Especialistas afirmam que decisão cria risco de rebeliões; deputados e senadores dizem que medida representa vontade popular.
Thaísa Oliveira
Victoria Azevedo
28.mai.2024 às 19h25
Detentos de quatro penitenciárias da Baixada Santista foram beneficiados pela saidinha ( Foto: Carlos Nogueira/Arquivo/AT ) |
O veto de Lula foi derrubado na Câmara por 314 votos a 126 e 2 abstenções. No Senado, o placar foi de 52 a 11, com 1 abstenção. Para garantir a derrubada, a oposição precisava de maioria absoluta nas duas Casas, ao menos 257 votos na Câmara e 41 no Senado.
As saidinhas eram autorizadas pela Justiça a detentos do regime semiaberto que não haviam cometido crimes hediondos com morte e atendiam a uma série de requisitos. O benefício foi extinto por deputados federais e senadores neste ano, mas vetado por Lula.
Presos deixam a Penitenciária de Tremembé(SP) no indulto do Dia dos Pais; Menos de 5% dos que tiveram o benefício em 2023 não voltaram para a prisão - Imagem: Luiz Carlos Marauskas 10.ago.2006 |
Nas últimas semanas, membros do governo procuraram líderes partidários para tentar convencer os parlamentares sobre a importância da garantia. O próprio presidente chegou a afirmar a auxiliares, segundo relatos, que a manutenção do veto era prioridade na sessão desta terça.
Os ministros Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), além dos líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso tinham sido escalados para a articulação.Ao vetar o dispositivo, o governo alegou questões humanitárias e afirmou que acabar com as saidinhas deve dificultar o retorno dos detentos ao convívio social. Especialistas, defensores públicos e governos estaduais também temem rebeliões e tentativas de fuga.
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Reservadamente, parlamentares da base aliada também afirmaram que a mobilização do governo foi abaixo do necessário diante da gravidade e impopularidade do tema.
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"É um dia que realmente devemos parabenizar a liderança da oposição e da minoria, tanto no Senado quanto na Câmara, pelo belo trabalho. Parabéns à minoria e oposição que hoje fazem um dia histórico dando uma lavada no governo", afirmou o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) durante a votação.
O fim das saidinhas se tornou uma das pautas prioritárias do Senado após a morte do sargento da Polícia Militar de Minas Gerais Roger Dias da Cunha, baleado por um homem que estava em saída temporária em Belo Horizonte.
Em nota técnica, a DPU (Defensoria Pública da União) afirma que o fim das saidinhas estabelece um cenário de insegurança jurídica que não permite afirmar se a proibição valerá apenas para novos detentos ou para os que já cumprem pena.
A nota técnica afirma que a saída temporária é fundamental para o retorno do preso ao convívio em sociedade e destaca ainda outros problemas da legislação aprovada que não foram vetados por Lula, como a exigência do exame criminológico para progressão de regime.
A morte do soldado de Minngas Gerais, Roger Dias da Cunha foi o gatilho que desencadeou a prioridade de parlamentares da Câmra e do Senado em modificar a Lei de Execuções Penais |
Apenas o Código Penal, afirma a DPU, faz referência ao uso da violência em mais de 80 dispositivos, que vão desde crimes como homicídio e infanticídio a crimes como os de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e violência política.
Também na sessão desta terça, parlamentares mantiveram vetos do petista à Lei Orgânica da Polícia Militar, entre eles o que abria margem para a participação da tropa em manifestações político-partidárias.
O Congresso também manteve o veto de Lula ao trecho que destinava 20% das vagas para candidatas do sexo feminino. Na avaliação de especialistas e do governo, o percentual criava um teto para o ingresso das mulheres e permitia que elas disputassem todas as vagas apenas na área da saúde.
Histórico do projeto
O direito à saidinha existe desde 1984, quando a Lei de Execução Penal entrou em vigor.
Normalmente, desde a lei anterior, as saídas temporárias são feitas nos meses em que caem os feriados de Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Finados e Natal/Ano Novo.
Tanto pela lei anterior quanto pelo novo texto, para ter direito ao regime semiaberto, o preso deve ter cumprido 1/6 da pena, se for réu primário, ou 1/4, se já tiver sido preso antes.
Segundo o texto antigo, a saída podia ocorrer cinco vezes ao ano por até sete dias corridos.
O preso ainda precisava — e precisará — ter um histórico de bom comportamento para ler liberado em uma saidinha.
O projeto de lei que acaba com a saidinha foi proposto pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) e tramitava no Congresso desde 2011.
Nesses 13 anos, o texto passou por diversas comissões e alterações até ser votado e aprovado em agosto de 2022 na Câmara. Mas o texto teve que retornar à Casa em março após sofrer alterações no Senado.
Isso porque o projeto previa a extinção total do benefício, mas o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) propôs uma emenda, que foi aprovada, e o texto passou a permitir a saída dos detentos para fazerem os cursos.
