Entidade diz que gratificação por acúmulo dificulta situação financeira dos MPs e prejudica funcionários. Promotores já responderam com processos administrativos e mandaram servidores 'calarem a boca'.
Felipe Gutierrez
21.out.2025
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| Sede do Ministério Público de São Paulo - MPSP |
Ela agora responde a um processo administrativo por ter deixado "de proceder, na vida pública e privada, de forma a dignificar a função pública".
Esse foi um dos episódios de uma recente desavença por causa dos supersalários entre promotores e demais servidores dos ministérios públicos, que têm ocorrido em diversos estados. Nesses órgãos usa-se a expressão servidores para se referir a oficiais de Justiça, analistas ou técnicos, e não a promotores e procuradores —que, embora formalmente também sejam funcionários públicos, são chamados de membros do Ministério Público.
A Fenamp (Federação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos Estaduais) tem feito atos contra os penduricalhos dos promotores, e os sindicatos estaduais já organizaram passeatas e participam de audiências para questionar os pagamentos aos promotores e procuradores.
Esses analistas e técnicos afirmam que suas próprias demandas são menos contempladas por causa dos penduricalhos pagos aos promotores.
"Identificamos que há uma dificuldade para a tramitação de temas de interesse dos servidores, porque o orçamento está estrangulado pelas verbas indenizatórias e retroativas. Isso interfere na nomeação de servidores, preenchimento de cargos, atendimento à população e na própria expansão dos serviços", afirma Alberto Ledur, presidente da Fenamp.
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| Sede do Ministério Público do Rio de Janeiro - MPRJ |
"Os servidores têm meios de pressão comuns, como tentar convencer deputados a concederem valores (aumentos) porque isso qualifica o serviço público. Eles [promotores] construíram a lógica do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) como se fossem legisladores, com poder de deliberação sobre as concessões de verbas, porque a maioria das decisões é tomada administrativamente e depois chancelada por esse conselho –e esse conselho são eles mesmos."
A Folha procurou o CNMP, que não respondeu à reportagem até a publicação deste texto.
A questão ganhou mais relevância com a licença de gratificação, uma verba indenizatória que remunera os promotores que trabalham com muitos processos.
De acordo com um documento de 2023 do Transparência Brasil, a gratificação por exercício cumulativo começou em 2015, como um bônus concedidos a juízes responsáveis por muitos processos. Até então, era só para os magistrados de varas federais.
Em 2020, passaram a pagar esse adicional também para os juízes de varas estaduais.
Em 2022, foi a vez do CNMP recomendar o pagamento da gratificação. Em janeiro de 2023, veio uma mudança importante: a gratificação por acúmulo de processos (o que é chamado de acervo) passaria a ser dada como uma folga (usa-se a expressão licença).
A cada três dias trabalhados com um acúmulo de processos, o promotor ou procurador ganha um dia.
No entanto, esses profissionais podem não gozar essa folga e receber por ela. Assim, a licença por acervo virou uma verba compensatória (pagamentos que, supostamente, são feitos para compensar um gasto que um servidor teve para conseguir trabalhar e sob os quais não há incidência de Imposto de Renda e cujos valores não são contabilizados para o teto constitucional).
Um servidor do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) afirmou que o pagamento pela licença de acervo aos promotores é motivo de descontentamento entre os colegas dele porque muitas vezes são os analistas e técnicos que têm mais trabalho com a grande quantidade de processos, e não os promotores.
A situação no estado ficou tensa no estado do Rio de Janeiro porque os promotores recebem o retroativo pelo acúmulo de acervo e o procurador-geral (o chefe do MP) revogou um adicional de qualificação que os servidores receberiam, porque o estado está em recuperação financeira.
PGJ ofende dirigentes classistas em sessão do OE/MPRJ
Em julho, o procurador-geral Antonio José Campos Moreira berrou com servidores em uma sessão colegiada do Órgão Especial do MPRJ.
Campos Moreira falava sobre por que tinha revogado a resolução que permitia o pagamento pelo adicional de qualificação aos servidores, argumentando que não poderia criar novas despesas enquanto o estado estiver em recuperação fiscal.
No meio da fala, reclama de críticas públicas feitas por uma pessoa que o teria visitado: "Eu não posso receber uma pessoa, receber bem, a pessoa virar as costas e me bombardear. Eu não recebo mais. Eu só recebo quem tem estatura para dialogar com o procurador-geral. Eu sou o procurador-geral de Justiça. Esse cargo é importante. Não é o Antonio José, é o procurador-geral de Justiça. E quem se dirigir a mim vai se dirigir a mim com respeito. Não vai se dirigir de uma ‘forma moleque’ em vaias no meio da rua".
Incomodado com respostas durante a sessão, ele então grita diversas vezes ao microfone: "Cala a boca".
Instantes depois, relata que, após ter revogado a resolução que aumentava o pagamento aos servidores, recebeu "um audiozinho, uma voz esganiçada (...) declarando guerra".
De lá para cá, os servidores do MPRJ optaram por baixar o tom do conflito.
Fonte: Jornal Folha de São Paulo







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O pançudo também se lascou por falar contra o sistema do Pinóquio e do Sapo. hahahaha, sabe o que eu acho? eu acho é pouco kkkkkk
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