08 outubro 2024

Advogado tem prisão decretada por produzir alvará falso para soltar preso da PII de Pres. Venceslau/SP

A prisão preventiva foi decretada nesta terça-feira (8) e ele é considerado foragido da Justiça.

Por Leonardo Bosisio, g1 Presidente Prudente

08/10/2024 

Penitenciária II "Maurício Henrique Guimarães Pereira" de Presidente Venceslau, que tem
capacidade para 1.280 sentenciados, mas que faz a custódia de uma população carcerária de 520 presos
Um advogado, de 39 anos, é suspeito de ter produzido um alvará falso, que foi encaminhado à Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), no dia 28 de dezembro de 2022.

O objetivo do documento falso era libertar um preso envolvido no roubo de 734 quilos de ouro e pedras preciosas no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP),avaliados em cerca de R$ 117 milhões . A prisão preventiva dele foi decretada, nesta terça-feira (8), pelo Poder Judiciário e ele é considerado foragido da Justiça.

Conforme a Polícia Civil, o roubo aconteceu em 2019 e era considerado um dos maiores crimes contra o patrimônio do país.

Após a constatação do alvará falso para a soltura de Marcelo Ferraz da Silva, vulgo  
"Capim", condenado pelo roubo em 43 anos de prião, o Poder Judiciário foi acionado

Investigações

O delegado Edmar Rogério Dias Caparroz, responsável pelas investigações do caso, explicou ao g1 que o documento falso tinha como objetivo soltar o detento Marcelo Ferraz da Silva, diretamente relacionado com o roubo da carga de ouro do aeroporto.

Ele informou ainda que o alvará foi enviado à penitenciária por e-mail, através de uma advogada “subcontratada” em Presidente Venceslau, que, segundo o delegado, “nada sabia sobre a falsidade do documento”.

Os funcionários da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) desconfiaram do alvará e fizeram a checagem, constatando a falsidade.

Após diversas diligências, incluindo o cumprimento de mandados de busca domiciliar nas cidades de Várzea Grande (MT) e Cuiabá (MT) e oitivas em Presidente Venceslau e Fortaleza (CE), apontaram que o documento teria partido de um advogado, de 39 anos, do Distrito Federal (DF), que já era investigado como integrante do crime organizado e “com experiência na falsificação de documentos”.

A P II de Venceslau como é mais conhecida é um forte reduto de membros ativos e do alto escalão
do PCC, presos com grande poder financeiro e capacidade de realizar crimes espetaculares e de alto retorno
“Nós fomos fazendo o caminho reverso. Esse alvará foi encaminhado pela advogada de Presidente Venceslau, que foi contatada por um advogado de Várzea Grande, próximo à Cuiabá, que, por sua vez, foi subcontratado por outro advogado de Cuiabá. Depois, a investigação direcionou a uma outra pessoa de Fortaleza, no Ceará, que teria sido mantido contato também para dar prosseguimento nesse alvará. Refazendo todo esse caminho reverso, nós chegamos à origem, no Distrito Federal, deste advogado envolvido com a organização criminosa”, explicou Caparroz ao g1.

O delegado ainda ressaltou que o advogado suspeito já possui outros dois mandados de prisão expedidos no Distrito Federal por envolvimento com organização criminosa.

De acordo com a Polícia Civil, em setembro de 2024, após o período de mais de um ano e oito meses de investigação, os agentes de Presidente Venceslau concluíram o inquérito policial, que deliberou pelo indiciamento do suspeito pelo crime de uso de documento falso e representou pela decretação da prisão preventiva.

A conclusão foi enviada ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP), que, segundo a corporação, também representou pela prisão preventiva e resultou, nesta terça-feira, na decretação da prisão pelo Poder Judiciário.

O advogado permanece foragido e a Polícia Civil segue com as diligências na tentativa de localizá-lo.

