Dois presos fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, na última quarta-feira (14/2)
Maria Eduarda Portela
17/02/2024
Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33 anos, conseguiram fugir da Penitenciária Federal de Mossoró na madrugada da última quarta-feira (14/2). Segundo o Ministério da Justiça, eles utilizaram ferramentas das obras da unidade prisional para escapar do local.
Lewandowski sairá de Brasília às 7h deste domingo acompanhado do diretor-geral em exercício da Polícia Federal (PF), Gustavo Souza. O ministro da Justiça pretende se reunir com os chefes das equipes responsáveis pela recaptura dos fugitivos.
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| Ministro da Justiça determina Intervenção na Penitenciária Federal e nomeia Policial Penal como Interventor, após a fuga de Deibson Cabral Nascimento (esq) e Rogério da Silva Mendonça |
Mais de 300 agentes da PF, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e das forças estaduais estão atuando nas buscas pelos fugitivos. Três helicópteros e drones também foram empregados na recaptura.
A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar, no âmbito criminal, se pessoas, eventualmente, facilitaram a fuga dos dois detentos da penitenciária.
'Eles tinham barras de ferro na cela. Foram entregues a eles', diz corregedor do presídio de Mossoró
Juiz Walter Nunes aponta série de falhas nos procedimentos padrões de segurança que podem ter contribuído para a fuga.
As barras de ferro usadas pelos presos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró para "rasgar" parte da parede por onde eles passaram foram entregues a eles nas celas. A afirmação é do corregedor da penitenciária, juiz Walter Nunes, em entrevista ao g1.
A fuga aconteceu na última Quarta-Feira de Cinzas (14) e é a primeira registrada na história do sistema penitenciário federal desde sua criação, em 2006.
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| Buraco na parede da cela de onde saíram fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró - Foto: Divulgação |
"É preciso explicar como eles tinham, cada um deles, uma barra de ferro. Eles estavam em celas individuais, das quais não saiam sequer para o banho de sol. Então, as varas de ferro foram entregues a eles. Quem entregou? Não sei. As investigações precisam revelar", disse.
Nunes afirmou ainda que sem essas barras de ferro a fuga não teria acontecido. "Não é obra, não é nada. Poderia não ter obra, poderia ter as câmeras de maior tecnologia, mas teria esse fato da barra de ferro".
O corregedor explicou que, mesmo com tecnologia e projeto de arquitetura adequados, o elemento humano é indispensável e levantou uma série de questionamentos sobre falhas nos procedimentos de segurança da unidade.
Um dos apontamento de Nunes versa sobre como os presos fizeram o "rasgo" na parede por onde escaparam sem serem ouvidos. "Eles não fizeram aquilo em horas, eles não podem fazer barulho o dia todo e por mais que eles tenham botado um pano para abafar, ninguém ouviu nada?".
O corregedor explica que a entrega de refeições nas unidades prisionais federais é feita três vezes durante o dia por um policial penal através da portinhola da cela e que seria possível perceber a fissura na parede nestes momentos.
Além disso, o preso que está no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) - caso dos dois fugitivos - toma banho de sol isolado em um solário individual. No momento do banho de sol, segundo o corregedor, deve ser feita uma inspeção na cela.
"Como é que não foi vista essa barra de ferro? Por que ele não tem onde esconder, a cela é toda de alvenaria. É um ambiente de 6 metros quadrados. É fácil de fazer a inspeção. Então, essa inspeção diária foi feita? Porque se fosse feita teria detectado. Por isso que tem o componente humano. Foi de propósito? Ou foi um desleixo?".
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| Camiseta de uniforme de presidiário encontrada durante as buscas pelos fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró - Foto: Divulgação |
Ferramentas
A perícia da Polícia Federal aponta que os dois presos podem ter usado ferramentas do canteiro de obras para cortar o alambrado por onde escaparam.
"Pelo procedimento e pelo que foi dito pela direção, essas ferramentas não ficavam lá, mas neste dia estavam. Para além disso, no local, tinha um alicate apropriado para cortar essas cercas", disse o juiz corregedor.
Após a fuga, o diretor da Penitenciária Federal de Mossoró foi afastado e um interventor foi nomeado.
Os fugitivos são Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, eles respondem por crimes como homicídio, roubo, latrocínio, tráfico de drogas e organização criminosa.
Ambos são ligados ao Comando Vermelho, facção de Fernandinho Beira-Mar, que também está preso na unidade federal de Mossoró.
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| Buscas nas proximidades da penitenciária federal de Mossoró - Foto: Isaías Fernandes/TCM/Cedida |
Obras
Pelo menos três obras estão em andamento na penitenciária: a reforma da área do banho de sol, a reforma no alojamento dos policiais penais, e a reforma de uma área aberta na entrada do presídio, que está sendo fechada para climatização.
Apesar de confirmar que as obras estavam em andamento, Nunes, não especificou valores e nem a duração dos contratos das obras.
O corregedor explicou que o pátio do banho de sol era muito grande e que o número de presos por banho de sol é limitado. "A reforma é para dividir a área em duas para fazer banho de sol no mesmo momento", afirmou.
Já o alojamento dos policiais penais está passando por uma obra de ampliação e de melhorias para oferecer mais conforto aos agentes.
A terceira obra acontece em uma área aberta que fica na entrada do presídio. Por causa do calor, esse local será fechado para instalação de ar-condicionado.
"Nas nossas casas a gente não tem que fazer reparos? Imagina em um presídio que está funcionando desde 2009, vai ter obra sempre que precisar", disse o corregedor.
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| Policiais penais do Ceará compõem operação que conta com 300 homens para localizar os presos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró-RN - Imagem: Divulgação/SAP |
Dinâmica da fuga
A fuga na madrugada da última quarta-feira foi a primeira registrada na história do sistema penitenciário federal, criado em 2006.
Os criminosos escaparam da mesma maneira, fazendo um buraco na luminária da parede. Como fugiram juntos, a suspeita é de que:
os dois possuíam ferramentas que foram usadas para fazer os buracos
os dois conseguiram manter contato para que a fuga ocorresse de maneira coordenada, ao mesmo tempo
Fonte: G1























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