A oposição ao governo petista no Congresso abraçou a proposta das saidinhas, e o Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, conseguiu emplacar a relatoria tanto na Câmara quanto no Senado.
Além do deputado Guilherme Derrite, que foi exonerado do cargo de secretário de Segurança de São Paulo para ser relator da medida, o posto coube no Senado a Flávio Bolsonaro (RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mas o autor do projeto original, deputado Pedro Paulo, avaliou que o texto final ficou muito rigoroso.
"Uma ínfima minoria comete um delito quando sai. De um total de 34 mil presos que tiveram direito ao benefício nas saídas no estado de São Paulo no Natal de 2023, apenas 81 (nenhuma mulher) cometeram crimes e de menor potencial", argumentou o deputado.
Detentos fazem fila no CDP de Jundiaí, no interior de São Paulo - Caio Guatelli - 14.abr.2022/Folhapress |
Contraponto: Apenas o tempo irá dizer quem esta certo ou errado, dentro de no máximo 12 meses saberemos quem errou, se o Presidente ao vetar, ou ao Congresso em derrubar os veto.
Mas de antemão já aviso à todos os servidores que esperam Bônus, ele pode não vir, pois ao permitir a saída para o trabalho, ou para estudo dos presos em regime semiaberto, certamente isso irá acarretar em um maior número de evasões.
E olha que nem mesmo estou sendo pessimista e prevendo o pior, como disseram os ditos especialistas que em sua maioria sequer sabem o cheiro de um raio em um semiaberto, o que é um comequieto, um boi ou um marroco, e olha que eu sei muito mais que eles, pois somente no semiaberto foram 30 anos de trabalho ininterruptos.
E sim, independente de ter trabalhado lá a vida toda e mesmo sabendo que é uma ínfima porcentagem que não volta, ainda assim nunca concordei com isso. Pois da uma impressão que com a Progressão de Pena, eles estão de fato não burlando a Lei, mas sim a Sentença imposta. Preso tem que sair direto do fechado para a rua, e em Condicional. Do resto, é só areia nos olhos da população.
Mas da mesma forma que o General Figueiredo criou a Saída Temporária com a ajuda de "seu Congresso", em que a maciça maioria dos deputados e senadores eram de Direita e pró ditadura, o fim da regra, por ironia do destino, é retroceso até mesmo à Ditadura, e isso em tempos de Democracia. tempos estranhos este em que vivemos.
Até que enfim, fizeram alguma coisa boa pra sociedade.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu não me preocupo, pois com a policia penal, os aevepótas entrarão nas unidades, é uma soma no efetivo, p conter as rebeliões.
ResponderExcluirKardilho vulgo Guarda juju do Marrey vc nunca será polícia!!!! Priiii priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii
ExcluirVc não... Vc é cu!
ExcluirCorrigindo meu comentário anterior:
ResponderExcluirAs duas casas derrubaram o veto. Que maravilha!
É bom ler a matéria antes de falar merda!😬
ExcluirMeu comentário foi postado muitas horas após o fato. Quando postei, apenas os Deputados haviam votado a derrubada do veto. Fiz a correção após a conclusão final. Você que está falando besteiras com sua linguagem chula. Aliás, linguagem imprópria pra um agente público, " se é que você faz parte ".
ExcluirUm abraço!
Enquanto isso o X que não é mais X dorme na gaveta ca casa civil
ResponderExcluirMito mito mito
O duro é não se aplica aos que já estão presos, somente para que for preso a partir da validade da nova lei (princípio da irretroatividade penal).
ResponderExcluirEnfim, já é alguma coisa, mas vai continuar tendo saidinha por um bom tempo.
E vamos torcer para o STF não julgar a lei inconstitucional, porque vai chover ações deste tipo por lá, propostas pelos "direitos dos manos".
Quanto mi mi mi, como se o maior dos problemas da segurança fosse a saída temporária, faz me rir cambada de jegue, abduzidos, isso é cortina de fumaça, comecem melhorando a desigualdade social, a educação, e isso não será com escola cívico militar, aí quem sabe daqui uns 40, 50 anos a segurança será melhor que hoje.
ResponderExcluirConcordo com você se eles tivesem realmente interesse de mudar a Legislação teriam acabado com a Progressão de Pena e não com a "Saida temporária", de uma só vez acabariam com as saidinhas e extinguiriam o Regimes Semiaberto. Seria uma tacada de mestre, só sai da cadeia em Condicional depois de 2/3 das penas cumpridas e com tornozeleiras.
ResponderExcluirPositivo.
Excluirnum poço comenta, tudo que eu dicer será usado comtra min, sou semi alfabetizado perto dos doutores, vou pegar meu apito tático, minha caneta azul, um bloquinho de papel "rascunho" daqueles que ficam perto das impressoras e ficar na frente do raio esperando de boca aberta que uma grade caia encima de mim, enquanto outros continuaram passando pretinho no tapete no pneu. Viu nada vai mudar.
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