Francisco Teotônio da Silva Pasqualini, conhecido como o "velho", apontado como mentor do
roubo de 770 kg de ouro em Cumbica foi condenado a 39 anos e sete meses - divulgação

Condenados

A Justiça de São Paulo condenou em 30/03/2021 seis pessoas acusadas de participação no roubo ao aeroporto internacional de Guarulhos, em julho de 2019, quando foram levados 770 quilos de ouro, além de joias, por criminosos disfarçados de agentes da Polícia Federal.

As penas de cada um variam entre 24 e 43 anos de reclusão, que, somadas, superam 221 anos, conforme sentença do juiz da 6ª Vara Criminal de Guarulhos, Gilberto Azevedo de Moraes Costa. A decisão foi revelada pelo jornalista Josmar Jozino, colunista do UOL.

Entre os seis condenados está Francisco Teotônio da Silva Pasqualini, conhecido como "Velho", que durante as investigações chegou a ser chamado pelos policiais do Deic (combate ao crime organizado) de “Professor”.

O apelido faz alusão ao personagem que lidera um bando de ladrões na série “Casa de Papel”, da Netflix, desenvolvendo o plano e treinando a gangue sem precisar entrar nos locais onde os assaltos acontecem. Pasqualini, que está preso desde janeiro de 2020, foi condenado a 39 anos e sete meses.

Viaturas clonadas da Polícia Federal usadas em roubo de carregamento de ouro no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos - Divulgação
Também foram condenados Célio Dias, Marcelo Ferraz da Silva, Joselito de Souza. A pena do primeiro foi definida em 31 anos e 11 meses de reclusão, e para os outros dois, a condenação chegou a 43 anos e dois meses.

Também está entre os condenados Peterson Patrício, então funcionário do aeroporto de Guarulhos, que ajudou no ingresso dos criminosos ao terminal de carga, onde o carregamento do ouro estava sendo embarcado para deixar o país –como ocorre rotineiramente naquele local, segundo a polícia.

Patrício disse para a polícia que a família havia sido sequestrada e, por isso, foi obrigado a ajudar os criminosos no plano. Após entrar em algumas contradições, acabou confessando aos policiais integrar a quadrilha e que havia enganando até mesmo os familiares sobre tudo.

O ex-funcionário foi condenado a 24 anos de reclusão. Peterson Brasil, amigo de infância de Patrício e quem acabou convencendo-o a participar do plano, foi condenado a 39 anos e sete meses de reclusão.

O roubo de 734 quilos de ouro e pedras preciosas no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), foram avaliados em cerca de R$ 117 milhões
De acordo com a sentença, Marcelo Ferraz e Joselito coordenaram a parte operacional, com aquisições de armamentos e adulterações de veículos. Célio Dias “auxiliou de várias formas, após a subtração das cargas do aeroporto”.

Também foi denunciado como integrante do bando o ourives Marcelo José de Lima, 44, mas, o réu morreu durante processo. A suspeita da polícia que Lima tenha ajudado no escoamento do produto roubado, que não foi recuperado até hoje.​ Policiais afirmam estimar que o patrimônio de Lima supere R$ 2 milhões.

O roubo consumiu R$ 1 milhão dos assaltantes —a polícia estima um total de 14 pessoas envolvidas— e longo planejamento. A ação no aeroporto durou dois minutos e meio e foi captada pelas câmeras de segurança.

Fonte: G1/Folha de São Paulo

5 comentários:

  1. Esse advogado é o famoso "mete o louco ". Achou. Que aqui funciona igual ao Rio de Janeiro, onde os advogados chegam com alvará na porta da Penitenciária e a turma solta o preso.

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  2. Bom dia à todes anônimes, dinossaures e poetes do blogue... 🦋💄💋🦌

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  3. Que bosta, né?

    Quase soltaram o capim...

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    1. O advogado tenta soltar, já o Kardilho "prende" todos esses paus no próprio cool 🤣

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