sem contar que muitas das drogas K4, após o exame constam negativas, inocentando os culpados.
ResponderExcluirComo se fosse coisa de outro mundo droga e celular em cadeia kkkk a secretaria sabe, os coordenadores sabem, ainda mais em CPP, diretor ta careca de saber, isso nao vai mudar nada enquanto n começar a prender quem é responsável pela administração da unidade/segurança. Incompetência tem limite.
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